Um livro pra lá de interessante....
Um aula interdisciplinar recheiada de gostosuras
Os poemas de Jonas Ribeiro transbordam alegria e paixão.
No caso do livro Poesias de dar água na boca, essa paixão é pelos sabores que colorem nossa mesa, no café-da-manhã, no almoço e no jantar.
Sem esquecer, é claro, a sobremesa:
“...no miolinho de toda flor mineira
existe uma compoteira com doce-de-leite
e um baita pedaço de queijo.”
Os poemas deste livro vão deliciar as crianças, sobretudo as menores, que estão descobrindo não apenas nossas frutas, nossos pratos, nosso doces, mas também descobrindo a sonoridade das palavras, as rimas e aliterações.
Jonas brinca muito com as repetições e o acúmulo, revelando divertidas coincidências e curiosidades nos nomes de tudo que a gente come:
“Onde está a fruta-do-conde?
A condessa passou pro bico.
E onde está a condessa?
Fugiu do conde rico
para o pico de um monte.”
Outro efeito interessante dos poemas é criar misturas e imagens inusitadas, que às vezes seguem a lógica não da culinária, mas dos próprios sons.
As ilustrações de André Neves, que na época estava iniciando sua carreira de ilustrador, ainda não trazem uma de suas principais marcas registradas: os olhinhos apertados (quase dois traços horizontais) saltando do rosto de seus personagens. Mas já encontramos no livro outros elementos que iriam marcar o estilo desse fenômeno da ilustração brasileira: o jogo de cores, o uso criativo das estampas.
Nesse aspecto, o tema do livro ajuda muito, pois há poucas coisas tão bonitas e coloridas como uma farta mesa abrindo nosso apetite para os sabores, os aromas e, por que não, para os versos.
A poesia é uma ótima forma de aproximar os alunos da leitura: tem ritmo, rima, sonoridade e frases curtas. O humor e as ideias inusitadas de Poesias de dar água na boca também estimulam a criatividade do leitor.
Além disso, falar sobre alimentação e seu preparo chama a atenção sobre o tema e desperta a curiosidade e a preocupação sobre hábitos saudáveis.
Na Vila Comilança
todo dia tem festança
E Dona fulaninha
nem entrou para a cozinha
porque não tinha ninguém.
Só três fantasmas do além,
que descobriram com o beijo
um baita pedaço de queijo e...
Bom, a gostosura é tanta
que, depois de folhear, ou melhor, deliciar-se com este livro
de gostinho de salada de fruta,
você correrá direto para a
escola com água na boca
Sugestões de atividades
O livro é uma boa oportunidade para a criança perceber de onde vêm os alimentos, como são preparados e refletir sobre seus próprios hábitos alimentares.
• Converse com seus alunos sobre sua alimentação e seus hábitos: qual seu prato predileto, qual comida detestam, o que costumam comer no café da manhã, almoço, lanche e jantar, se compram lanche na cantina
da escola etc. Combinem que no dia seguinte farão um piquenique, e cada um deve levar um prato de que
gosta para compartilhar com os colegas.
Depois, pergunte aos alunos se eles são curiosos e se já passaram por situações de perigo por causa dessa curiosidade.
Deixe que contem suas experiências ou a de seus irmãos.
Alerte-os sobre o perigo de se mexer no armário de remédios, por exemplo, ou de se chegar perto do fogão enquanto a comida está sendo feita. Explique que a curiosidade de descobrir coisas novas é importante e saudável, mas é preciso ter cuidado e obedecer aos pais para não se colocar em situações de risco.
• Leve seus alunos para um lugar diferente: um parque ou um cantinho agradável do pátio. Estenda uma grande toalha e comece o piquenique.
Deixe que cada um fale o que trouxe e por que gosta daquele prato.
Pergunte a seus alunos se eles já estão
com “água na boca” ao verem tantas delícias.
Leia o índice do livro (em forma de “cardápio”) e pergunte qual “prato” (poesia) eles vão querer.
