Esse divertido livro de poemas, cheio de brincadeiras com sons e os significados das palavras, num jogo de ritmo e rima, sempre com muita poesia.
Um livro pra gente pequena - e grande, também - se divertir e se emocionar.
Tudo começa com um cão vestido de azul, depois tem grilo, palhaço, boné e muito mais.
A poesia para crianças de Gláucia Lemos é pura claridade, em contraste com o fundo escuro e indefinido da sua poesia para adultos.
Com o ritmo dos trava-línguas e a lúdica transformação das palavras em elementos sonoros independentes e recontextualizados, cria alguns dos mais divertidos exemplos de lírica para crianças que conheço, especialmente quando ao virtuosismo sonoro se junta um virtuosismo conceptual semelhante ao dos provérbios populares ("Lagartixa, quando cresce, vira camaleão? / Camaleão, quando cresce, vira um jacarezão? / - Vira não!).
A cultura popular é, de fato, a grande referência desta poesia, quer a nível vocabular, quer a nível formal, quer mesmo ao nível das próprias estruturas mentais que cedem espaço a uma certa filosofia para crianças, como acontece no poema "Verdades e Mentiras", onde, por exemplo, aborda a ironia e o carácter ambíguo da linguagem.
'"Se digo "pois não!"
Estou dizendo "sim!"
Não tô negando nada.
Se digo "pois sim..."
quero dizer "não..."
Mas que trapalhada..."
Mas há também alguma premonição dos seus futuros versos para públicos mais adultos. O poema "Os olhos dos meninos", na sua ternurenta lição de fraternidade tem já algo de abandono, de destino e da inquietação metafísica do caminho como sucessão de ausências, de recuperação de fragmentos de memória ou de absoluto esquecimento.
Mas, sem dúvida, é o jogo de desmontar as palavras que maior identidade dá a esta poética juvenil. Não é um recurso inteiramente original, mas nem todos o conseguem levar a cabo com a mesma simplicidade de meios e clareza de linguagem. Gláucia, ao permitir-se à interpretação das onomatopeias ("Canta um cri-cri / de quem falar deseja, / em hora incerta. / Fica tentando a sílaba, / e, no tentar, gagueja, / mas nunca acerta.") ou ao impiedoso esquartejamento das palavras de cujos pedaços estropiados nascem pequenos monstros domésticos ("... encontrou um rabanete / e tirou o rabo dele. Ele ficou só anete. // Rabanete não gostou! / - Eu não quero ser Anete!"), volta ao poder mágico da cabala infantil em que não há nas palavras qualquer arbitrariedade, mas uma identidade profunda entre as mesmas e uma realidade que, porém, se transforma, por vezes de forma fantástica, por vezes roçando o horror que povoa os sonhos das crianças.
Continua: AQUI
Atividades
A mochila de Mariela
A mochila de Mariela
é uma mochila amarela.
Que é que ela guarda nela?
Guarda álbum de figurinha,
guarda um colar de conchinhas,
um chaveiro, uma fivela,
dois cadernos, três canetas,
tinta verde, tinta preta
e um estojo de aquarela.
Ainda tem mais, Mariela
nessa mochila amarela?
Tem boneca de flanela,
um diário e um bilhete de Isabela.
Um chocolate em tablete, dois chicletes
e um pão com mortadela.
Um dia me dá carona Mariela
nessa mochila amarela?
Interpretação
Mais bruxas
Link para essa postagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e retornarei assim que for possível.
Obrigada pela visita e volte mais vezes!
Linguagem não se responsabilliza por ANÔNIMOS que aqui deixam suas mensagens com links duvidosos. Verifiquem a procedência do comentário!
Nosso idioma oficial é a LINGUA PORTUGUESA, atenção aos truques de virus.
O blogger mudou sua interface em 08/2020. Peço desculpas se não conseguir ainda ler seu comentário.