As fábulas indígenas são importantes joias da literatura oral brasileira e transmitem aos seus leitores inúmeros aprendizados. O cágado e a fruta, recontado por Rosinha, trata da história de uma fruta muito especial, desejada por todos. No entanto, apenas os que sabem seu nome podem comê-la. A feiticeira, a única da floresta
que sabe o nome da fruta, não ajuda ninguém e algo inusitado sempre acontece a todos aqueles que a procuram para tentar descobrir o tão famoso e, ao mesmo tempo, desconhecido nome. Porém, o cágado, muito esperto, sabe uma forma de não esquecer a preciosa informação, mas alguns acontecimentos aguardam o animal.
O cágado e a fruta
Proposta de trabalho
Havia no bosque uma árvore com suculentos frutos. Mas os bichos estavam proibidos de comê-las. Será que o esperto jabuti vai arranjar um jeito de provar deste fruto?
Fábula
O Jabuti e a Fruta
Origem: do livro “Histórias à Brasileira” recontadas por Ana Maria Machado
Uma vez apareceu na floresta uma árvore nova que dava uma fruta que todos os bichos ficaram com vontade de comer, mas só podia comer quem primeiro soubesse o nome da fruta. E, para ficar sabendo, era preciso perguntar a uma mulher que tomava conta da árvore e morava meio longe.
Depois, embaixo da árvore, tinha que dizer o nome da fruta bem certinho. Então a fruta amadurecia e caía.Um por um, cada bicho ia lá na casa da mulher e perguntava. Ela respondia. Ela não podia enganar ninguém. Tinha que responder direito, o nome certo, como o deus da mata havia mandado.
Mas era um nome enorme e complicadíssimo. Quando chegava na metade do caminho, o bicho já havia esquecido e não podia voltar lá pra perguntar de novo. Precisava guardar bem direitinho na cabeça para não esquecer.
Para complicar ainda mais, a mulher fazia uma coisa ruim, só para atrapalhar. Misturava as idéias na cabeça do bicho que perguntava. Quer dizer, depois de falar bem certinho o nome da fruta, quando o bicho já estava indo embora, tentando guardar o nome da fruta, ela chamava:
– Ei, espera um pouquinho, compadre, que eu acho que me enganei ! E então começava a dizer várias outras palavras para confundir.
…. Até que chegou a vez do Jabuti.
Sabendo do que tinha acontecido com os outros, ele teve uma idéia. Levou sua violinha quando foi se apresentar à mulher:
– Por favor, a senhora pode me dizer qual é o nome da fruta ?
Ela respondeu:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
Rapidamente ele inventou uma musiquinha e começou a dedilhar as cordas da viola enquanto cantava:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
E num instantinho a mulher chamou:
– Ei, seu Jabuti, não é que eu lhe dei uma informação errada ? O nome da fruta não é esse não. É Puçá, Puçá, Puçacambira, Puçuarinha.
E o Jabuti não parou de cantar.
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
E a mulher vinha atrás dele, falando sem parar.
– Ou será que eu me enganei ? Acho que é Içá, Içá, pega na imbira, solta a farinha ….
E o Jabuti firme, dedilhando sua viola:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
A mulher não desistia:
– Ou será que é Assá, Assá, viu curupira, viu você ?
E o Jabuti não parava um segundo:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
A mulher ficou furiosa, passou a mão num pedaço de pau e deu uma pancada no Jabuti que rachou seu casco todinho, mas o teimoso não parou:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
Continuou até que chegou perto da árvore e a mulher teve que voltar para casa. O Jabuti cantou:
– Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
Era o nome certo. A fruta caiu. Ele continuou cantando e foi uma chuva de frutas amadurecendo e caindo. Dava para todos os bichos provarem.
E, como as frutas tinham um visgo grudento que nem jaca, os outros bichos aproveitaram e usaram o visgo para colar os cacos do casco rachado do Jabuti.
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