domingo, junho 30, 2013

A nuvem e a duna > Estímulos visuais literários > 30/06/13

"Sacrificar-se por amor é uma arte milenar.
Em nome do amor, o mundo passou
e passa por grandes transformações."



A NUVEM E A DUNA
Conto tradicional espanhol adaptado por Paulo Coelho

Uma jovem nuvem nasceu no meio de uma grande tempestade no Mar Mediterrâneo.
Mas sequer teve tempo de crescer ali; um vento forte empurrou todas as nuvens em direção à África.
Assim que chegaram ao continente, o clima mudou: um sol generoso brilhava no céu, e embaixo se estendia a areia dourada do deserto de Saara.
O vento continuou empurrando as nuvens em direção às florestas do sul, já que no deserto quase não chove.
Entretanto, assim como acontece com os jovens humanos, também acontece com as jovens nuvens: ela resolveu desgarrar-se dos seus pais e amigos mais velhos, para conhecer o mundo.
- O que você está fazendo? - reclamou o vento.
 - O deserto é todo igual! Volte para a formação, e vamos até o centro da África, onde existem montanhas e árvores deslumbrantes!
Mas a jovem nuvem, rebelde por natureza, não obedeceu; pouco a pouco, foi baixando de altitude, até conseguir planar em uma brisa suave, generosa, perto das areias douradas.
 Depois de muito passear, reparou que uma das dunas estava sorrindo para ela.
Viu que ela também era jovem, recém-formada pelo vento que acabara de passar.
Na mesma hora, apaixonou-se por sua cabeleira dourada
.- Bom dia - disse. - Como é viver aí embaixo?
- Tenho a companhia das outras dunas, do sol, do vento, e das caravanas que de vez em quando passam por aqui. Às vezes faz muito calor, mas dá para aguentar. E como é viver aí em cima?
- Também existe o vento e o sol, mas a vantagem é que posso passear pelo céu, e conhecer muita coisa.- Para mim a vida é curta - disse a duna.
- Quando o vento retornar das florestas irei desaparecer.
- E isso a entristece?
- Me dá a impressão que não sirvo para nada.
- Eu também sinto o mesmo. Assim que um novo vento passar, irei para o sul e me transformarei em chuva; entretanto, esse é meu destino.
A duna hesitou um pouco, mas terminou dizendo:
- Sabe que, aqui no deserto, nós chamamos a chuva de Paraíso?
- Eu não sabia que podia me transformar em algo tão importante - disse a nuvem, orgulhosa.
- Já escutei várias lendas contadas por velhas dunas.
Elas dizem que, após a chuva, nós ficamos cobertas de ervas e de flores. Mas eu nunca saberei o que é isso, porque no deserto chove muito raramente.
Foi a vez de a nuvem ficar hesitante. Mas logo em seguida, tornou a abrir seu largo sorriso:
- Se você quiser, eu posso lhe cobrir de chuva. Embora tenha acabado de chegar, estou apaixonada por você, e gostaria de ficar aqui para sempre.
- Quando a vi pela primeira vez no céu, também me enamorei - disse a duna.
 - mas se você transformar sua linda cabeleira branca em chuva terminará morrendo.
- O amor nunca morre - disse a nuvem. - Ele se transforma; e eu quero mostrar-lhe o Paraíso.
E começou a acariciar a duna com pequenas gotas; assim permaneceram juntas por muito tempo, até que um arco-íris apareceu.
No dia seguinte, a pequena duna estava coberta de flores.
Outras nuvens que passavam em direção à África achavam que ali estava parte da floresta que andavam buscando, e despejavam mais chuva.
 Vinte anos depois, a duna havia se transformado num oásis, que refrescava os viajantes com a sombra de suas árvores.
Tudo porque, um dia, uma nuvem apaixonada não tivera medo de dar sua vida por causa do amor.



 
 
 









Neste livro a artista desafia e incita o leitor a interagir com sua arte, reescrevendo essa linda história de amor, que mostra que o belo não se encontra apenas no bom traço do artista, ele está presente nas várias linguagens de tradução da arte.
Baseado em um conto espanhol adaptado pelo escritor Paulo Coelho, Christina Oiticica mergulhou em seu tema preferido, “o amor” e em A nuvem e a duna a artista conseguiu retratar com muita sensibilidade, por meio de seus pincéis e tintas, sem texto verbal, como o afeto pode mudar o curso das coisas.
Totalmente envolvida com a natureza, a artista fundamenta sua arte nos seguintes pilares: o amor, o belo, o desenho e a natureza, o que vem atraindo um grande número de admiradores de todas as idades pelo seu trabalho.

Assunto: as diferenças que se complementam e o potencial fecundo do amor e da amizade.
Interdisciplinaridade: Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade, Artes Visuais, Matemática, Língua Portuguesa e Literatura, Geografia e Ciências da Natureza.
Transversalidade: Meio ambiente, educação sexual, pluralidade cultural, ética, cidadania.
Propostas: criar textos poéticos com ilustração, recorte e colagem; fazer exposição.
Indicações:
- Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental




 
Texto by krika  
O livro é maravilhoso e sem palavras estou! ( não possue texto mesmo! )
Através de imagens lindas a artísta pinta e transborda cores.
Mais uma obra literária recheada de possibilidades pedagógicas, a começar pelas artes, viajando por produções textuais, enfatizando valores e sentimentos imaculados como o amor a primeira vista de uma nuvem e uma duna...
Pode-se aproveitar para um aprofundamento nos estudos sobre deserto e chuva.
Como são formadas as nuvens, que são dunas?
Ou fazer leituras informativas.





Conhecer as dunas: Uma paisagem de areia
A origem das nuvens

Um comentário:

  1. Boa tarde querida Krika...Vc realmente captou a mensagem que a artista plástica quis nos mostrar.A principio eu achava que seria muito difícil as crianças perceberem através de sua arte, a história que nela encerrava.Mas, aos poucos notei que releituras foram feitas e que o contexto em si...permaneceu.Mais uma grande postagem...Adorei.bjs Neusinha

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