Aprendendo com filmes
O que o aluno poderá aprender com esta aula
■desenvolver habilidades de expressão e argumentação orais, a partir de discussão sobre o tema proposto;
■reconhecer denúncias presente em uma narrativa fílmica;
■reconhecimento das especificidades de resenhas e sinopses;
■produzir uma resenha de filme.
Duração das atividades
7 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
■conhecer o gênero discursivo resenha;
■demonstrar habilidades básicas de leitura;
■conhecer a estrutura narrativa do gênero discursivo "conto";
■conhecer a estrutura narrativa do gênero discursivo "conto";
■fazer distinção entre linguagem conotativa e denotativa.
Estratégias e recursos da aula
■uso da mídia som/vídeo
■utilização do laboratório de informática;
■atividades em pequenos grupos em sala de aula.
Aula 1
Atividade
Importante: esta proposta de atividades foi realizada, após o trabalho, em sala de aula, com o conto “ A doida” de Carlos Drumond de Andrade, cuja temática trata da exclusão social que faz com que as pessoas que apresentam necessidades especiais fiquem à margem da sociedade.
Apresentamos, na seqüência, o Conto “A doida”, para que o professor possa dar início às atividades aqui propostas, partindo da leitura desse texto.
Texto:
Sinopse:
Na cidade, ninguém gostava daquela velha. Um dia, três garotos resolveram se divertir atirando pedras na casa da velha. Como não obtiveram resposta, dois deles desistiram, apenas um garoto quis ir ainda mais longe. Ou melhor, mais perto da doida. Leia o conto para descobrir o que aconteceu com ele.
A doida
(Carlos Drummond de Andrade)
A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se.[...]
Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim.
Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.
Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de sessenta anos, e, loucura e idade, juntas, lhe lavravam o corpo). Corria, com variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento, uma festa estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se viram. [...] Repudiada por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura com a família se mantivesse inalterável. [...]
Vinte anos de tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passava m pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. [...]
Os três verificaram que quase não dava mais gosto apedrejar a casa. As vidraças partidas não se recompunham mais. A pedra batia no caixilho ou ia aninhar-se lá den tro, par a voltar com palavras iradas. Ainda haveria louça por destruir, espelho, vaso intato? Em todo caso, o mais velho comandou, e os outros obedeceram na forma do sagrado costume. Pegaram calhaus lisos, de ferro, tomaram posição. Cada um jogaria por sua vez, com intervalos para observar o resultado. O chefe reservou-se um objetivo ambicioso: a chaminé.
O projétil bateu no canudo de folha-de-flandres enegrecido – blem – e veio espatifar uma telha, com estrondo. Um bem-te-vi assustado fugiu da mangueira próxima. A doida, porém, parecia não ter percebido a agressão, a casa não reagia. Então o do meio vibrou um golpe na primeira janela. Bam! Tinha atingido uma lata, e a onda de som propagou-se lá dentro; o menino sentiu-se recompensado. Esperaram um pouco, para ouvir os gritos [...] era tudo a mesma paz.
Aí o terceiro do grupo, em seus onze anos, sentiu-se cheio de coragem e resolveu invadir o jardim. Não só podia atirar mais de perto na outra janela, como até praticar outras e maiores façanhas. Os companheiros, desapontados com a falta do espetáculo cotidiano, não queriam segui-lo. E o chefe, fazendo valer sua autoridade, tinha pressa em chegar ao campo.
O garoto empurrou o portão: abriu-se. Então, não vivia trancado?... E ninguém ainda fizera a experiência. Era o primeiro a penetrar no jardim, e pisava firme, posto que cauteloso. Os amigos chamavam-no, impacientes. Mas entrar em terreno proibido é tão excitante que o apelo perdia toda a significação. Pisar um chão pela primeira vez; e chão inimigo. Curioso como o jardim se parecia com qualquer um; apenas era mais selvagem, e o melão-de-são-caetano se enredava entre as violetas, as roseiras pediam poda, o canteiro de cravinas afogava-se em erva. Lá estava, quentando sol, a mesma lagartixa de todos os jardins, cabecinha móbil e suspicaz. O menino pensou primeiro em matar a lagartixa e depois em atacar a janela. [...]
A lagartixa salvara-se, metida em recantos só dela sabidos, e o garoto galgou os dois degraus, empurrou a cancela, entrou. Tinha a pedra na mão, mas já não era necessária; jogou-a fora. Tudo tão fácil, que até ia perdendo o senso da precaução [...].
A princípio não distinguiu bem, debruçado à janela, a matéria confusa do interior. Os olhos estavam cheios de claridade, mas afinal se acomodaram, e viu a sala, completamente vazia e esburacada, com um corredorzinho no fundo, e no fundo do corredorzinho uma caçarola no chão, e a pedra que o companheiro jogara.