Leia e volte ao cardápio, oferecendo um novo “prato.
• Em “Coração guloso” e “Comidinha caseira” (páginas 12 e 13), perceba o contraponto entre as poesias: João pensa que quer comida, mas na verdade está só querendo carinho. A outra poesia fala de comida gostosa, mas que nos faz engordar... então, o melhor é comer a comidinha caseira, bem mais saudável e feita com amor...
• Em “Beleza na mesa” e “Sem tempero não dá pé”, observe que ambos os textos tratam do mesmo assunto: aquele toque especial que uma pessoa pode dar na comida...
Como ler as ilustrações
As ilustrações também brincam com o tema “comida” e nos remetem a novas ideias.
• Veja, nas páginas 2 e 3, o cenário de das ilustrações: observe a toalha de renda, a louça e o vaso decorado. Leia a dedicatória e converse com seus alunos o porquê desse ambiente com xícara, bule e flores (xícara e bule: provavelmente o ilustrador quis passar a ideia de a xícara estar servida de cappuccino. Flores: pelo sobrenome “Flores”, da pessoa a quem o autor dedica a obra).
• Veja na página 4 que o garçom está segurando um livro que tem a ilustração desse mesmo garçom segurando um livro, por meio daquele recurso que chamamos de metalinguagem (o ilustrador usou a própria ilustração para falar dela própria). Explique às crianças que essa brincadeira do ilustrador serve para capturar a atenção do leitor de um jeito divertido.
• Nas páginas 6 e 7, ajude seus alunos a relacionarem quem é quem na poesia pelo prato que estão segurando. Mostre que a Arlete, por exemplo, tem ovos nas mãos, no cabelo e desenhados no vestido.
• Nas páginas 8 e 9, temos duas poesias e um só ambiente. Note que a cozinha da Dona Fulana é tão “assombrosa” que combina com os convidados fantasmas. Observe Seu Sicrano e Beltraninho comendo em uma cantina italiana. Veja que a toalha e as colunas são da cor da bandeira da Itália. Perceba também que as lajotas do chão se parecem com teias de aranha, como diz na poesia.
• Na ilustração das páginas 12 e 13, repare como há coraçõezinhos por toda parte: no chapéu do João, em sua bermuda e em suas meias, relacionando comida com afeto.
• Observe na página 18 como as pernas de José parecem compridas, como os palitinhos para se comer comida japonesa (hashi).
• Nas páginas 20 e 21, as crianças descem por um tobogã sobre forminhas de doces. Elas trazem na cabeça o chapéu do mestre-cuca, como se fossem alunos-cozinheiros na escola.
• Nas páginas 22 e 23, as montanhas são frutas-do-conde, e a roupa do visconde é toda da cor de amora e carambola, de acordo com a descrição do texto.
• Em “Dona Fulana preguiçosa”, “Comercial japonês” e “Sugestão para a semana”, vemos vários pratos da culinária italiana, japonesa e baiana. Cada país, cada região tem suas características, tanto nos pratos quanto no modo de se alimentar. Promova uma pesquisa sobre a influência de outras culturas na nossa culinária: pizza, macarrão, polenta (italiana); esfirra, quibe, iogurte (árabe) etc. Se possível, leve algumas dessas comidas para seus alunos provarem.
• Explique as expressões idiomáticas contidas no livro:
água na boca – ter vontade de alguma coisa;
sede de camelo – muita sede;
fome de leão – muita fome;
beleza na mesa (originária da expressão “beleza não põe a mesa”) – reparar na aparência;
não dá pé – não é certo, não é bom, não funciona;
os professores são uns doces – os professores são atenciosos e gentis.
• Pergunte aos alunos se eles conhecem outras expressões idiomáticas e estimule-os a contá-las para os colegas.
Depois de tanta poesia e de tanta comida, seus alunos devem estar estimulados a experimentar e a conhecer novos alimentos. Aproveite para ampliar a cultura culinária deles.
