Em Portugal, no dia 1 de Novembro, no dia de Todos os Santos, existe uma tradição similar chamada "Pão por Deus" ou "Dia dos Bolinhos", em que as crianças, de manhã bem cedinho, saem à rua em pequenos grupos para pedir o "Pão por Deus".
Ao pedir o "Pão por Deus", cantam-se as seguintes cantilenas enquanto se anda de porta em porta:
"Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus."
Ou então:
"Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho.
“ Pão, pão por deus à mangarola,
encham-me o saco,
e vou-me embora.”
Quando os donos da casa dão alguma coisa:
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."
Quando os donos da casa não dão nada:
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto."
“O gorgulho gurgulhote
Lhe dê no pote,
E não lhe deixe
farelo nem farelote.”
Gênero Lírico
TEMA 1 - PãO-POR-DEUS
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Elabore um Pão-por-Deus direcionando-o a uma pessoa de seu agrado.
O poema deverá ser original e criativo.
Na parte plástica, você poderáutilizar outra forma que não seja ocoração recortado.
Aos meus alunos:
Lá vai o meu pão-por-Deus
Pelo canal da internet.
Chega a ti, bate na tela
Pra conquistar tua amizade.
(Fátima Duarte)
O Pão-por-Deus consiste na combinação de duas artes: a literária e a plástica, cultivado pelos moradores do litoral catarinense.
Na literatura, expressa-se em forma de quadras de sete sílabas poéticas (redondilhas maiores).
Na plástica, manifesta-se através do papel recortado.
A configuração do recorte estiliza um coração, porém pode ser apresentado com outras formas.
Nesses corações, os versos são escritos e enviados a um(a) amigo(a), namorado(a) ou a qualquer outra pessoa a que se deseja fazer um agrado.
Observe alguns exemplos
“Peço-peço é passarinho
Primo irmão do espero-espero.
Quando vem teu pão-por-Deus
Nas asas de um quero-quero?”
(Flávio José Cardozo)
“Lá vai meu coração
Neste pobre pão-por-Deus.
Se por mim possuis piedade,
Manda-me também o teu.”
(Alcides Buss)
“As estrelas são meu teto,
Teu coração é um ninho.
Se me deres pão-por-Deus
Eu me faço passarinho.”
(Hugo Mund Júnior)
“O sossego disse adeus,
O silêncio me consome.
Manda urgente pão-por-Deus,
Aceito por telefone.”
(Ieda Inda)
De pão-por-Deus só peço um beijo,
Um beijo pequeninho assim,
Pois, pobre de mim, sou tão feio
E tua formosura é sem fim.
(Jair Francisco Hamms)
Desce a lua, sobe o sol;
Desce o sol, lá sobe a lua.
Se me deres pão-por-Deus,
Minha vida é toda tua.
(Júlio de Queiroz)
O Pão-por-Deus que são enviados como missivas de amor, amizade ou simpatia hoje tem sua origem em Portugal e nas ilhas de Açores.
Alguns historiadores informam que recebemos de nossos patrícios apenas a expressão pão-por-Deus, pois essa arte tão antiga correspondia a um pedido com forma e objetivo diferentes.
Lá o Pão-por-Deus era uma solicitação oral feita por garotos, os quais pediam pão e guloseimas aos adultos.
O dia do peditório acontecia dia 1º de novembro ou dia 2 (Dia de Finados).
Fontes
1) Cadernos da Cultura Catarinense. Florianópolis, abril a junho 1985, p.8,9 e 10.
2) Vecchietti – Pão-por-Deus / Alcides Bus set al. Florianópolis : Garapuvu, 2002
Tesouros a descobrir
Autor: Juliana Dalla
Ilustrações: Jefferson Galdino
Pão por Deus é um gênero literário popular de origem portuguesa.
Espalhou-se pela cultura lusitana através dos pedidos infantis por doces e guloseimas na época de Finados.
Assim que desembarcou no litoral catarinense, o Pão por Deus virou quadrinhas com mensagens variadas, escritas em papéis com formas e picotes especiais
Pão-por-Deus é uma tradição cultural trazida para o Brasil (principalmente, para o litoral) pelos colonizadores provenientes do Arquipélago de Açores, em Portugal.
Sua origem é bastante plural e discutida, mas aqui no Brasil ganhou outros significados e formas de expressão.