Passou a outra janela e viu o mesmo abandono, a mesma nudez. Mas aquele quarto dava para outro cômodo, com a porta cerrada. Atrás da porta devia pois estar a doida, que inexplicavelmente não se mexia, para enfrentar o inimigo. E o menino saltou o peitoril, pisou indagador no soalho gretado, que cedia.
A porta dos fundos cedeu igualmente à pressão leve, entreabrindo-se numa faixa estreita que mal dava passagem a um corpo magro.
[...]
O menino foi abrindo caminho entre pernas e braços de móveis, contorna aqui, esbarra mais adiante. O quarto era pequeno e cabia tanta coisa.
Atrás da massa do piano, encurralada a um canto, estava à cama. E nela, busto soerguido, a doida esticava o rosto para frente, na investigação do rumor insólito.
Não adiantava ao menino querer fugir ou esconder-se. E ele estava determinado a conhecer tudo daquela casa. De resto, a doida não deu nenhum sinal de guerra. Apenas levantou as mãos à altura dos olhos, como protegê-los de uma pedrada.
Ele encarava-a com interesse. Era simplesmente uma velha, jogada no catre preto de solteiro, atrás da barricada de móveis. E que pequenininha! O corpo sob a coberta formava uma elevação minúscula. Miúda, escura, desse sujo que o tempo deposita na pele, manchando-a. E parecia ter medo.
Mas os dedos desceram um pouco, e os pequenos olhos amarelados encararam por sua vez o intruso com atenção voraz, desceram, sem saber o que fizesse.
A criança sorriu, de desaponto, sem saber o que fizesse.Então a doida ergueu-se um pouco mais, firmando-s e nos cotovelos. A boca remexeu, deixou passar um som vago e tímido.
Como a criança não se movesse, o som indistinto se esboçou outra vez.
Ele teve a impressão de que não era xingamento, parecia antes um chamado. Sentiu-se atraído para a doida, e todo desejo de maltratá-la se dissipou. Era um apelo, sim, e os dedos, movendo-se canhestramente, o confirmavam.
O menino aproximou-se, e o mesmo jeito da boca insistia em soltar a mesma palavra curta, que, entretanto não tomava forma. Ou seria um bater automático de queixo, produzindo um som sem qualquer significação?
Talvez pedisse água. A moringa estava no criado-mudo, entre vidros e papéis. Ele encheu o copo pela metade, estendeu-o. A doida parecia aprovar com a cabeça, e suas mãos queriam segurar sozinhas, mas foi preciso que o menino a ajudasse a beber.
Fazia tudo naturalmente, e nem conservava qualquer espécie de aversão pela doida. A própria ideia de doida desaparecera. Havia no quarto uma velha com sede, e que talvez estivesse morrendo.
Nunca vira ninguém morrer, os pais o afastavam se havia em casa um agonizante. Mas deve ser assim que as pessoas morrem.
Um sentimento de responsabilidade apoderou-se dele. Desajeitadamente, procurou fazer com que a cabeça repousasse sobre o travesseiro. Os músculos rígidos da mulher não o ajudavam. Teve que abraçar-lhe os ombros – com repugnância – e conseguiu, afinal, deitá-la em posição suave.
Mas a boca deixava passar ainda o mesmo ruído obscuro, que fazia crescer as veias do pescoço, inutilmente. Água não podia ser, talvez remédio...
Passou-lhe um a um, diante dos olhos, os frasquinhos do criado-mudo. Sem receber qualquer sinal de aquiescência. Ficou perplexo, irresoluto. Seria caso talvez de chamar alguém, avisar o farmacêutico mais próximo, ou ir à procura do médico, que morava longe. Mas hesitava em deixar a mulher sozinha na casa aberta e exposta a pedradas. E tinha medo de que ela morresse em completo abandono, como ninguém no mundo deve morrer [...].
Texto disponível em:
Vídeo disponível em:
Após a leitura, o professor deverá abrir espaço para comentários sobre o texto.
1. O texto narra a aventura de três meninos que resolvem se divertir atirando na casa de uma velha, considerada louca pelos habitantes da cidade.
a. Com a experiência vivida, qual foi a transformação sofrida pelo garoto?
b. O texto lido provoca reflexões sobre o relacionamento das pessoas com o “outro”. Comente sobre cada um desses temas maldade infan til, família, o casamento tradicional, a família, a loucura, a velhice e a solidão.
Aula 2
Atividade
Após conversar com os alunos sobre o texto, o professor deverá informá-los do objetivo de se assistir ao filme “ Meu nome é Rádio”, qual seja: fornecer subsídios para a discussão do tema inclusão social.
A seguir, o professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática pesquisarem sobre a ficha técnica e sinopse do filme.
