Então, uma formiga resolve levá-la ao castelo do Rei Maluco para curá-la desta grave doença e, quem sabe, ver um estafilágrio.
Fernanda Lopes de Almeida
No reino desta história, as pessoas fazem o que dá na telha: o padeiro não fabrica pão há anos porque prefere pintar quadros, uma moça passa a vida ao lado de um poço esperando se encontrar no que sai lá de dentro, uma velhinha vigia a Torre do Sono para que ninguém se atreva a dormir... e todos procuram um estafilágrio, coisa que ninguém sabe o que é.
Mais malucos ainda são o rei e a rainha: é ele quem serve o povo (até engraxa os sapatos do engraxate!) e só será coroado depois de ter servido bastante, e é ela quem dá aula quando a professora falta.
Todo mundo ali fala o que tem vontade e acha muito sábios os provérbios do avô do rei, coisas aparentemente sem pé nem cabeça como "quem nunca se afoga muito se arroga" e "uma cauda sem tropeço ou é falsa ou é de gesso".
É nesse lugar que a menina Heloísa vai parar um dia, guiada por uma formiga falante e questionadora.
Levando na bagagem todas as referências do seu próprio mundo, Heloísa chega achando tudo aquilo muito errado.
Os habitantes malucos do reino, por sua vez, acreditam que é Heloísa quem tem problemas - para eles, ela sofre de "dicionário", mal que acomete quem se prende demais ao uso literal e utilitário das palavras.
Em meio a diálogos sensacionais e situações muito inusitadas, Heloísa vai, aos poucos, descobrindo que cada um tem o seu jeito de ser e que há mais de uma maneira de ver as coisas.
Enquanto acompanham as aventuras da menina, os leitores compartilham as suas descobertas e, assim como ela, assimilam sem perceber valores essenciais:
o questionamento do senso-comum e a autoconfiança.
Este livro pode ser lido de duas maneiras.
Uma delas, a mais simples, é lê-lo como uma história divertida,cheia de lances engraçados e absurdos.
A outra é procurar os seus sentidos ocultos, o chamado “segundo discurso”.
O professor encontra, a seguir,um detalhamento de personagens e situações, para auxiliá-lo nessa segunda forma de leitura (que não é absolutamente obrigatória, pois ler para divertir-se é também uma boa opção).
Uma obra questionadora no meio das maluquices....Sempre ocupado no desempenho de mil tarefas, o Rei, que não usa coroa, explica a Heloísa que só será coroado no dia em que provar que sabe, realmente, prestar serviços ao povo. Mas isso, longe de incomodá-lo, parece deixá-lo muito satisfeito.
Uma boa investigação política ,não acham colegas?
Prestação de serviços é questão de cidadania.... Valores.....
Mesmo tratando-se de um "monarca" este rei seria um exemplo....
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