• Vocês podem visitar um supermercado: mostre a seus alunos como os diversos alimentos estão divididos por setores: matinais, enlatados, açougue, congelados etc. Aproveite para ensiná-los a verificar a data de validade dos alimentos, a observar o bom estado do produto e a preferirem alimentos caseiros a industrializados. Converse com eles também sobre o uso das sacolas plásticas e a poluição do meio ambiente.
• Uma visita à feira ou ao hortifrúti é uma alternativa: peça a eles para observarem a variedade dos legumes e frutas. Provavelmente, haverá alimentos que seus alunos não conhecem. Providencie uma tabela com as
épocas de colheita de cada alimento.
Que tal fazerem uma horta? Se não houver um canteiro disponível na escola, é possível fazer a horta em vasos ou até em garrafa PET: preparem a terra, plantem as sementes, verifiquem se a iluminação está adequada e reguem todo dia!
• É possível também plantar diversos tipos de tempero (veja alguns em “Sem tempero não dá pé” – p. 17). É uma boa oportunidade para os alunos experimentarem também temperos diferentes.
• Convidar uma nutricionista para conversar com as crianças pode ser bastante enriquecedor.
Ela poderá esclarecer as dúvidas dos seus alunos sobre como se alimentar bem para crescer saudável.Agora é hora de colocar "as mãos na massa": cozinhar pode ser uma brincadeira muito prazerosa e criativa, além de estimular a atenção, a responsabilidade, o trabalho em grupo e a autonomia. Os sentidos serão provocados pela textura e temperatura dos diversos alimentos, além dos cheiros, das cores e dos sabores diferentes.
Explique a eles a importância da higiene: lavar as mãos antes de preparar a comida e prender os cabelos é fundamental.
Um avental pode também ajudar a proteger suas roupas e as comidas.
Eles podem preparar biscoitos, bolos, sanduíches, vitaminas de frutas... e que tal substituir o refrigerante
por um delicioso suco de frutas frescas? Explique que, na cozinha, segurança é fundamental: eles vão precisar da ajuda de um adulto para manusear facas, batedeira, liquidificador e também no fogão. Você pode aproveitar e introduzir conceitos matemáticos como fração, unidades de medida (tempo, peso, volume) durante o preparo.
• A consciência ecológica é importante: converse com seus alunos sobre o aproveitamento dos alimentos, a
reciclagem das embalagens e o descarte adequado do lixo produzido.
Depois que o prato estiver pronto, providencie um lugar adequado para as crianças comerem (mesa, cadeira, toalha).
Oriente seus alunos que são bons hábitos à mesa não falar de boca cheia e usar corretamente os talheres.
Os alunos podem também levar os biscoitinhos que eles próprios fizeram para casa, em saquinhos.
É uma forma de promover a integração da família, com as crianças e a escola.
• As melhores receitas podem ir para o “Livro de Receitas” da turma, com ilustrações feitas por eles. Assim, seus alunos poderão prepará-las em casa também.
• Leve seus alunos para um lugar diferente: um parque ou um cantinho agradável do pátio.
Estenda uma grande toalha e comece o piquenique.
Deixe que cada um fale o que trouxe e por que gosta daquele prato.
Pergunte a seus alunos se eles já estão com “água na boca” ao verem tantas delícias. http://www.mundomirim.com.br/produto/1129-poesiasdedaraguanaboca
Livro: Histórias para dar água na boca
Unindo divertidas crônicas de sua infância a histórias de antiga sabedoria e a receitas saborosas, Rosane Pamplona junta o sabor com o saber.
São histórias de sua vida e outras, recontadas da tradição oral: mitos, lendas, anedotas, contos populares, do Brasil e do mundo.
As receitas também são variadas: docinhos, bolos e sobremesas, mas também saladas, sopas, pratos com muitos legumes e frutas.
São histórias de sua vida e outras, recontadas da tradição oral: mitos, lendas, anedotas, contos populares, do Brasil e do mundo.
As receitas também são variadas: docinhos, bolos e sobremesas, mas também saladas, sopas, pratos com muitos legumes e frutas.
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