A principal delas, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi a de versos escritos em quadrinhas setessílabas, em corações de papel brancos ou coloridos, recortados, rendilhados e enfeitados.
Geralmente escritos de modo anônimo, as quadrinhas rimadas continham, desde declarações de amor, pedidos de presentes a recados e até “desaforos”.
Essas rimas poderiam ser imitadas, repetidas ou serem originais.
A forma como eram produzidos demonstravam o apreço que se tinha pela pessoa que ia receber a mensagem.
Quanto mais elaborado e original, maior o carinho e a estima de quem enviava.
Assunto: poesia popular de origem portuguesa.
Interdisciplinaridade: linguagem oral e escrita, identidade e autonomia, Estudos Sociais, História, Geografia.
Transversalidade: meio ambiente rural, temas locais, pluralidade cultural, afetividade.
Proposta: organizar uma sessão de produção de estrofes "pão por Deus" para que crianças troquem entre si.
Produzir cópias para que cada criança tenha a sua própria produção e a dos colegas.
Realizar leituras coletivas da produção.
Indicação: Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental
Todo mundo gosta de navegar, descobrir novos lugares, se aventurar.
Todo mundo gosta de conhecer,mas o melhor é aprender!
" Estudar é navegar mares distantes,
é descobrir paisagens,ilhas,continentes,
mas para não navegar por aí errante,
que tal se tornar um almirante?"
" Cultivar o fazer assegura
uma navegação mais segura,
praticar o que foi ensinado
esse é o velho ditado."
" Sozinho ninguém navega
é preciso acrescer.
Não há melhor lição que esta:
Comentário da krika:
Vivendo a aprendendo, sempre.
Tesouros a descobrir fez-me pesquisar sobre
a tradição portuguesa "Pão por Deus".
Muito singela a ilustração de Jefferson Galdino.
As páginas parecem tecido bordado.
Lembram do bordado matiz?
Dá vontade de passar o dedo,
sentir o tecido,linhas e bordados.
Parabéns!
Através desta fofura de rimas,
fui a fundo atrás do Pão por Deus...
No dia das bruxas há abóboras, disfarces e travessuras.
No pão-por-deus , de saco na mão, pedem-se doçuras.
O pão por Deus é muito parecido com o Halloween, as suas únicas diferenças são:
o Halloween é dedicado às bruxas e as crianças pedem doces à noite dizendo “Doce ou Partida” e o Pão por Deus é dedicado aos santos (os amigos especiais de Deus) e a crianças, de manhã, pedem doces dizendo “Pão por Deus”.
Na saquinha de retalhos,
Trago quadras de improviso,
Vão por ruas e atalhos,
À cata do bom sorriso.
É dia do Pão-por-Deus,
Cantam os Santos no céu;
Seja por alma dos seus
O que dá a este ilhéu.
Andam crianças em bando,
A pedir pelos beirais,
Alegres sempre cantando
Como pequenos pardais.
Bato à porta com alegria,
Esperando ser atendido,
Porque o valor deste dia
Será no Céu recebido.
No dia do Pão-por-Deus,
Sai à rua em excursão,
Este dom, de versos meus,
Em louvor dos que lá estão.
Em saquinhas coloridas,
De retalhos abençoados,
Andam nas mãos estendidas
A pedir pelos finados.
No dia do Pão-por-Deus,
Cantam os Anjos no Céu,
Pelos Santos teus e meus,
Com o coração ilhéu.
Em cada porta que passo,
Com uma estrofe na mão,
É uma obra que faço
Em honra do nosso Irmão.
Eu vou pedir a Jesus,
No dia do Pão-por-Deus
Que alivie cada cruz
Que pousa nos irmãos seus.
Abro a boca da saquinha,
P'ra vos dar uma cantiga,
Se me derem a esmolinha,
Cumpre-se a moda antiga.
Pela lustrosa moeda,
Faço a quadra deste dia:
É um "Pão" que não azeda
E é dado com alegria.
Não se negue à criança,
O gosto da tradição,
P'ra que fique na lembrança
O dia da petição.
Por alma da sua gente,
Trago a quadra na sacola,
Agradeço o seu presente
Que valerá como esmola.
Levo uma rua a eito,
A bater de porta em porta,
Sorrindo a cada sujeito
P'la moeda que conforta.
