segunda-feira, fevereiro 03, 2020

O pintinho Sura>O reformador do mundo>Hora da história>03/02/2020


O pintinho sura


Um pintinho anda triste pelo galinheiro. Ele é diferente dos outros pintinhos que vivem ali, porque não tem rabo. Por isso, sofre a perseguição de um frangote carijó. Cansado dessa vidinha sofrida, ele decide levar uma carta ao rei, encontrando pelo caminho uma raposa, um rio e um espinheiro.


Essa história foi tirada de Histórias de Tia Nastácia, livro no qual Monteiro Lobato reconta alguns dos Contos populares do Brasil, de Sílvio Romero. O pintinho sura nasceu do conto popular 
“O pinto pelado”, recolhido por Sílvio Romero em Sergipe, seu estado natal.  
Algumas páginas, muito lindas as ilustrações.

O pinto Sura

O reformador do mundo
Monteiro Lobato

Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia asneira.
— Asneira, Américo?
— Pois então?... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas, e lá adiante vejo uma colossal abóbora, presa ao caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabeiras para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira.
Não tenho razão?
Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo. Mas o melhor, concluiu, é não pensar nisto e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha?
E Pisca-Pisca, piscando que não acabava mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira.
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com um mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos.
Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o nariz.
Américo desperta de um pulo. Pisca-Pisca medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão mal feito assim. E segue para a casa refletindo:
— Que coisa!... Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria sido eu? Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora por mim posta no lugar da jabuticaba? Hum!
Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bem.
E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida à fora mas já sem a cisma de corrigir a natureza.

Monteiro Lobato (opus citatum) ESPINHEIRA, Ariosto. Infância Brasileira para a Quarta série primária 187. ed. S. Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964
Informando:
Meu Primeiro Lobato é uma coleção publicada pela editora FTD em 2019 contendo fragmentos (trechos) selecionados da obra de Monteiro Lobato, principalmente de sua literatura infantojuvenil. O intuito de escolher trechos das obras e publicá-las em livros curtos (32 páginas) e inteiramente ilustrados é alcançar as crianças pequenas, a partir de 3 anos, que estão iniciando o processo de alfabetização ou cuja leitura são realizadas pelos pais, e assim apresentá-las ao universo lobatiano num formato mais condizente com sua faixa etária. Outras editoras publicaram coleções semelhantes, como: Rocambole: Aventura de Viver (Editora Brasiliense) e Pirlimpimpim (Editora Globinho).

Esta coleção reúne histórias curtas de livros da obra infantil e adulta de Monteiro Lobato, acompanhadas de ilustrações que enriquecem a narrativa. Indicada para estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a coleção pode ainda ser lida desde a Educação Infantil, com mediação de um adulto. (FTD, 2019) 

  1. O pintinho sura
  2. O pinguim que andou de bonde
  3. Narizinho e o Príncipe Escamado
  4. A costureira das fadas   Fonte
Informações do projeto Viva Lobato :  AQUI

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