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Colaboração e Direitos

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Olá amiga(o) ,
Fui professora dos projetos "Estímulo À Leitura",
"Tempo Integral" e a favor da leitura lúdica,
afinal, quer momento mais marcante que a fantasia da vida?
Portanto, será um prazer receber sua visita em mais um blog destinado a educação.
Nele pretendo postar comentários e apreciações de materiais didáticos de Língua Portuguesa, além de outros assuntos pertinentes, experiências em sala de aula, enfocando a interdisciplinaridade e tudo que for de bom para nossos alunos.
Se você leu, experimentou, constatou a praticidade de algum material e deseja compartilhar comigo,
esteja à vontade para entrar em contato.
Terei satisfação em divulgar juntamente com seu blog, ou se você não tiver um, este espaço estará disponível dentro de seu contexto.
Naturalmente, assim estaremos contribuindo com as(os) colegas que vêm em busca de sugestões práticas.
Estarei atenta quanto aos direitos autorais e se por ventura falhar em algo, por favor me avise para que eu repare os devidos créditos.
Caso queira levar alguma publicação para seu blog, não se
esqueça de citar o "Linguagem" como fonte.
Você, blogueira sabe tanto quanto eu, que é uma satisfação ver o "nosso cantinho" sendo útil e nada mais marcante que
receber um elogio...
Venha conferir,
seja bem-vinda(o)
e que Deus nos abençoe.
Krika.
30/06/2009

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terça-feira, janeiro 07, 2020

Galileu leu>Reflexão:Quais histórias escolhemos?> Tantos barulhos>Poemas> 07/01/2020


Galileu Leu
Lia Zatz
Sempre que Galileu lia para a professora, ela gritava: ERRADO, REPETE! Galileu já não sorria, nem lia, mas insistia. 
E ela novamente pedia: Lê, Galileu! 
Galileu estremecia, mas nunca desistia. 
Ela dizia: ERRADO, REPETE! 
Nas férias a professora voltou muito mudada. Por que será? O que ela descobriu?

Atividades sugeridas
Pedir comentários sobre o medo de falar ou ler em público.
Conversar sobre: A inibição diante de um grupo conhecido; Qual o tipo de leitura mais adequado para a turma?; Ler em voz alta? E por que não?; A leitura e a vida diária das pessoas; O papel do professor no combate à inibição da turma.
Produção de texto: "A história mais interessante que eu li".

Considerações para os professores: ( Galileu e a professora....Bom refletir)
“O professor de literatura trata inevitavelmente das experiências dos seres humanos em suas diversas relações pessoais e sociais.” 
“O ensino da literatura envolve inevitavelmente o reforço consciente ou inconsciente de atitudes éticas.”
A seleção “implica um conhecimento não só da literatura como também dos alunos”. “Uma dieta literária padrão, prescrita para todos, nega a realidade da situação escolar.”
Na nossa sociedade heterogênea é preciso contar com uma gama ampla de materiais literários.
“Para ter impacto uma obra não tem por que tratar de circunstâncias explicitamente similares à situação do leitor.”

Conversas sobre leituras

Criar uma relação entre professor e aluno que permita aos alunos responder íntima e espontaneamente à literatura. “O que o aluno leva para a leitura é tão importante quanto o próprio texto.”

Capacitar o aluno para falar do texto sem restrições artificiais e para responder com suas próprias palavras.

Iniciar um processo por meio do qual o aluno possa aclarar e ampliar sua resposta à obra.

“O primeiro problema que enfrenta o professor é a criação de uma situação favorável à experiência da literatura.” 

Vejam sobre AQUI Página 33      AQUI  ( Para nos avaliarmos)

"Que todos nós profissionais da educação possamos compreender às necessidades de nossos alunos e principalmente entender o que realmente faz sentido para eles."

Resultado de imagem para livro tantos barulhos
Caio Riter

Os poemas deste livro exploram sons, barulhos e ruídos do cotidiano. Indicado para leitores iniciantes, os versos estimulam a exploração dos versos rimados e a leitura compartilhada ou em voz alta. As ilustrações, feitas com lápis e aquarela, trazem cores leves e traços delicados. Os versos são compostos em um rico projeto gráfico que ressalta a sonoridade e intensidade das palavras.
Um livro para:
  • explorar os sons cotidianos;
  • reconhecer a sonoridade das palavras por meio de poemas;
  • incentivar a leitura compartilhada e em voz alta.
Sobre a obra+Atividades
Mediações possíveis/Página 44



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domingo, fevereiro 25, 2018

Não falta nada X A parte que falta>Estímulos reflexivos>Adultos e crianças>25/02/2018

O mundo é realmente tão perigoso quanto meus pais parecem mostrar? 
Ou posso me aventurar por ele e ainda assim continuar sendo amado pela minha família? 
São questões como essas que a psicanalista e escritora Tatiana Filinto traz à tona, de forma breve e divertida, neste álbum ilustrado pelo artista plástico Visca.
O personagem do livro cresce cercado de cuidados dos pais que, muitas vezes, acreditam proteger os filhos dos “perigos” que o mundo tem, mas acabam por atropelar tempos, iniciativas e descobertas por parte das crianças.

 Mais um texto com vontade de inspirar a reflexão do leitor, numa rica oportunidade de leitura compartilhada entre pais e filhos, crianças e educadores.