Dia de Todos-os-Santos,
O mesmo que Pão-por-Deus;
Na ilha, em todos os cantos,
Louvam-se os meus e os seus.
No dia do Pão-por-Deus,
Vais levar uma saquinha,
Com alguns dos versos meus,
Gratos pela esmolinha.
A obra de caridade,
Reluz sempre neste dia,
Reluz sempre neste dia,
Porque na tenra idade
Há o dom da alegria.
Trago no rosto o sorriso,
E a quadra a condizer:
O Pão-por-Deuss eu preciso
Para assim lhe agradecer.
Hoje é dia de Festa
No céu e todos os cantos;
Uma estrofe como esta
Louva cada um dos Santos.
Vão retalhos multi-cores,
Em saquinhas pequeninas,
No peditório louvores
Dos meninos e meninas.
Neste dia tão bondoso,
Pão-por-Deus feito na ilha,
Torna o gesto glorioso
Pela esmola que partilha.
Jesus também foi menino,
E transmitiu a Bondade,
E quanto mais pequenino
Mais ela luz de verdade.
Uma forma original
De pedir o Pão-por-Deus:
Agradeço, em especial,
Com alguns dos versos meus.
Uma prenda lhe vou dar,
Por me dar também a sua,
E p'ra sempre vou louvar,
O Pão que por Deus actua.
Quadras para professores:
Português
Trago a estrofe para si,
Lembrando os «Pão-por-Deus»,
E venho, agora, aqui
Para agradecer os seus.
Moral e Religião
O que é dado com Amor,
No dia do «Pão-por-Deus»,
É autêntico louvor
Aos Santos que estão nos Céus.
Educação Visual
«Pão-por-Deus» é das crianças,
Que vão pedir com saquinhas,
E trazem doces lembranças
De quem dá pelas alminhas.
Geografia
Do Minho veio p'ra ilha,
Terceira, de bons ilhéus,
E verá muita partilha
No dia do «Pão-por-Deus».
Físico-Química
É um dia especial,
Que lembra Todos-os-Santos,
Pedir também é normal
P'ras saquinhas de uns quantos.
Ciências Naturais
Sou natural da Serreta,
E já pedi «Pão-por-Deus».
Segue agora, com veneta,
O mais novo dos filhos meus.
História
Nas ilhas Açorianas,
Vão meninos em folia,
Alegres flores humanas
No peditório do dia.
Educação Física
Hoje pareço um atleta,
Na corrida aos «Pão-por-Deus»;
E em vez duma raqueta
Trago a saca pelos seus.
Matemática
Matemática p'ra contar,
As ofertas que me dão,
«Pão-por-Deus» para ajudar
Quem vai de saca na mão.
Inglês
Na aula ganho a lição,
Em casa ganha a mãe;
Venho de saca na mão,
Para ganhar um vintém.
Francês
Nesta ilha de Jesus,
Vão crianças sorridentes,
Co'a saquinha que reluz
De alegria p'los presentes.
Quadra para o Pipoca:
Já deste os teus cartões
Aos amigos e professores
Mesmo sem veres tostões
Mereceste alguns louvores.
Autoria: Quadras da mãe "Azoriana"
Texto instrucional
Receita dos bolinhos do Pão por Deus
Ingredientes
2 Kg de farinha
2 kg de batata cozida
1,5 Kg de açúcar
8 ovos
125 g de manteiga
raspa de 2 limões
1 colher de chá com canela
1 colher de chá com erva doce
1 colher de chá com fermento em pó
nozes, passas, pinhões, figos, a gosto...em pedaços pequenos
Cozer a batata e passar com o passe-vite.
Misturar o açúcar e a manteiga ao puré ainda quente e mexer bem.
Juntar os ovos um a um e misturar.
Adicionar a raspa dos limões, a canela, a erva doce e o fermento.
Depois juntar a farinha, amassando bem.
Por fim juntar os frutos secos e misturar na massa.
Podem adicionar mais farinha, a fim de se tenderem os bolinhos sem se colarem às mãos.
Esta massa não precisa levedar.
Tendem-se então os bolinhos que vão ao forno quente em tabuleiros polvilhados com farinha.
