Neste momento, pode-se considerar que as fases fundamentais da alfabetização já estão superadas e o processo de letramento, que se inicia ainda no berço, continua a ficar ainda mais complexo.
O leitor fluente tem mais autonomia e pode mediar com mais facilidade o próprio processo de leitura. Surgem aqui várias possibilidades de discussões aprofundadas: a abstração se torna mais atuante nos processos cognitivos da criança e o pensamento crítico e auto reflexivo está mais atuante.
Os livros podem ser mais densos em páginas e conteúdo; as ilustrações às vezes estão menos presentes – mas jamais perdem a importância.
Este leitor pode dialogar melhor com o livro e interpretá-lo com mais acuidade.
Gênero romance
TCTs: cidadania e civismo (direitos da criança e do adolescente; educação e direitos humanos; vida familiar e social); multiculturalismo (diversidade cultural)
Tópicos para orientação do professor: animais de estimação; autoestima; conflitos existenciais; constituições familiares; construções de identidade; cultura judaica; enfrentamento do medo; genocídio; otimismo; perdas; relações sociais; respeito; Segunda Guerra Mundial.
Editora Sowilo: AQUI Ilustrações: AQUI
O horror da guerra, narrado pela perspectiva de uma criança que teve a família aprisionada por nazistas. Em síntese, esta é a proposta do livro “Como pode uma chuva de estrelas deixar a noite mais escura?” Escrito por Stela Maris Fazio Battaglia, com ilustrações de Roberto Weigand .
Finalista do prêmio Barco a Vapor de 2020, a narrativa traz o olhar de uma criança - Matheus - sobre acontecimentos sinistros que vive com sua família. Afastado de todas as suas referências – casa, escola, amigos, animal de estimação – o menino sofre diante das mudanças, da brutalidade, do espanto e da incompreensão da descoberta do mal.
O enigma da estrela que ele passará a trazer costurada na roupa começará aos poucos a ser desvendado, mas sempre por seus olhos de criança.
A história:
Matheus traz seus pensamentos e muitas perguntas sem respostas, na visão do menino. Comovente a sua releitura, afinal era um menino, que sonhava e brincava com amigos. Vivia numa casa com seus pais, a vizinhança era próxima. A vida era boa e ele acreditava que assim seria para sempre. De repente as pessoas começaram a desaparecer. Era a guerra apagando a beleza das estrelas nas noites intermináveis de fome, frio e incertezas.
"(...)Além de eu achar as estrelas bonitas, elas ainda eram minhas companheiras nas festas de palavras de papai. Eu apreciava tudo que me fazia olhar para o alto e descobrir a estrela que tinha sido uma mulher que se apaixonou pela lua, imaginar a deusa Hera dizendo que queria ser a rainha do céu e tudo que a fantasia de meu pai me convidava a buscar. Dessas noites cheias de afeto e descobertas, veio meu fascínio por estrelas."
Sua imaginação era seu alimento diante de tanta violência, crueldade e brutalidade vinda dos soldados nazistas. Ele os chamava de "homens - aranhas". Sua mãe havia costurado em suas blusas uma estrela amarela. Ele se sentia orgulhoso e contente, ainda mais que seus amigos também passaram a usar estrelas em suas roupas. Era como um time, que foi crescendo. A partir daí as pessoas com estrela foram desaparecendo. Matheus não entendia. Seu pai não pode mais trabalhar em sua loja. Havia destruição pelas ruas. Até que foram levados aos campos de concentração. Era tudo pavoroso e triste. Ele e sua mãe foram separados de seu pai. Foram levados para um lugar escuro, mau cheiroso. O medo foi tomando conta. "Será que existe uma palavra que dê conta de tudo que estamos vivendo?"
A sobrevivência era necessária."(...)Sobreviver é apenas não morrer, de fome, frio, sede, medo e violência. Ter vida é outra coisa; é ir fundo na experiência de estar vivo, com liberdade e responsabilidade, como antes, na nossa casa, nossa cidade, nossa comunidade, escola, jardins, trabalho, nosso pedaço de céu e a poesia do seu pai."
Matheus sentia saudades do pai e de tudo, dormia abraçado a sua mãe enquanto apertava as três bolinhas de gude que conseguira trazer. Ele se perguntava por quê? Não havia fim, não havia esclarecimentos ao menos para uma criança de seis anos...Será porque usamos estrelas em nossas roupas? Por que minha mãe as costurou em nossas roupas?
"(...) Aprendi na pele, na dor, no corpo, no medo o significado da estrela que eu tanto gostava. Percebi que a estrela amarela mostrava quem não tinha mais nome, quem só tinha um número. A estrela acusava a gente de não sei o quê."
Matheus escureceu por dentro, ficou em silêncio durante muito tempo. Como pode uma chuva de estrelas deixar a noite mais escura?
Assim ele e sua mãe foram resistindo, dia após dia, através da força de uma plantinha que nasceu entre as pedras do lugar em que estavam. Aquela plantinha significava esperança. Sua mãe passou a regá-la diariamente, com resiliência. Depois de muito tempo os portões foram abertos. As pessoas ficaram espantadas, tanto as de estrelas quanto as de aranhas.
Por fim reencontraram seu pai, agora sem estrelas nas roupas, recomeçaram tudo em outro lugar. Devagar e com muito medo ele voltou a escola...Voltou a gostar das estrelas brilhantes e queria ser astrônomo. Ganhou uma irmãzinha de nome Mira e até voltaram a sorrir.
"(...)Desconfio que vou descobrir no céu a existência de estrelas de todas as cores. Será que ficam suspensas por estarem grudadas a fios invisíveis, tecidos pela arrogante princesa Aracne, transformada em aranha pela poderosa Atena?
Obs: História pra lá de comovente. Fiquei admirada com a sensibilidade da autora. Escrever de forma "lúdica" sobre o nazismo...Estrela amarela e aranha...Se existe uma forma de introduzir o tema guerra para criança, eis uma dica: "Como pode uma chuva de estrelas deixar a noite mais escura?"
Crianças, guerra e literatura
Se a guerra entre a Rússia e a Ucrânia não dá trégua, se as redes sociais seguem com seus bombardeios ensurdecedores de notícias misturadas à toda sorte de desinformação, aqui, em cada casa de família, em cada sala de aula, nós, adultos, tentamos explicar às crianças e adolescentes que história é essa. Tarefa inglória, não é verdade? E o que é pior, fadada ao fracasso, pelo menos à primeira vista. Como explicar às crianças que, até agora, a cada minuto, uma delas torna-se refugiada? Como fazê-las entender que há muitos outros interesses em jogo por entre bombas e tanques, que são maiores e mais preciosos que a vida humana? Fonte
“Dois idiotas sentados cada qual no seu barril”, de Ruth Rocha No Linguagem: AQUI
Refugiados no Linguagem: AQUI
Trabalhando o tema guerra na aula de artes/Impressionismo: O grito
Link para essa postagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e retornarei assim que for possível.
Obrigada pela visita e volte mais vezes!
Linguagem não se responsabilliza por ANÔNIMOS que aqui deixam suas mensagens com links duvidosos. Verifiquem a procedência do comentário!
Nosso idioma oficial é a LINGUA PORTUGUESA, atenção aos truques de virus.
O blogger mudou sua interface em 08/2020. Peço desculpas se não conseguir ainda ler seu comentário.