Imagem relacionada
Tatiana Filinto
“Quando chorava, ouvia um barulho engraçado, grosso e acelerado: era minha mãe correndo pelo corredor em direção ao meu berço! 
Nem eu sabia direito porque chorava, mas ela parecia saber e colocava uma chupeta na minha boca. Vai ver era falta de chupeta”


Fafá conta esta história
AQUI
Varal de histórias

A parte que falta
Autor Shel Silverstein

Resultado de imagem para livro infantil a parte que falta


Com sua poesia hábil e sensível, Silverstein aborda neste livro a busca do autoconhecimento e da completude. 
A metáfora se dá por meio da história de um ser circular a quem falta uma parte. 
Otimista, ele se lança no mundo à procura de preencher esta lacuna. 
À medida que descobre o universo ao redor – e também a si mesmo –, percebe que as relações interpessoais são muito mais complexas e delicadas do que pensava e que a felicidade quase sempre está dentro de nós mesmos – e não no outro. 
Uma prova de que a liberdade é o maior bem que podemos possuir.

Ouçam a história
Este é o seguinte...

Resultado de imagem para livro infantil a parte que falta encontra o grande 0


Na continuação do clássico A parte que falta, Shel Silverstein reflete com sua poesia singela e emocionante sobre amor-próprio e completude. 
Um livro infantil para todas as idades.

A parte que falta está em busca de alguém para completar. Após ser abandonada pelo ser circular, ela aguarda um par perfeito em que possa se encaixar. Ela quer conhecer o mundo, e precisa de alguém que a faça rolar. Mas muitos seres não sabem nada sobre encaixe, outros já têm partes demais e alguns não sabem nada de nada. A parte que falta até encontra um encaixe perfeito, mas sua jornada juntos dura muito pouco. Até que ela se depara com o Grande O, um ser completo, que rola sozinho, e que pode dar a ela um ensinamento que mudará seu modo de enxergar a vida.

Nesta história, leitores de todas as idades vão refletir junto com a parte que falta sobre como podemos nos transformar e descobrir como evoluir nosso amor-próprio. 
Afinal, será que não podemos todos rolar por nós mesmos em nossas jornadas?







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domingo, janeiro 27, 2013

Minhas férias pula uma linha, parágrafo > Estímulos literários > Reflexão para o professor> 27/01/13


Minhas férias pula uma linha, parágrafo.


Christiane Gribe
E agora??? Nenhuma ideia na cabeça de Guilherme!
Por onde começar a tradicional redação sobre “minhas férias”? Essa é a indagação de Gui em todo início de ano letivo.
Os dias mais gostosos para se ir à escola, para Guilherme, são o primeiro e o último até que... no primeiro dia... a professora de Português pede à turma para escrever uma redação sobre as férias. E imagina só: essa redação deveria ter trinta, eu disse trinta linhas, nem mais nem menos. Exatamente trinta linhas!
Para tormento de Gui.
O Gui é um menino de 11 anos, que vivera muitas aventuras em suas férias e, para ele, não havia possibilidade alguma de suas férias i-n-t-e-i-r-i-n-h-a-s caberem em apenas trinta linhas.
E o pior, teria, ainda, que resumi-la, pois só havia 15 minutinhos para escrevê-la!
Como resumir as férias incríveis em trinta linhas e em apenas 15 minutos?
Com essa preocupação toda, ele escreve o que vem à cabeça e acaba colocando o sistema tradicional de ensino em cheque.
As indagações e observações que Guilherme escreve em sua redação deixam a professora assustada e, por causa disso, ela lhe dá uma tarefa, e esta, para ele, era o maior tormento de sua vida, era pior até do que ser expulso da escola: escrever uma redação para o diretor da escola, só que nesta redação ele deveria contar tudo o que havia feito na aula de português.
Mas algo mudaria o rumo desse “castigo” (pois para Gui, escrever obedecendo um monte de regras era um verdadeiro castigo!), e o que ele nem imaginava é que acabaria escrevendo uma história digna de publicação.
E imagina só: justo porque não gostava de escrever!!!
Se você ficou interessado na história não espere mais: corra para a biblioteca mais próxima e veja o que Guilherme acaba fazendo depois de conversar com o diretor da escola.
 A história interinha....
Um
O primeiro dia de aula é o dia que eu mais gosto em segundo lugar.
O que eu mais gosto em primeiro é o último, porque no dia seguinte chegam as férias.
Os dois são os melhores dias na escola porque a gente nem tem aula.
 No primeiro dia não dá para ter aula porque o nosso corpo está na escola, mas a nossa cabeça ainda está de férias.
E no último, também não dá para ter aula porque o nosso corpo está na escola, mas a nossa cabeça já está nas férias.
Era o primeiro dia e era para ser a aula de português, mas não era porque todo mundo estava contando das férias.
E como todo mundo queria contar mais do que ouvir, o barulho na classe estava mesmo ensurdecedor.
O que explica o fato de ninguém ter escutado a professora gritando para a gente parar de gritar. Todo mundo estava bem surdo mesmo.
Mas quando ela bateu com os livros em cima da mesa a nossa surdez passou e todo mundo olhou para ela. Ela estava em pé, na frente do quadro-negro e ficou em silêncio, com uma cara bem brava, olhando para a gente.
Quando um professor está em silêncio com uma cara bem brava olhando para você, é melhor também ficar em silêncio com uma cara de sem graça olhando para um ponto qualquer que não seja a cara brava do professor.
A professora puxou a cadeira dela e se sentou. Atrás dela, no quadro-negro, eu vi decretado o fim das nossas férias e o fim do nosso primeiro dia de aula sem aula.
Estava escrito: Redação: escrever trinta linhas sobre as férias.
Eu sabia que as férias de ninguém iam ser mais as mesmas na hora que virassem redação.
É simples: férias é legal, redação é chato.
Quando a gente transforma as nossas férias numa redação, elas não são mais as nossas férias, são a nossa redação. Perdem toda a graça.
Todo mundo tirou o caderno de dentro da mochila. Menos eu. Eu fiquei olhando para aquela frase no quadro enquanto os zíperes e velcros das mochilas eram os únicos barulhos na sala.
De repente as nossas férias ficaram silenciosas. Onde já se viu férias sem barulho?
Além do mais, eu tenho certeza de que a professora nem quer saber de verdade como foram as nossas férias.
Ela quer só saber como é a nossa letra e se a gente tem jeito para escrever redação.
Aqueles dois meses inteirinhos de despreocupações estavam prestes a virar trinta linhas de preocupações com acentos, vírgulas, parágrafos e ainda por cima com a letra ilegível depois de tanto tempo sem treino.


