sexta-feira, janeiro 31, 2020

Tenho inveja>Diogo e Diego discutem>Hora da história>Compartilhar>31/01/2020




Tenho inveja
Quando estou com inveja sinto-me como… um monstro de olhos verdes todo torcido lá por dentro… Um cão que tem inveja do gato que está ao colo do dono.
Quando estou com inveja… fico amuada no meu quarto, não falo com ninguém. Faço um desenho e depois rabisco-o todo por cima.
Há muitas coisas que me fazem inveja.
Quando a minha irmã pequenina está a aprender a andar e a Mãe e o Pai parece que não reparam em mim… eu fico com inveja.
Quando o meu vizinho do lado recebe uma bicicleta nova… eu fico com inveja.
Mas a minha bicicleta anda bem depressa, mesmo sem ser nova!
Quando o meu irmão e eu jogamos jogos, ele ganha sempre e eu fico com inveja.
Quando a minha melhor amiga vai lanchar a casa de alguém, eu fico com inveja e digo que nunca mais brinco com ela. Mas depois telefono-lhe e peço desculpa, porque sei que todos temos amigos.
Quando a minha irmã faz anos e recebe montes de prendas, todas para ela… eu fico com inveja. Mas depois penso que daqui a um mês e vinte e cinco dias as prendas são todas para mim!
Quando a minha professora escolhe outro menino para dar de comer aos peixes, eu fico com inveja. Mas depois ela escolhe-me para distribuir os livros novos, e eu ainda gosto mais de fazer isso!
Quando o meu irmão mais velho vai para casa dos avós… eu fico com inveja. Mas a Mãe disse que a minha amiga Sofia pode dormir cá em casa, e eu sei que vamos divertir-nos imenso.
Quando fico com inveja, sinto-me melhor se me lembrar de todas as coisas boas que tenho.
Sinto-me melhor se conseguir alegrar-me com os meus amigos pelas coisas que eles têm.
Sinto-me melhor se o Avô falar comigo. Ele parece que sabe mesmo o que eu sinto.
Sinto-me melhor se pensar numa coisa mesmo boa que me vai acontecer daqui a pouco tempo.
Mas às vezes eu faço coisas que levam os outros meninos a ficarem com inveja…
Se eu me gabar de ter muitos brinquedos… ou de ser a melhor de todos na natação.
Por isso, da próxima vez que tiveres inveja, lembra-te de que às vezes os outros meninos podem ter inveja de ti.
Alegra-te com as coisas que tens e deita essa inveja para o caixote do lixo!
Brian Moses

