A Matemática na Literatura Popular
Espaço e forma
Autor: Maria Lucia Brandão dos Santos
Estrutura Curricular:
Matemática Espaço e forma
Dados da Aula:
O que o aluno poderá aprender com esta aula:
◦ Reconhecer o folclore como cultura popular criada, reinventada e acumulada através dos tempos.
◦ Identificar o uso da Matemática na literatura popular em seus contos, adivinhas, trovas com trava-línguas, frases-feitas, parlendas e ditados populares brasileiro, além do das palavras.
◦ Perceber que existem diferentes tipos de manifestação do folclore.
Duração das atividades:2 aulas de 50 min.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:
◦Leitura e linguagem oral envolvendo adivinhas, trovas com trava-línguas, quadras populares, parlendas e cantigas de roda.
Estratégias e recursos da aula:
Nas aulas anteriores, realizar atividades nas quais tenham surgido diferentes manifestações folclórica como lendas, parlendas, provérbios, adivinhas canções, discutindo a diferença entre elas e sua importância na cultura de um lugar.
1º momento
Sala dividida em cinco grupos, cada qual com uma caixa sobre uma das mesas.
Elas devem ter o mesmo tamanho, mas forradas de cores diferentes.
Ao entrar na sala, cada aluno retira um cartão de um saco ou envelope e se dirige ao grupo onde se encontra a caixa com a mesma cor dos sorteados por ele.
(Deve haver o mesmo número de cartões e de alunos, divididos igualmente pelas cores das caixas.) Convidar os alunos a conhecerem a história de um gambá muito sonhador.
Fonte do texto e imagem(scaneada) do livro:
“Histórias que o povo conta” de Ricardo Azevedo, editora Ática.
Pedir que os alunos abram sua caixa somente quando for pedido.
Conto de Sabedoria
Também chamado de conto de exemplo.
Apresenta, claramente, uma lição para a vida.
Quase todos os contos populares fazem isso, mas no caso dos contos de sabedoria é mais evidente.
É o que você vai perceber na história a seguir, que fala de um gambá muito sonhador.
"O Gambá e o jarro de leite"
O gambá vivia escondido num buraco em cima da árvore.
Toda noite, depois que o fazendeiro ia dormir, o danado saía da toca e desandava a fazer coisas errada. Roubava e comia as frutas do pomar.
Entrava na cozinha e bebia a cachaça.
Brigava com o gato.
Arrombava a porta do galinheiro, chupava os ovos e ainda matava um monte de galinhas.
Um dia, o gambá encontrou um jarro cheio de leite e logo teve uma idéia.
Mandou fazer um paletó, botou o jarro na cabeça e foi embora para a cidade.
“Vou trocar o jarro por duas dúzias de ovos”, pensou o gambá.
“Dos ovos vão nascer vinte e quatro pintinhos.
Os pintinhos vão crescer e virar vinte e quatro frangos.
Vou vender meus frangos e com o dinheiro compro um boi e três vacas.”
O gambá sorria andando pela estrada de terra com o garrafão no alto da cabeça.
“Do boi e das três vacas vão nascer muitos e lindos bezerrinhos.
Vou criar os bezerros para vender e depois comprar mais bois e mais vacas.
Quando a minha criação de gado ficar bem grande, vendo tudo e compro uma fazenda.”
O gambá sonhava.
“Minha fazenda vai ser das grandes.”
E o bicho andava, e andando via sua fazenda na sua frente.
“Ali”, apontava, ele com o dedinho no espaço, “vai ser o pomar cheios de frutas deliciosas”.
“Mais pra lá”; mostrava ele com a outra mão, “vou construir um curral.
Em cima daquele morro, assim,vai ser o pasto para criação de gado.
Minha casa vai ficar bem ali, perto do lago.
Vou ter ovos, pois pretendo construir um galinheiro.”
O gambá ria sozinho:
“Vou ficar rico. Vou ter um baú cheio de dinheiro.”
E ria mais.
“Fora isso, vou mandar plantar bastante cana pra fazer cachaça só pra mim.”