Dois
A turma inteira já estava escrevendo quando eu percebi que a professora estava só olhando para mim.
Quando um professor fica parado só olhando para você é porque você tinha estar fazendo outra coisa que não era o que você estava fazendo.
 A outra coisa que eu tinha que estar fazendo era minha redação.
Então eu puxei a minha mochila e peguei o caderno.
É claro que minha mochila tem o fecho de velcro e que todo mundo olhou para mim quando eu abri. Só a professora que não olhou de novo porque ela já estava olhando antes mesmo.
Peguei a caneta. Eu nem sabia mais segurar direito a caneta.
Escrevi: Minhas Férias
Mas a letra ficou péssima e eu resolvi arrancar a folha para começar bem o meu caderno.
E todo mundo olhou de novo para mim, até a professora que já tinha parado de me olhar.
Troquei a caneta por um lápis, porque se a letra ficasse horrível era só apagar em vez de ter que arrancar outra folha.
Coloquei as minhas férias lá no alto e bem no meio da página.
Pulei uma linha.
Parágrafo.


Minhas férias
Outro problema de transformar as nossas férias em redação é fazer os dois meses caberem nas tais trinta linhas.
Porque se a gente fosse contar mesmo tudo o que aconteceu, as trinta linhas iam servir só para um dia de férias e olhe lá.
E aí você olha para o seu relógio e descobre que as trinta linhas, que pareciam poucas para contar todas as suas férias, viram muitas porque você só tem mais 15 minutos de aula para fazer a redação. Começar as férias é a coisa mais fácil do mundo.
 Em compensação, começar redação sobre as férias é tão difícil quanto começar as aulas.
Fiquei me lembrando como é que eu tinha começado as minhas férias de verdade.
Assim eu podia começar a redação do mesmo jeito.
Mas eu comecei as minhas férias de verdade arrumando a mala para ir para a casa do meu avô.
E agora só faltavam 12 minutos para terminar a aula.
 Em 12 minutos eu não ia conseguir arrumar a mala. Pelo menos não do jeito que a minha mãe gosta que eu arrume.
Então decidi começar as férias de minha redação direto da casa do meu avô.


Minhas férias
Eu sempre adoro as minhas férias na casa do meu avô.
Principalmente porque não tem aula. Não.
Talvez seja um começo de redação muito pesado para o começo das aulas.


Minhas férias
Eu sempre adoro as minhas férias na casa do meu avô.
Lá tem um campinho de futebol bem legal e uma turma de amigos bem grande.
Isso é perfeito porque um campinho sem uma turma grande não serve para nada.
 E uma turma grande sem campinho não cabe em lugar nenhum que não seja um campinho.
A gente passa o dia todo jogando futebol e só para de jogar quando já está escuro e não dá mais para ver a bola.
Então já é hora de jantar.
Depois do jantar, os meus melhores amigos da turma vão para a casa do meu avô e a gente pode continuar jogando, só que futebol de botão que não dá indigestão.
Aí, a gente pode jogar até tarde porque no dia seguinte não tem aula.
 É por isso que férias é bom.
Achei que desse jeito a minha observação a respeito das aulas ficava mais sutil. Continuei.
Um dia que eu fiz um golaço. Não no futebol de botão, no de verdade.
O gol veio de um passe de craque do Paulinho que é o meu melhor amigo entre os meus melhores amigos da turma.
Você sabe que para jogar futebol não adianta só ser bom de bola. Tem que ter tatica.
O Paulinho driblou um, dois e eu vi que ele ia passar pelo terceiro.
Ele também me viu. Aí eu me enfiei pela esquerda e recebi a bola. Chutei direto.
 Eu fiz um golaço tão grande que furou a rede e estilhaçou em mil pedaços a janela do vizinho. Deu a maior confusão porque enquanto a turma pulava o vizinho apareceu bravo com a bola em baixo do braço e a mulher dele veio atrás.
Eu tive até que parar com a minha comemoração.
Mas a mulher do vizinho que veio atrás dele falou para ele que criança é assim mesmo e que a gente estava só se divertindo e que ninguém fez aquilo de propósito.
E era verdade mesmo porque a culpa nossa da rede ter furado. E aí acabou ficando tudo bem.
O meu vizinho devolveu a bola, verificou a rede e disse que o meu gol foi mesmo um golaço mas que era para a gente tomar mais cuidado com as janelas da casa do lado.
O sinal tocou bem nessa hora.
Eu nem contei quantas linhas eu tinha escrito porque não ia dar tempo de mudar nada mesmo. Arranquei a folha e dei as minhas férias para a professora.


Três
Depois da aula de português vinha aula dupla de educação física.
A maior sorte que se pode ter num primeiro dia de aula é ter aula dupla de educação física.
Dá até para ficar contente de ter voltado para a escola.
E dá até para acreditar quando a nossa mãe fala que essa é a melhor época de nossa vida, quando ela faz aquele discurso que toda mãe faz.
Discurso: “Aproveita, meu filho. Essa é a melhor época da sua vida. Ir para a escola é uma delícia. Quando você crescer vai se lembrar da escola e sentir uma saudade danada.”
 Minha mãe diz que é para aproveitar a escola porque depois que a gente cresce a gente fica cheio de problemas para resolver.
Aí é que está. Eu ainda nem cresci e já estou cheio de problemas.
Só no ano passado eu tive quer resolver 187.
 E não foi nem para mim. Foi para o professor de matemática.


