Anna Flora
Toda rua tem um grupo de amigos, mas às vezes há também aquele que é discriminado. Uma garota lembra como ficou amiga do menino que era visto como diferente demais para fazer parte da turma.
A história e interpretação
Cheguei no campinho.
Alguns não disseram nada, outros tentaram me impedir.
— Menina não entra!
— Não entra pra competir! — disse olhando firme.
— Mas pra assistir ninguém me falou nada.
Eles pareciam meio sem saber o que fazer e resolveram me deixar ficar.
Eu prestava muita atenção
no jeito do Zé Miguel jogar: ele era canhoto e tinha uma esquerda incrível! O estilingue ficava
meio torto, parecia que não ia acertar, mas a mamona voava... ziiiimmmm!! Batia em cheio no alvo.
— Ele é bom pra burro!! Comentei baixinho.
As regras eram assim: os dois concorrentes ficavam atirando durante meia hora. Quem acertasse
mais, vencia. Faltava só dez minutos pra acabar a partida final e o Zé Miguel estava invicto, com cinco
alvos na frente do Luiz Guilherme.
É claro que ele venceu.
Atravessei o campinho, cumprimentei Zé Miguel e falei:
— Você quer competir comigo?
— Com você? — e ele deu uma gargalhada.
— Era só o que me faltava! Você é menina!
— Menina não pode participar, mas o campeonato já acabou e eu estou propondo um desafio
entre nós dois. Ele me olhou de alto a baixo com cara de deboche:
— Eu estou meio cansado, mas mesmo assim eu topo. Dê dez minutos de descanso.
Ficou um
disse-que-disse imenso:
— Mas como ela é cara de pau!
— Tô pagando pra ver...
— Ela ganhou o ano passado, mas daquela vez o Zé estava viajando.
Passou um tempinho. Fomos os dois, para o meio de campo. A turma fez um semicírculo.
Todos
na maior expectativa.
— As regras são as mesmas: par ou ímpar para ver quem começa.
Par!
— Ímpar! — falou Zé Miguel.
Ele começou. A mamona voou feito uma flecha no lugar exato.
Fiz minha mira, mas estava tão nervosa que errei. Nos quinze primeiros minutos ele já estava três
pontos na minha frente.
Eu ouvia os comentários:
— Ela vai se dar mal... bem que eu disse...
— Bem feito! Quem manda enfrentar o mais forte!
Foi aí que me deu um estalo: para que eu estava preocupada em vencer?
— E falando pra mim
mesma — o que eu quero é continuar na turma, não é ganhar do Zé Miguel!
Por incrível que pareça ao perceber isso, fui ficando calma, relaxei o braço, dei uma esticada boa
no estilingue e... Tooooiiimmmm!!!!
Acertei em cheio.
Depois de cinco minutos eu já estava empatada.
Mais um pouco eu vencia de cinco a três. Todo
mundo estava mudo.
Quando faltava só um pouquinho pra acabar, eu já estava com sete na frente, cheguei pro Zé
Miguel e falei:
— Não quero mais!
Depois desse dia, nenhum menino mais teve coragem de me dizer: “isso não é coisa pra mulher!”.
A respeito do texto que você acabou de ler, pode-se dizer que se trata de
(A) uma biografia.
(C) um conto.
(B) uma lenda.
(D) uma notícia.
De acordo com a história, complete as lacunas.
A história se passa em um ... e quem narra é ...
Marque a alternativa que mostra qual era a intenção da menina ao propor o desafio.
(A) Exibir-se para as outras meninas.
(B) Continuar na turma do Zé Miguel.
(C) Brigar com a turma.
(D) Fazer uma competição.
Os meninos da turma implantaram uma regra: menina não entra mais na brincadeira dos meninos.
Esta é uma regra preconceituosa? Por quê?
Quem é o narrador da história? Como você descobriu?
Fonte:Caderno de atividades PNAIC
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Moradia/Sugestões
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