E o malandro já se imaginava de bota de couro e chapéu de abas largas, fumando charuto e andando na sua fazenda imensa.
Sonhou tanto que acabou tropeçando numa pedra.
O jarro escorregou e espatifou no chão.
O gambá ficou parado olhando o leite derramado.
Depois voltou para o seu buraco em cima da árvore, pegou uma violinha de dez cordas e cantarolou:
Minha gente eu tive um sonho
Quis do nada fazer renda
Sonhei que de um simples jarro
Eu tirava uma fazenda
Sem trabalho nem esforço
Só na manhã e na moleza
Quis ter dinheiro e fortuna
Que ser rico é uma beleza!
Mas foi tudo uma miragem
Bem no meio do caminho
Bem no meio da viagem
Uma pedra fez seu ninho
Que tristeza, minha gente
Por causa de um tropeção
Lá se foi minha esperança
Meu sonho quebrou no chão
Adeus, frutas do pomar
Adeus, gado e galinheiro
Adeus, fazenda e cachaça
Adeus, baú de dinheiro
Agora vivo a cantar
Que chorar não me consola
Perdi fazenda e dinheiro
Mas guardei minha viola!
Depois da história contada, discutir sobre a sabedoria nela existente e propor as seguintes questões:
a) O gambá disse que ia trocar o jarro por duas dúzias de ovos.
Se uma dúzia é igual a 12, quantos ovos haveria em duas dúzias de ovos?
E se fossem quatro dúzias?
E se fossem meia dúzia?
E se fossem três dúzias e meia?
b) O gambá venderia cada frango por R$9,00.
Se ele vendesse os 24 frangos, quanto ganharia?
c) Com o dinheiro, ele compraria um boi e três vacas e não sobraria troco.
Se os quatro animais tivessem o mesmo preço, quanto custaria cada um?
2º momento:
Pedir aos grupos para que abram a caixa e sigam as orientações encontradas em seu interior:
■ Ler o material com o grupo.
■ Relacionar o material lido a uma das manifestações folclóricas conhecidas pela turma.
■ Descobrir semelhanças entre a história ouvida e o material lido.
■ Contar suas descobertas para a turma.
Obs: Cada caixa conterá as orientações e uma das variações da literatura popular:
1ª Caixa: Adivinhas ou Adivinhações
a) Quando é que nove menos um é igual a dez?
(Quando o nove está em algarismos romanos – IX)
b) Qual a diferença entre uma lagosta de seis meses e um elefante de 14 anos? (13 anos e meio)
c) Quatro pernas e uma tábua. / Sou alegre porque sempre faço falta./ Aqui se come, se estuda./ Aqui é possível qualquer surpresa./Sou a essência da casa./ Quem sou eu? (A mesa)
d) Uma sala tem quatro cantos. Cada canto tem um gato.
Cada gato vê três gatos. Quantos gatos são? (4 gatos)
e) Trabalho com muito empenho, procuro sempre acertar.
Ensino, educo, esclareço: posso às vezes até errar, mas tenho boa intenção.
Sou uma trabalhadora! Quem sou eu? (A calculadora)
f) Que é, que é? Quanto maior, menos se vê? (A escuridão)
g) Uma meia, meia feita. Outra meia por fazer.
Diga-me, minha menina. Quantas meias vem a ser? (Meia meia)
2ª Caixa:: Parlendas
(Versos de cinco ou seis sílabas para entreter, acalmar ou escolher quem vai iniciar um jogo)
a) Um, dois- feijão com arroz.
Três, quatro- feijão no prato.
Cinco, seis- feijão pra nós três.
Sete, oito- feijão com biscoito.
Nove, dez- feijão com pastéis.
b) “História da velha que tinha dez filhos.”