Quatro
A semana passou bem rápido e quando a gente viu já era sexta-feira.
Ter chegado a sexta-feira era ótimo.
Agora só faltavam mais dezenove semanas para as próximas férias.
A única coisa ruim é que na sexta eu tinha aula dupla de português e a professora ia trazer as nossas redações de volta.
Quando a professora entrou na sala eu tinha acabado de puxar o elástico do sutiã da Mariana Guedes. Agora a moda das meninas era usar sutiã por baixo da camiseta.
E a nossa moda era puxar o elástico para o sutiã estalar bem nas costas delas.
 Eu corri e a Mariana Guedes me jogou uma borracha bem na cara.
Mas a professora foi olhar para a gente só na hora que eu joguei a borracha de volta.
E aquela Mariana Guedes ainda abaixou e a borracha passou bem perto dos óculos da professora. A professora ficou me olhando de novo, igual no dia da redação, e então eu me sentei esperando uma daquelas broncas humilhantes no meio da classe.
Mas a professora não falou nada.
Quando você apronta uma dessas e o professor não fala nada, não é porque o professor é um cara bem legal.
 É que o que vem pela frente é pior do que o pior que você imaginava.
O pior foi colocado bem em cima da minha mesa.
As minhas férias, que tinham sido perfeitas para mim, não chegaram nem perto de terem sido boas para a professora. Elas voltaram cheias de defeitos.
Faltou um esse no passe de craque do Paulinho, um acento na minha tática e a minha comemoração eu escrevi com tanta empolgação que acabou saindo com dois esses em vez de cê-cedilha.
E o pior do que eu imaginava foi o que ela fez com o meu golaço que estilhaçou em mil pedaços a janela do vizinho.
Ela disse que “em mil pedaços” é um adjunto adverbial e que tinha que ficar entre vírgulas.
Eu olhei na Gramática e lá estava explicado que um adjunto adverbial é um termo acessório e a gente pode eliminar aquela parte da frase que ela continua a fazer sentido.
Eu queria ver a professora dizendo para o meu vizinho que aqueles mil pedacinhos da janela dele eram só um adjunto adverbial.
E tem mais uma coisa: eu estava de férias.
Era muito mais importante marcar o gol do que as vírgulas, concorda?
E as minhas férias ficaram assim:


Minhas férias
Eu sempre adoro as minhas férias na casa do meu avô. Lá tem um campinho de futebol bem legal e uma turma de amigos bem grande. Isso é perfeito porque um campinho sem uma turma grande não serve para nada. E uma turma grande sem campinho não cabe em lugar nenhum que não seja um campinho. A gente passa o dia todo jogando futebol e só para de jogar quando já está escuro e não dá mais para ver a bola. Então já é hora de jantar. Depois do jantar, os meus melhores amigos da turma vão para a casa do meu avô e a gente pode continuar jogando, só que futebol de botão que não dá indigestão. Aí, a gente pode jogar até tarde porque no dia seguinte não tem aula. É por isso que férias é bom. Teve um dia que eu fiz um golaço. Não no futebol de botão, no de verdade. O gol veio de um passe de craque do Paulinho que é o meu melhor amigo (entre os meus melhores amigos) da turma. Você sabe que para jogar futebol não adianta só ser bom de bola. Tem que ter tatica. O Paulinho driblou um, dois e eu vi que ele ia passar pelo terceiro. Ele também me viu. Aí eu me enfiei pela esquerda e recebi a bola. Chutei direto. Eu fiz um golaço tão grande que furou a rede e estilhaçou, em mil pedaços, a janela do viznho. Deu a maior confusão porque enquanto a turma pulava o vizinho apareceu bravo com abola em baixo do braço e a mulher dele veio atrás. Eu tive até que parar com a minha comemorassão. Mas a mulher do vizinho que veio atrás dele falou (para ele) que criança é assim mesmo e que a gente estava só se divertindo e que ninguém fez aquilo de propósito. E era verdade mesmo porque a culpa não foi nossa da rede ter furado. E aí acabou ficando tudo bem. O meu vizinho devolveu a bola, verificou a rede e disse que o meu gol foi mesmo um golaço, mas que era para a gente tomar mais cuidado com as janelas da casa do lado.


(No texto original a redação do garoto vem toda riscada com as observações da professora)


A professora não fez nenhum outro comentário sobre o que eu tinha escrito. Para ela tanto fazia se o meu gol tinha sido um golaço ou um frango do goleiro. Eu fiquei bem chateado. Ela tinha acabado com as minhas férias. Isso significava que era a terceira vez que as minhas férias acabavam numa semana só. Não podia existir nada pior do que isso na vida de um garoto de 11 anos. Mas existia.


Cinco
No final da aula a professora me chamou na mesa dela.
Eu tinha que fazer de lição para segunda-feira a análise sintática da frase:
“Eu fiz um golaço tão grande que até furou a rede e estilhaçou, em mil pedaços, a janela do vizinho”.
Era o fim. As minhas férias já tinham virado redação e agora acabavam de virar lição de casa.
 E uma lição dificílima.
Fazer análise sintática!
Eu nem lembrava mais o que era isso.
Do jeito que as coisas vão, quando chegarem as minhas próximas férias eu não vou saber se é para ficar feliz ou triste.
Eu vou falar “ah, não, férias me lembram redação e lição de casa” e ninguém vai entender nada. Então eu pensei que ainda bem que amanhã era sábado.
Eu já comecei a me lembrar que a turma do prédio tinha marcado pólo aquático na piscina. Peguei a minha mochila e saí correndo para não perder o ônibus para casa.
Não me lembro se a professora continuou em sala ou não.
Eu só me lembro que eu fui o último a sair.
O fim de semana me fez esquecer da escola e da primeira semana de aula, o que foi bom.
O único detalhe é foi que eu também acabei esquecendo da lição de português.
E na segunda de manhã eu tive que fazer tudo correndo quando cheguei na escola, antes de tocar o sinal.
Análise sintática já é uma coisa bem complicada quando você tem que fazer o exercício logo depois que a professora acabou de explicar como se faz.
Imagina fazer depois das férias de verão quando você mudou da quinta para a sexta série mas nem se lembra como é que passou de ano.
Eu peguei o meu caderno e escrevi a minha frase.
Eu fiz um golaço tão grande que até furou a rede e estilhaçou, em mil pedaços, a janela do vizinho.
Depois eu fui escrevendo o que eu me lembrava que tinha que ter numa análise sintática.


