André Neves
Para Tino, passar as férias com o avô é a maior das alegrias. Com ele, aprende a gostar de ouvir música, a cantar, a brincar, a andar descalço. O garoto descobre também o que significa dividir afeto quando disputa com um pintassilgo a atenção do avô. Ele não entende por que o avô se preocupa tanto com o pássaro e resolve tomar uma atitude. Nessa relação, avô e neto aprenderão muito sobre amor e liberdade.
Entramos no novo livro do pernambucano André Neves por um portão baixinho. Ao lado dele, um muro longo exibe um passarinho meio escondido, mas pronto para gente ver. Pássaro é paixão e marca deste ilustrador. A dupla de páginas a seguir começa com um momento poético. Poesia para contar a vida é marca deste escritor.
Lentamente o dia se enrosca nos galhos da árvore e ilumina o pátio. Pendurada, a gaiola com o pintassilgo dá bom dia ao sol. O avô gosta de pássaros e de manhãs. Tino, o neto, também gosta e tem mel na boca quando canta.
Na imagem, quem está empuleirado é neto e avô. A gente vê só uma parte, mas já sonha com o afeto que estamos prestes a conhecer. Assim nos é apresentado Mel Na Boca, que acaba de ser lançado pela Editora Cortez na Bienal do Livro de São Paulo. A sucessão de páginas nos adoça o olhar: tem cenas carinhosas de avô e neto, tem cheiro de brincar com manhãs. A gente quase consegue ouvir o canto-passarinho do menino. Depois, quase ouve ele tirando música de tudo: é sua forma de viver o mundo no tempo das férias na casa do avô. E, então, vê a cumplicidade dos dois estendida em um dos momentos de mais confiança entre adulto e criança: aprender a andar de bicicleta. É neste momento também que entendemos a paixão do avô pelo canto dos pássaros.
O menino para o andar de bicicleta, porque o avô se perde na música da ave. É lindo reparar onde estão as rodinhas da bicicleta: quem, afinal, está buscando equilíbrio, oras? A noite chega e segue daí a angústia do menino vivendo uma etapa da liberdade. É compaixão? É ciúme? Ele dorme aflito, em uma ilustração boa de ser perder nas suas cores, tons e luzes, no mistério do olhar do menino, no movimento do que o acolhe.
O dia seguinte pega o leitor de surpresa: acontece o desejado por quem lê desde a primeira dupla, mas o surpreendente mesmo é a reação do avô. A cumplicidade toma outra forma e é a gente que sente aquele ventinho que vem com o pedalar. Quem, afinal, deseja a liberdade?
O livro nos põe a refletir a partir de um cotidiano simples, algo nosso, identificável. As cores, as colagens, as luzes quase fotografia, os gestos em poesia e o amadurecimento de avô e neto, juntos, nos dão aquela vontade de começar a leitura de novo. É a trajetória o encanto maior, como é a vida de qualquer pessoa. Este é o mel que experimentamos, embora sempre seja uma escolha. Fonte
Muita informação linda sobre o autor André Neves
Em Mel na Boca, os pássaros são presença constante, nas ilustrações e na história.
Folheie o livro e observe atentamente.
Será que temos algo em comum com os pássaros?
Por que o ilustrador nos leva a essa constante aproximação, entre pássaros e seres humanos?
O que a imagem do pássaro desperta em sua imaginação?
Atividades
André Neves
A história do menino Tom é contada por seu irmão, que sempre o observa intrigado - 'Por que Tom não brinca?
Por que Tom não diz o que sente?
Onde Tom guarda todos os seus sonhos?'.
Até que um dia Tom chama seu irmão para que conheça o seu segredo e assim possam de verdade se aproximar.
Este livro traz um suplemento de 10 páginas com depoimento do autor e ilustrador pernambucano André Neves à exposição 'Tom/o imaginário da paleta à letra', organizada pelo artista.
“Tom”, publicado pela Projeto, é um marco da maturidade de André Neves no universo do livro ilustrado. Criado a partir da experiência pessoal do ilustrador-autor, “Tom” é uma narrativa poética que encanta e surpreende não apenas pela história que se revela através do olhar e da percepção do narrador, o irmão de Tom. Como uma verdadeira obra de arte, o livro suscita diferentes interpretações, deixando o leitor livre para ter sua própria experiência durante a leitura.
André Neves também conquista os leitores e apreciadores de bons livros ilustrados com seus vários tons de “Tom”: com o tom do livro, imagético e poético; com o tom da cor que escolheu para as ilustrações, que ora possuem um quê de invisibilidade às personagem de Tom ora cativam o olhar do leitor; com o tom da narrativa: suave, porém atenta às descobertas; com o Tom-personagem, essa criança cheia de segredos, silêncios e inquietações que vai se revelando na medida em que o irmão aproxima-se de seu mundo. Continua: AQUI
O autor fala sobre esta obra: “O autismo, a criança especial, fica forte na primeira leitura. Mas, com imaginação, podem-se criar outras histórias para o personagem: a curiosidade em relação a pessoas silenciosas, o irmão que não entende o outro, sentimentos não resolvidos.
A história é muito aberta”, observa. Continua: AQUI
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