Diogo e Diego discutem
Os esquilos Diogo e Diego moravam perto um do outro. Eram como irmãos gémeos, embora Diogo tivesse uma cauda totalmente ruiva e a cauda de Diego tivesse alguns pelos brancos. Diogo tinha construído a sua casa no buraco de uma nogueira e Diego tinha escolhido uma aveleira. Cada um tinha decorado o ninho a seu gosto e gostavam ambos muito de cozinhar. Um dia, Diego levou um frasco de compota de avelãs a Diogo e este ofereceu-lhe licor de noz. Foi um comportamento gentil, não foi? 
E, contudo, nenhum deles pensou nisso. Enquanto provava a compota, Diogo ia pensando: “Estas compotas de avelã têm um sabor delicioso de madeira recém-cortada, de manteiga e de trigo.” E a inveja apoderou-se dele. Enquanto sorvia o seu licor de noz, Diego resmungava: “Realmente, há quem tenha tudo. Este licor de noz é verdadeiramente suculento! Quando penso que o Diogo pode bebê-lo todas as noites.” E o seu coração encheu-se de amargura.
A partir desse dia, cada um olhava o outro com inveja. Quando Diego pensava no ninho soberbo de Diogo, com uma cobertura mole de penas de avestruz, tinha vontade de amuar até ao raiar do sol. Quando Diogo pensava na cama de rede que Diego tinha fabricado, tinha vontade de lhe morder o nariz até fazer sangue.
Um dia, Diego cheirou um odor delicioso de Pinhão nº 5.
— Cheira tão bem em tua casa — disse, sem conseguir esconder o descontentamento.
— Foi uma prenda da minha tia — respondeu Diogo, que semicerrou os olhos para ver melhor o boné de Diego, feito de plumas de avestruz cosidas à mão. “Trá-lo de propósito para me fazer inveja”, pensou logo Diogo.
— Que boné! — exclamou, fazendo uma careta.
— Oh, é uma coisinha de nada — respondeu Diego, que era muito vaidoso. — Trata-se de uma prenda da minha tia costureira.
Nessa mesma noite, Diego pensou no guarda-comida de Diogo e Diogo pensou no guarda-roupa de Diego. Quanto mais o tempo passava, mais eles pensavam no que não tinham: uma coleção de conchas de noz, um bocado de vaso encontrado num campo, uma espiga de milho para decorar a casa… A menor quinquilharia punha-os verdes de inveja. Tudo o que um deles tinha, o outro também queria ter. Chegavam a brigar duramente para arrancar das mãos do outro uma casca de noz ou um pedacinho de castanha.
Um dia, quando Diego encontrou um trevo de quatro folhas, Diogo pôs-se a choramingar: o trevo era seu, fazia parte do seu território. E quando Diogo apanhou um ramo de papoilas, Diego bateu à porta do amigo para lhe pedir metade do ramo. Diego teve ciúmes do aniversário de Diogo e Diogo teve ciúmes da tosse convulsa de Diego. Diogo teve ciúmes da varicela de Diego e Diego teve ciúmes da constipação de Diogo.
Os ciúmes e a inveja davam-lhes dores de barriga. “Alguém me quer mal”, pensava Diego, “a floresta já não gosta tanto de mim, já não me dá tantas coisas como outrora”.
Acabaram por fazer tanta algazarra que todos os vizinhos do bosque (as rolas, as andorinhas, as pombas e os ratos) se reuniram para trocar impressões.
— Não estamos para aturar as vossas disputas!
— Falem mais baixo
— Já ninguém se entende!
Toda esta barulheira acabou por chegar aos ouvidos da Grande Coruja, que se deslocou pessoalmente para avaliar a disputa.
Ouviu então as queixas dos dois esquilos.
— O ninho dele é mais macio do que o meu!
— O dele é maior do que o meu!
— Até teve a varicela!
— E ele teve a tosse convulsa!
— Pois, mas a varicela é melhor do que a tosse convulsa! Faz comichão, mas não dói tanto!
A Grande Coruja ria-se por detrás dos seus óculos.
— Daqui a pouco quem tem ciúmes de vocês sou eu. Vocês têm tantas coisas. E, no entanto, não estão contentes. Isso é pena!
A Grande Coruja continuou, olhando-os através dos seus óculos enormes:
— Se eu fosse Diego, gostaria de ser Diego. E se fosse Diogo, gostaria de ser Diogo. Se fosse a ti, Diego, teria orgulho em ter um amigo como o Diogo. E tu, Diogo, devias estar contente por teres um amigo que faz compota de avelãs tão bem! Vou ensinar-vos como uma pessoa aprende a gostar ainda mais de outra. Diego, tu vais dar compota de avelãs ao Diogo e vais fazer para ele um boné de plumas. Quanto a ti, Diogo, vais fazer licor de noz para o Diego e algumas almofadas para ele decorar o seu pequeno ninho. Sugiro ainda que, de vez em quando, troquem de casa. Terão assim a impressão de ir de férias.
E foi o que aconteceu. Diego fez um boné de plumas soberbo para o seu amigo Diogo usar no Inverno e Diogo fez pequenas almofadas cheias de lasquinhas de avelã trituradas para Diego. De vez em quando, durante o fim-de-semana, trocavam de casa, só para sentirem como as suas próprias casas eram confortáveis. Diogo e Diego tornaram-se os melhores amigos do mundo.
Sem saber como, pode ter exacerbado, ou exacerbar, a inveja entre os seus filhos. Evite fazer deles uns clones. Não os vista de igual e realce as diferenças entre eles, já que é nas semelhanças que a inveja se cristaliza. Se acha que são ambos excelentes na natação ou na pintura, cada um deles tentará sempre exceder o desempenho do outro. Mas se sublinhar que o Tiago é excelente em xadrez e que a Ágata é ótima em música, não os situará no mesmo plano, antes ajudará a confirmar a individualidade de cada um deles.
Evite falar deles no plural: “Vocês são insuportáveis!”, “São sempre os mesmos!”. Prefira “Benjamim, tu que és muito forte, vem ajudar-me.” Privilegie os momentos que passa com cada um. À noite, não hesite em dizer-lhes, separadamente, o quão gosta deles.
Mas não tente estar sempre a compensá-los. Se o mais velho fizer anos, o mais novo tem de perceber que não vai ter prenda, porque a sua prenda é-lhe dada no seu aniversário.
Seja discreto. Não tente ser sempre o centro dos seus jogos e atenções. Deixe-os viver a vida como irmão e irmã. Isso ajudá-los-á a entenderem-se melhor.
Os dois amigos que são como irmãos têm cada um a impressão de ser menos mimado. Diga ao seu filho que o coração das mães é elástico e que consegue dar a mesma quantidade de amor a uma, duas, três, dez ou doze crianças.
A Grande Coruja propõe uma solução: oferecer-se coisas diferentes, ajudar-se mutuamente, tirar partido daquilo que o outro faz. Quando se é irmão ou irmã, ou irmãos, o melhor a fazer é emprestar coisas mutuamente, ajudar-se e amar-se. Pergunte-lhe se não acha que, quando estamos em guerra, perdemos sempre.Fonte 

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