Bom apetite e Bom Pão por Deus
Gênero literário: Propaganda
"Pedir um pão-por-Deus
É cultura popular
Vinda lá dos Açores
Para o povo cultivar;
É preciso começar
O resgate da tradição
Pedindo o Pão-por-Deus
Em forma de coração;
Envie um coração
E a cultura voltará ao presente
Peça o seu pão-por-Deus
Para orgulho de seus descendentes."
Sua origem é bastante plural e discutida, mas segundo alguns estudos, aqui ganhou outros significados e formas de expressão.
A principal delas, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi a de escrita em quadrinhas setessílabas, em corações de papel brancos ou coloridos, recortados, rendilhados e enfeitados.
O objetivo de sua escrita é variado e, de acordo com a pesquisadora Maria Eli Mannrich, tomou formas diferentes, em épocas diferentes.
Geralmente escrito de modo anônimo, suas quadrinhas rimadas continham, desde declarações de amor, pedidos de presentes à recados e até “desaforos”.
Essas rimas poderiam ser imitadas, repetidas ou serem originais.
A forma como era produzido demonstrava o apreço que se tinha pela pessoa que ia receber a mensagem.
Quanto mais elaborado e original, maior o carinho e a estima de quem enviava.
Conhecer a história e a origem do Pão-por-Deus me aproximou ainda mais dessa tradição que aprendi desde menina, passada por minha mãe.
Talvez tenha sido a primeira expressão artística que tenha exercitado e sempre tive vontade de perpetuar essa prática de alguma maneira.
Homenagear minha avó, minha mãe e minhas raízes.
Aqui está!
Minha expressão através do trabalho artesanal e de customização é semelhante ao cuidado de quem prepara um coração rendilhado com poesia: muito especial!
Uma histórinha....
Então eu vou contar como foi o dia 1 de Novembro de 2008, em que eu fui pedir Pão por Deus.Nesse dia de manhã, estava eu a acordar do meu sono profundo, quando ouço, às 8:26, a minha mãe a dizer:
- Raquel acorda, olha que as tuas amigas devem estar quase a chegar.
E eu digo-lhe:
- Oh! Mãe, mas elas ainda devem estar a dormir!
Então eu levanto-me da cama e vou-me vestir, mas aí já são 9:00 horas, eu despacho-me, visto-me à pressa, pois alguém estava a tocar à campainha e eu pensava que já eram as minhas amigas, mas eram apenas uns rapazes, a pedir Pão por Deus, e a minha mãe lá lhes foi dar uns docinhos, enquanto eu lhe dizia:
- Já começa a alegria do Pão por Deus.
Pego no meu saco para ir ao Pão por Deus, sim, porque eu tenho um saco próprio para isso, foi a minha tia Necas que me trouxe de Fátima, é igual ao dos pastorinhos.
Saio de casa a correr, digo adeus aos meus pais, e lá vou ter com as minhas amigas.
Chego a casa delas cansada e vejo que ainda estavam a tomar o pequeno almoço, mas não foi só, pois elas disseram-me que nós ainda tínhamos que esperar pelas minhas primas Beatriz, com 5 anos, e Marta, com 2 anos, para irmos pedir Pão por Deus.
Passado um pouco, elas lá chegaram, então começámos o nosso caminho.
Eu dei a mão a uma das minhas primas e fomos a cafés, a prédios, a senhoras que vendem roupa, à minha tia que é vendedora de fruta e que até me deu uma pêra, e também a muitas casas.
Foi uma alegria: recebemos algumas moedas, muitos doces e bolachas.
O pior foi quando começou a chover muito, nós começámos a correr e fomos para casa da minha amiga, onde esperámos que a chuva passasse; quando a chuva acabou, nós continuámos a pedir doces e continuou a ser muito divertido, eu adorei.
No fim, o meu padrinho, pai das minhas primas, foi-me levar a casa, mas não estava lá ninguém; então ele levou-me para casa dele, onde eu passei o dia todo a brincar com as minhas primas até de noite.
Quando ele me foi levar novamente a casa, eu mostrei o meu saco, muitíssimo cheio, aos meus pais e aos meus irmãos: no saco havia:7,96 euros, muitos chocolates, muitos chupas e algumas gomas e rebuçados!
E foi assim o meu Pão por Deus, no dia 1 de novembro de 2008, que foi muito divertido!
Queria que todas as vezes que eu fosse ao Pão por Deus fossem assim, iguais a esta e que eu recebesse montes de doces.
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