Sujeito: Predicado: Objeto direto: Objeto indireto: Partícula apassivadora:


Isso era tudo o que eu me lembrava. Então eu comecei a escrever do lado de cada coisa dessas uma análise sintática. Pus lá:


Sujeito: O meu vizinho. Que é realmente um sujeito de meter medo apesar de eu achar que ele deve ser legal porque está casado há um tempão com a mulher dele que é bem legal.


Predicado: O meu vizinho de novo. Isso, se a gente colocar no meio dessa palavra a sílaba JU e então a palavra vira prejudicado porque ele foi mesmo o grande prejudicado dessa história. Objeto direto: A bola. Nem precisa explicar por quê.


Objeto indireto: Eu. Porque a janela quebrou em mil pedaços por causa do meu chute mas na verdade foi culpa da rede que furou.


Partícula apassivadora: Essa era a mulher do meu vizinho que apassivou a briga e se você reparar como ela é pequena eu acho que partícula é o que ela é.


Pronto. Acabei a lição e o sinal nem tinha tocado ainda. Fechei o meu caderno. Depois eu abri de novo. Lembrei de mais uma coisa que tinha na análise sintática e escrevi:


Adjunto adverbial: em mil pedaços.


No final da aula de português eu deixei a minha lição na mesa da professora e fui para a minha aula dupla de educação física.


Sete
Na minha aula dupla de português da sexta-feira, a professora me entregou a análise sintática. Eu tirei zero e tive que escrever toda essa história contando tudo isso que aconteceu para você. Ela me disse que você é que ia decidir o que fazer comigo, porque você é o Diretor dessa escola e ela não sabia que atitude tomar. Foi isso.


Assinado Guilherme Pontes Pereira 6a. série B – Manhã


No dia seguinte o Diretor me chamou na sala dele.
Ele já tinha lido toda a história que eu escrevi e eu já estava pensando no que eu ia dizer para os meus pais quando ele me expulsasse da escola.
Eu ia dizer:
- Mãe, pai, fui expulso da escola.
Eu entrei na sala do Diretor e me sentei na cadeira bem na frente dele.
 Quer dizer, na frente mais ou menos, porque era uma daquelas cadeironas que a gente afunda dentro, então o porta-lápis, que ficava na mesa do diretor, tapava a cara dele até o nariz.
Mas ele chegou o porta-lápis para o lado e eu consegui olhar para ele bem de frente.
E ele disse:
 - Guilherme, eu fiquei muito impressionado com a história que você escreveu.
Você precisa fazer mais redações.
 Então ele me mandou de volta para a sala de aula.
Eu fiquei pensando muito nisso tudo porque no começo eu não estava entendendo nada.
 Mas depois eu descobri por que escolheram aquele cara para ser o Diretor.
Ele é bem inteligente.
Fazer mais redações era mesmo um castigo muito pior do que ser expulso da escola.   http://portaldeleitura.blogspot.com.br/2010/01/minhas-ferias-pula-uma-linha-paragrafo.html  

Uma versão mais curtinha:
O primeiro dia de aula é o dia que eu mais gosto em segundo lugar.
O que eu mais gosto em primeiro é o último, porque no dia seguinte chegam as férias.
Os dois são os melhores dias na escola porque a gente não tem aula.
 No primeiro dia não dá para ter aula porque o nosso corpo está na escola, mas a nossa cabeça ainda está nas férias.
 E no último, também não dá para ter aula porque o nosso corpo está na escola, mas a nossa cabeça já está nas férias.
Era o primeiro dia e era para ser a aula de português, mas não era porque todo mundo estava contando das férias.
E como todo mundo queria contar mais do que ouvir, o barulho na classe estava mesmo ensurdecedor.
O que explica o fato de ninguém ter escutado a professora gritando para a gente parar de gritar. Todo mundo estava bem surdo mesmo.
 Mas quando ela bateu com os livros em cima da mesa a nossa surdez passou e todo mundo olhou para ela.
Ela estava em pé, na frente do quadro e ficou em silêncio, com uma cara bem brava, olhando para a gente.
Quando um professor está em silêncio com uma cara bem brava olhando para você, é melhor também ficar em silêncio com uma cara de sem graça olhando para um ponto qualquer que não seja a cara brava do professor.
A professora puxou a cadeira dela e se sentou.
Atrás dela, no quadro-negro, eu vi decretado o fim das nossas férias e o fim do nosso primeiro dia de aula sem aula. Estava escrito:
Redação: Escrever 30 linhas sobre as férias.”


Comentários sobre a obra:
A divertida crítica de Christiane Gribel, em Minhas Férias, Pula uma linha, Parágrafo. (Moderna. 2005), trata da aflição do personagem Guilherme, garoto de 11 anos, que se vê desesperado diante da obrigação de ter de redigir sobre suas férias:

“Aqueles dois meses inteirinhos de despreocupações estavam prestes a virar 30 linhas de preocupações com acentos, vírgulas, parágrafos e ainda por cima com a letra legível depois de tanto tempo sem treino.”


