Arca de Noé
"A educação é a arma mais poderosa
que você pode usar para mudar o mundo"
Nelson Mandela
"A educação é a arma mais poderosa
que você pode usar para mudar o mundo"
Nelson Mandela
O mundo ia acabar e Noé, reencarnado, foi convocado novamente.
Dessa vez foi pedido a ele que colocasse na Arca professores.
Um de cada tipo.
Acostumado a salvar animais do dilúvio, Noé resolveu fazer uma correspondência dos tipos de professores com os tipos de animais para lhe facilitar a vida.
O primeiro que Noé encontrou foi o professor-coruja.
Esse professor é um sabe-tudo e nada tem a aprender com ninguém.
Crê que já galgou o conhecimento e pronto.
Vive corrigindo todos do alto de seu pedantismo.
Desconfiou, claro, quando soube do dilúvio.
Como era possível que ele, que tudo sabia, dele não soubesse?
O diligente Noé continuou cumprindo sua missão.
Deparou-se com o professor-preguiça.
Folgado, o preguiça enrola para tudo.
Sempre faz no seu ritmo, pouco se importando com os outros.
Faz par com ele o professor-avestruz, que evita assumir responsabilidades.
Sempre que isso se lhe impõe, enfia a cabeça na terra e faz de conta que não é nem com ele.
Trabalho mesmo foi convencer o professor-galo a subir a bordo.
O galo é travoso, posudo e vive a entoar discursos contra a globalização e o neoliberalismo, mas dar aulas mesmo que é bom, nada.
Acabou entrando, mas não sem antes pendurar na Arca uma faixa vermelha com frases de protesto, sua especialidade.
Depois do galo, subiu o professor-pavão.
Extravagante, o pavão faz tudo para aparecer.
Impossível não notá-lo.
O professor-cobra também foi à Arca.
Por Noé, o cobra não iria, pois é venenoso e maledicente.
Mas Noé estava cumprindo ordens e o cobra ficou.
Outro convidado a contragosto a embarcar foi o professor-urubu.
Como todos sabem, o urubu gosta de carniça, da coisa podre.
Faz parte do grupo do quanto pior, melhor.
É catastrófico e tudo para ele é razão do apocalipse.
Ele ficou feliz com o iminente dilúvio porque a perspectiva do fim do mundo, justificativa que sempre o impediu de trabalhar, estava virando realidade.
E assim foi.
Entraram ainda o professor-anta, que é professor não se sabe como, o professor-lombriga, que por qualquer coisinha tira uma licença médica, o professor-borboleta, que fica ali quietinho na sua crisálida, alheio à floresta que o cerca como se nada fosse com ele.
Vieram ainda o professor-hiena, que ri de tudo, o professor-onça, que ensina na base do medo, e o professor-leão, líder dos outros professores.
Chegaram juntos o professor-morcego, que voa às cegas e dá aulas sem prepará-las, o professor-peixe, que se não estiver num ambiente 100% perfeito não sobrevive (e até agora me pergunto porque salvar um peixe do dilúvio) e o professor-aranha, que gosta de pôr armadilhas para seus alunos caírem.
Muito aplaudido foi o popular professor-cigarra, que com seu violão sempre anima as culminâncias pedagógicas.
Quando a Arca já ia sair, alguém se lembrou de avisar Noé que ele havia esquecido o professor-formiga.
O formiga faz seu trabalho individual, mas pensando no coletivo.
É eficiente sem muito alarde.
Noé parou e foi buscá-lo. Se os outros estavam na Arca, por que logo o formiga, o exemplo, ficaria de fora?
Se bem que na vida real, quase sempre os outros não deixam muito espaço para ele mesmo. Suspeita-se até que está em extinção.
Poucos sabem, mas o nome da Arca de Noé era Escola.
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