(Citada no “Folclore da Matemática” do Prof. Mello de Souza)
Era uma velha que tinha 10 filhos
Todos 10 dentro de um fole;
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 10, ficaram 9 E esses 9, meu bem, que ficaram
Foram logo fazer biscoito
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 9, ficaram 8
E esses 8, meu bem, que ficaram
Foram brincar com canivete
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 8, ficaram 7
E esses 7, meu bem, que ficaram
Foram fazer um bolo inglês
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 7, ficaram 6
E esses 6, meu bem, que ficaram
Foram a porta bater no trinco
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 6, ficaram 5
E esses 5, meu bem, que ficaram
Com o Diabo fizeram um trato
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 5, ficaram 4
E esses 4, meu bem, que ficaram
Foram aprender português;
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 4, ficaram 3
E esses 3, meu bem, que ficaram
Foram ao campo buscar cem bois,
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 3, ficaram 2
E esses 2, meu bem, que ficaram
Foram ao mato caçar anum,
Deu o tango-lo-mango num deles,
Desses 2, restou só 1!
E esses 1, meu bem, que ficou
Foi brincar com Lampeão,
Deu o tango-lo-mango no tal,
E acabou-se a geração...
c) Serra madeira
Senhor carpinteiro
Serra direito
Pra ganhar dinheiro. (Sistema monetário)
3ª Caixa:Trava-línguas
(Parlendas que apresentam dificuldades na pronúncia de suas frases.)
a) Uma tartaruga, duas tartarugas, três tartarugas, tagarelam no rio.
b) O tempo perguntou pro tempo, qual é o tempo que o tempo tem
O tempo respondeu pro tempo que não tem tempo de dizer pro tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem.
c) Porque um ninho de carrapatos,
Cheio de carrapatinhos.
Qual o bom carrapateador
Quem o descarrapateará?
d) Um ninho de mafagatos,
Com sete mafagatinhos.
Quem os desmafagatizar,
Bom desmafagatizador será.
e) Um ninho de mafagafa,
Com sete mafagafinhos.
Quem os desmafaguifar,
Bom desmafaguifador será.
4ª Caixa: Quadras populares
(Poemas de quatro linhas, onde o segundo verso sempre rima com o quarto.)
a) Dois beijos tenho na boca
Que jamais esquecerei
O primeiro que me deste
O primeiro que te dei.
b) Sexta-feira faz um ano
Que meu coração fechou
Quem morava dentro dele
Tirou a chave e levou.
c) Quem quiser vender eu compro
Um limão por um tostão
Para tirar uma moeda
No meu triste coração.
d) Fui pedir a São Gonçalo
Que me fizesse casar
10 noivos apareceram
9 deles fiz voltar.
e) Calango fez um sobrado
Com 25 janelas
Para brotar moças brancas,
Mulatas cor de canela.
5ª Caixa: Provérbios
(Também chamados de ditados populares ou adágios, mostram a sabedoria do povo nas dificuldades da vida.)
a) Quando um não quer, dois não brigam.
b) 12 galinhas e 1 galo, comem tanto como 1 cavalo.
c) Quem aos 20 não sabe, aos 30, não casa, aos 40, não tem: Tarde sabe, tarde casa, tarde tem.
d) Quem tem 100 e deve 100, nada tem.
e) Mais vale um pássaro na mão que dois voando.
f) Os últimos serão os primeiros.
g) Antes tarde do que nunca.
3º momento:Depois da leitura e da discussão dos grupos, pedir que eles contem o que descobriram nas situações apresentadas.
Recursos Complementares:
Livros: - Armazém do Folclore. Ricardo Azevedo. Ed. Ática.
- História que o povo conta. Ricardo Azevedo. Ed. Ática.
- Folcloriando. Amir Piedade. Ed. Elementar.
- O Livro das Adivinhações. Renata Pallttini. Ed. Moderna.
- Didática do Folclore. Corina Maria Peixoto Ruiz. Ed. Arco-Íris.
- O jogo da parlenda. Heloisa Prieto. Ed. Companhia das letrinhas.
Avaliação:
◦ Observação dos grupos durante a leitura e discussão dos textos.
◦ Apresentação oral das descobertas dos grupos
Armazém do folclore: PNLD literário: AQUI
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