A narração detalhada do sofrimento de Guilherme, da elaboração à correção da redação, traz à tona as dificuldades de produção de textos que os alunos apresentam e a aversão à escrita em que isso se transforma, servindo como um subsídio muito interessante para coordenadores pedagógicos no tocante à reflexão de professores quanto à metodologia em questão.


A trama mostra ainda a correção da redação que a professora faz, despertando a análise da prática tão disseminada de marcar em vermelho o texto do aluno, encerrando aí o processo avaliativo.


“As minhas férias, que tinham sido perfeitas para mim, não chegaram nem perto de terem sido boas para a professora. Elas voltaram cheias de defeitos. Faltou um esse no passe de craque do Paulinho, um acento na minha tática e a minha comemoração eu escrevi com tanta empolgação que acabou saindo com dois esses em vez de cê-cedilha.


E o pior do que eu imaginava foi o que ela fez com o meu golaço que estilhaçou em mil pedaços a janela do vizinho.
Ela disse que “em mil pedaços” é um adjunto adverbial e que tinha que ficar entre vírgulas.


Eu olhei na Gramática e lá estava explicado que um adjunto adverbial é um termo acessório e a gente pode eliminar aquela parte da frase que ela continua a fazer sentido.
Eu queria ver a professora dizendo para o meu vizinho que aqueles mil pedacinhos da janela dele eram só um adjunto adverbial.


E tem mais uma coisa: eu estava de férias. Era muito mais importante marcar o gol do que as vírgulas, concorda?


A professora não fez nenhum comentário sobre o que eu tinha escrito.
 Para ela tanto fazia se o meu gol tinha sido um golaço ou um frango do goleiro.
Eu fiquei bem chateado. Ela tinha acabado com as minhas férias. Isso significava que era a terceira vez que minhas férias acabavam numa semana só.
Não podia existir nada pior que isso na vida de um garoto de 11 anos.”


E quem de nós não é capaz de se identificar com a mensagem do texto?
Boa volta às aulas!
http://temaeducacao.blogspot.com.br/2011/07/minhas-ferias-pula-uma-linha-paragrafo.html

Nota do linguagem

A história de Guilherme me leva seguramente a imagem daquela professora  dominadora que entra na sala com ar de superioridade e pouca vontade pedagógica.
A saga de Guilherme traz uma reflexão sobre  nossa postura diante de nossos alunos:
Já no primeiro momento a professora já inicia uma aula totalmente sem um boas vindas, um alô amistoso ou um sorriso...
Por esta razão admiro as professoras do ensino infantil, que se preocupam com um "volta às aulas" lúdico. Infelizmente, seus aluninhos quando estiverem com a idade do Guilherme passarão pelo mesmo "parágrafo " dele...



Link para essa postagem


domingo, janeiro 29, 2012

Reflexão > Vi,li,gostei e recomendo o blog> 29/01/12


Bebam sem moderação das ideias
 deste blogueiro pedagogo

Diário da Educação: 

06h00min. A Educação abre os olhos, calça os chinelos e vai lavar-se ao banheiro.
06h30min. Toma café assistindo a reportagem do garoto de 11 anos que atirou na professora e em seguida suicidou-se. Pergunta para si mesma:
- Será que levantei com o pé esquerdo, hoje?
07hs30min. Está no ponto de ônibus aguardando a condução. Ouve Duas Senhoras conversando sobre um caso de pedofilia acontecido numa escola municipal ali do bairro.
07hs50min. Ela enxerga seu ônibus no horizonte. O Motorista não reduz a velocidade e faz sinais com as mãos tentando explicar que está “lotado” e não pára. Todos na parada resmungam. O Senhor que também esperava a condução xinga o Motorista e o chama de mal educado.
08hs00min. A Educação sobe noutro ônibus com a esperança de que não vai se atrasar para o compromisso diário com a Humanidade.
12hs00min. A Educação vaga pela avenida Rio Branco. Seu estomago começa a reclamar o almoço. Na tentativa de enganá-lo, resolve comprar uma pipoca vendida por um Ambulante Analfabeto que cruza por ali. O Ambulante Analfabeto lhe passa o troco errado. A Educação, muito educada, devolve os centavos a mais. Ele não agradece, pois crê que a culpa foi dela. Ela pensa:
- Preciso ter mais zelo com os Analfabetos.
16hs10min. A Educação pára numa banca. Compra uma revista que trata sobre escola cuja matéria de capa destaca: Jovem Brasileiro morre baleado dentro da sala de aula enquanto aprendia sobre a paz.
18hs00min. Está sentada na condução de volta ao seu lar.
18hs15min. Muito educada, cede seu lugar a uma Gestante, que imediatamente aceita, mas não lhe agradece a gentileza. Em mais um monólogo mental a Educação reflete:
- Que a Criança que esta Gestante carrega ouça a palavra “obrigada” em sua educação.
18hs35min. Um Garoto entra no ônibus e grita:
- Eu pudia tá robano por aê, mas invés disso tô aqui vendeno cocada. É só um real. Compre pá eu puder ajudar minha Mãe que tem sete Filhos pra criar. Olha a cocada. Cocada feita com muito carinho pra vocês. É só um real.
19hs30min. A Educação chega em casa. Deita-se no sofá da sala. Começa a pensar nos problemas que a Humanidade lhe comprovara a existência e adormece. Estava exausta.


Cê ta de castigo. Vá ler um livro.

Confesso que as palavras que precedem essa postagem não são consideradas socialmente virtuosas. Se ditas em algumas escolas elas geram multas aos seus locutores. Em outras, mesmo que faladas na hora do recreio, levam à castigos com a palmatória, à alguns açoites nas costas ou, acreditem, ao pior e mais maléfico de todos os castigos, que é escrever tais palavras proibidas cem, duzentas vezes para esquecê-las. Este ultimo nem os "pestinhas" do 4º ano merecem.
Numa moderna escola instalada nos arredores do Bar do Pedagogo os professores resolveram inovar, pois entendem que o castigo físico é um método já ultrapassado. Eles sabem que para uma instituição de ensino ser considerada moderna ela precisa deixar antigos costumes de lado. Foi então que decidiram substituir aquele objeto confeccionado em madeira com uma parte arredondada, incansavelmente utilizado outrora, pelo “pai dos burros que falam palavrão”: o livro de literatura. A nova punição adotada é fazer com que os estudantes que falam @#$%&?! na sala de aula ouçam, sem dó nem piedade, a mais temida e assustadora frase escolar: “Cê tá de castigo. Vá ler um livro”. Alguns alunos preferem ir para a recuperação em matemática à ouv-i-la.
Contudo, os frutos desse belo trabalho logo surgiram. Nos primeiros três meses de utilização o urro “Cê tá de castigo. Vá ler um livro” reduziu em 50% os pronunciamentos chulos na escola e conseguiu afastar, para sempre, cerca de 137 alunos das obras machadianas. E esses números não param de crescer.


Comentário linguagem:
Quantas vezes questionei professoras que mandavam alunos indisciplinados à bilbioteca.
Sala de castigo? Bibliotecária é agente de punição?
Isso vale um gole no bar do pedagogo!



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sexta-feira, janeiro 13, 2012

Reflexão> Professor> Arca de Noé> 13/01/12


Arca de Noé

"A educação é a arma mais poderosa
que você pode usar para mudar o mundo"
Nelson Mandela


O mundo ia acabar e Noé, reencarnado, foi convocado novamente.
Dessa vez foi pedido a ele que colocasse na Arca professores.
Um de cada tipo.

Acostumado a salvar animais do dilúvio, Noé resolveu fazer uma correspondência dos tipos de professores com os tipos de animais para lhe facilitar a vida.
O primeiro que Noé encontrou foi o professor-coruja.
Esse professor é um sabe-tudo e nada tem a aprender com ninguém.
Crê que já galgou o conhecimento e pronto.
Vive corrigindo todos do alto de seu pedantismo.
Desconfiou, claro, quando soube do dilúvio.
Como era possível que ele, que tudo sabia, dele não soubesse?


O diligente Noé continuou cumprindo sua missão.
Deparou-se com o professor-preguiça.
 Folgado, o preguiça enrola para tudo.
Sempre faz no seu ritmo, pouco se importando com os outros.
Faz par com ele o professor-avestruz, que evita assumir responsabilidades.
Sempre que isso se lhe impõe, enfia a cabeça na terra e faz de conta que não é nem com ele.
Trabalho mesmo foi convencer o professor-galo a subir a bordo.

O galo é travoso, posudo e vive a entoar discursos contra a globalização e o neoliberalismo, mas dar aulas mesmo que é bom, nada.
Acabou entrando, mas não sem antes pendurar na Arca uma faixa vermelha com frases de protesto, sua especialidade.
Depois do galo, subiu o professor-pavão.
 Extravagante, o pavão faz tudo para aparecer.
Impossível não notá-lo.


O professor-cobra também foi à Arca.
Por Noé, o cobra não iria, pois é venenoso e maledicente.
Mas Noé estava cumprindo ordens e o cobra ficou.
Outro convidado a contragosto a embarcar foi o professor-urubu.
Como todos sabem, o urubu gosta de carniça, da coisa podre.
Faz parte do grupo do quanto pior, melhor.
É catastrófico e tudo para ele é razão do apocalipse.
Ele ficou feliz com o iminente dilúvio porque a perspectiva do fim do mundo, justificativa que sempre o impediu de trabalhar, estava virando realidade.
E assim foi.


Entraram ainda o professor-anta, que é professor não se sabe como, o professor-lombriga, que por qualquer coisinha tira uma licença médica, o professor-borboleta, que fica ali quietinho na sua crisálida, alheio à floresta que o cerca como se nada fosse com ele.
Vieram ainda o professor-hiena, que ri de tudo, o professor-onça, que ensina na base do medo, e o professor-leão, líder dos outros professores.
Chegaram juntos o professor-morcego, que voa às cegas e dá aulas sem prepará-las, o professor-peixe, que se não estiver num ambiente 100% perfeito não sobrevive (e até agora me pergunto porque salvar um peixe do dilúvio) e o professor-aranha, que gosta de pôr armadilhas para seus alunos caírem.
 Muito aplaudido foi o popular professor-cigarra, que com seu violão sempre anima as culminâncias pedagógicas.


Quando a Arca já ia sair, alguém se lembrou de avisar Noé que ele havia esquecido o professor-formiga.
O formiga faz seu trabalho individual, mas pensando no coletivo.
É eficiente sem muito alarde.
Noé parou e foi buscá-lo. Se os outros estavam na Arca, por que logo o formiga, o exemplo, ficaria de fora?
Se bem que na vida real, quase sempre os outros não deixam muito espaço para ele mesmo. Suspeita-se até que está em extinção.
Poucos sabem, mas o nome da Arca de Noé era Escola.




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sábado, dezembro 31, 2011

Nossa mala pedagógica> Reflexões> 01/01/12



A Mala – Nosso Idioma
Não tenho um caminho novo.
O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar.
(Thiago de Melo)


Ivian Destro
Autora, educadora, pesquisadora
Secretária da AOTP

Um dia, uma professora inexperiente, porém inquieta por atiçar a fagulha do prazer de ler em seus alunos, comprou uma mala. Nela, colocou os livros de poemas que mais gostava de ler e partiu para a sala de aula. Lá chegando disse: – Aqui compartilho aqueles que eu leio por prazer. Desafio encontrarem pelo menos um poema de que gostem e queiram compartilhar também.
O que aconteceu, não sabia explicar, mas naquele dia os alunos abriram os livros curiosos.
Uns conversavam sobre o que liam, outros procuravam em silêncio, mas todos, sem exceção, liam poemas.
Esta crônica representa uma ideia simples, poderosa e que todo mundo sabe: ler é bom. Porém, o que é novo na atitude da inquieta professora é que muitas vezes, nós, pais e professores, geralmente falamos sobre como ler é bom, mas quantas vezes oferecemos um livro interessante para que nossos filhos e alunos leiam por prazer, livremente?
Nas últimas décadas, há muitas pesquisas que comprovam as vantagens da leitura livre para o desenvolvimento das habilidades de ler e escrever, da manipulação da gramática e do vocabulário, como também para todas as tarefas que exigem interpretação. Essas vantagens são percebidas na aprendizagem da língua materna ou de uma segunda língua, em crianças e em adultos, quando passam a ler livros livremente, por prazer.
As pesquisas também mostram que é desnecessário dizer para crianças e jovens que ler é bom, a massiva maioria concorda e, criadas as circunstâncias, eles lerão. A tarefa que nos cabe então é criar a circunstância (que se tornará um círculo vicioso): dar acesso a livros interessantes e deixar que leiam fará com que queiram ler mais.
Agora, pensemos o quanto isso pode ser vantajoso no ensino da língua de herança para nossos filhos e alunos. No entanto, aqui, a questão do acesso torna-se ainda mais problemática e desafiadora para pais e professores.
Além de comprar livros em todas as viagens ao Brasil, uma solução que encontrei para alimentar minha pequena biblioteca em língua portuguesa são as visitas de parentes. Sempre que um parente que vive no Brasil me pergunta qual presente dar a meus filhos eu respondo: literatura infantil (de qualquer país), mas em língua portuguesa.
Mas também poderíamos encarar o desafio do acesso coletivamente, como uma comunidade. Primeiro, criar formas de fomentar as bibliotecas das escolas que nossos filhos frequentam com livros em nosso idioma; segundo, criar bibliotecas comunitárias em língua portuguesa, que podem, inclusive, ser móveis e viajarem por aí, como se fossem gigantescas malas de livros.
Ler é bom porque as palavras precisam ser preenchidas por nossa imaginação. Ler é bom porque é prazeroso envolver nossas sensações em um outro ser e estar que não tem os limites da nossa realidade. Vamos fazer nossas malas?

• Se você quiser ler uma pesquisa sobre a leitura livre:
Stephen D. Krashen. The Power of Reading: Insights from the research. USA: Libraries Unlimited.
• Em Miami, o Centro Cultural Brasil-USA da Flórida guarda um acervo de 3000 livros em língua portuguesa. A biblioteca “Nélida Piñon” está aberta ao público e fica no Consulado Brasileiro, 80 SW 8th Street, suíte 2600. Para mais informações:


• O site domínio público apresenta um acervo de obras literárias em língua portuguesa para crianças e adultos:


• A Universidade Federal de Santa Catarina oferece um portal com obras literárias em língua portuguesa. Acesse para ler:


• Podemos também utilizar os novos suportes (computadores, tabletes e telefones) para oferecer bons livros para nossos pequenos leitores. Confira:



• O site da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil apresenta listas de livros premiados anualmente. Confira os títulos:


Se você é professor e deseja fazer parte da American Organization of Teachers of Portuguese, AOTP, visite o site www.aotpsite.org ou entre em contato pelo e-mail info@aotpsite.org .


O que tem na mala da professora ?
 
Respiro ofegante. Trago nas mãos uma pequena mala e uma agenda tinindo de nova. É meu primeiro dia de aula. Venho substituir uma professora que teve que se ausentar "por motivo de força maior". Entro timidamente na sala dos professores e sou encarada por todos. Uma das colegas, tentando me deixar mais à vontade, pergunta:
- É você que veio substituir a Edith?
- Sim - respondo num fio de voz.
- Fala forte, querida, caso contrário vai ser tragada pelos alunos - e morre de rir.
- Ela nem imagina o que a espera, não é mesmo? - e a equipe toda se diverte com a minha cara.
Convidada a me sentar, aceito para não parecer antipática. Eles continuam a conversar como se eu não estivesse ali. Até que, finalmente, toca o sinal. É hora de começar a aula. Pego meu material e percebo que me olham curiosos para saber o que tenho dentro da mala. Antes que me perguntem, acelero o passo e sigo para a sala de aula. Entro e vejo um montão de olhinhos curiosos a me analisar que, em seguida, se voltam para a maleta. Eu a coloco em cima da mesa e a abro sem deixar que vejam o que há lá dentro.
- O que tem aí, professora?
- Em breve vocês saberão.
No fim do dia, fecho a mala, junto minhas coisas e saio. No dia seguinte, me comporto da mesma maneira, e no outro e no noutro... As aulas correm bem e sinto que conquistei a classe, que participa com muito interesse. Os professores já não me encaram. A mala, porém, continua sendo alvo de olhares curiosos.
Chego à escola no meu último dia de aula. A titular da turma voltará na semana seguinte. Na sala dos professores ouço a pergunta guardada há tantos dias:
- Afinal, o que você guarda de tão mágico dentro dessa mala que conseguiu modificar a sala em tão pouco tempo?
- Podem olhar - respondo, abrindo o fecho.
- Mas não tem nada aí! - comentam.

- O essencial é invisível aos olhos. Aqui guardo o meu melhor.

Todos ficam me olhando. Parecem estar pensando no que eu disse. Pego meu material, me despeço e saio.


"Ser educador é ser um poeta do amor.
Educar é acreditar na vida e ter esperança no futuro.
Educar é semear com sabedoria e colher com paciência."

Augusto Cury



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