Objetivo dessa atividade: mostrar aos alunos que uma sinopse apresenta brevemente informações sobre uma determinada produção cultural, um filme, por exemplo. A função crítica de uma sinopse é mostrar a opinião de um jornalista especializado a respeito de uma produção cultural e orientar/guiar o público a respeito de suas características.
As sinopses geralmente são veiculadas em contracapas de caixas de vídeos, jornais, revistas, folhetins expostos em bilheterias de cinemas e na internet.
Durante a pesquisa, os alunos deverão responder à s questões:
a. Que aspectos do filme são ressaltados? Os positivos ou negativos?
b. A partir da leitura da sinopse, deduza: como esse filme poderia ser classificado em vídeos locadoras: terror, comédia, romance, drama, suspense? Justifique sua resposta.
c. Quais são os atores principais? O que se informa sobre eles?
d. Qual é a função das imagens?
Disponível em:
Aulas 3,4 e 5
Atividade 1
O professor deverá levar os alunos à sala de vídeo para assistir ao filme “Meu nome é Rádio” (disponível em locadoras) cuja temática é a mesma abordada no conto “A doida” de Carlos Drummond de Andrade. Nesse filme, o diretor Michael Tollin conta a história verídica de um treinador de um time de futebol que passa a ser o tutor de um jovem negro com deficiência mental. O treinador faz com que esse jovem venha se torne um homem corajoso, ensinando-o a nunca desistir de seus sonhos.
Atividade 2
Em sala de aula, em grupo de quatro pessoas, os alunos deverão responder às seguintes perguntas sobre o filme:
Filme: Meu nome é Rádio
Gênero: Drama
Tempo: 109 min.
Lançamento: 2003
Lançamento em DVD: abril de 2004
Estrelando: Cuba Gooding Jr., Ed Harris, Brent Sexton, Sarah Drew, Debra Winger
Dirigido por: Michael Tollin
1. Qual é o principal tema abordado no filme?
2. O filme baseia-se na história real de James Robert Kennedy – Rádio, no filme, interpretado por Cuba Gooding Jr.- Fal e sobre essa personagem, caracterizando-a.
3. O que o treinador Harold Jones faz para ajudar Rádio? Ele foi importante para que Rádio superasse suas limitações? Comente.
4. Qual é a principal denúncia do filme feita por meio a história de Rádio?
5. Em que aspectos o conto “A doida” de Carlos Drummond de Andrade, a música “Balada do louco” de Rita Lee e Arnaldo Baptista e o filme “Meu nome é Rádio” se relacionam? Comente.
6. O que você aprendeu com a história de Rádio? Comente.
7. Você conhece alguma lição de solidariedade e amizade em sua comunidade? Qual? Quem são os envolvidos?
8. Aulas de Educação Física são fundamentais para o bom desenvolvimento de crianças e jovens. Mais importante ainda é fazer com que sejam criadas escolinhas de esporte nas escolas e que surja m equipes representando cada u ma delas em diferentes esportes (futebol, basque te, atletismo, tênis de mesa, xadrez, vôlei,etc.) Isso é uma verdadeira tradição nos Estados Unidos e, de certa forma, explica como aquele país se tornou a mai or potê ncia esportiva do mundo.
Você concorda com a afirmação acima? Por quê? Comente.
9. Rádio é uma pessoa que apresenta dificuldade de aprendizagem. Essa situação no cotidiano escolar é responsabilidade de todos os profissionais da educação. Qualquer anomalia ou queda de rendimento de alunos tem que ser encaminhadas para orientadores e psicólogos e, quando necessário, sugerido o apoio de outros profissionais. Quanto mais rapidamente for feito o diagnóstico, mais facilmente será o apoio e o eventual tratamento.
Você concorda com o posicionamento acima, a respeito de pessoas que apresentam dificuldade de aprendizagem? Em nossa escola há casos dessa natureza? Qual é o tratamento dado a essas pessoas? Comente.
10. Sabemos que, nas escolas em geral, há certos alunos que têm poucos amigos, que mal falam em aula, que se escondem pelos cantos dos corredores ou ainda que nem frequentam os intervalos por timidez, por medo ou mesmo pela simples falta de uma palavra amiga que os levem a essa socialização.
a) O que os colegas podem fazer para ajudá-los, para que eles consigam se socializar e se integrar ao trabalho e às atividades da escola?
b) Você concorda que um dos papéis primordiais da educação é ensinar os alunos a entender as diferenças e estimular os intercâmbios e a cordialidade? Explique.
AULA 6
Atividade
O professor deverá destinar uma aula para que os alunos apresentem o resultado das discussões do grupo.
Aula 7
Atividade
Produção de texto:
Os alunos deverão produzir a resenha do filme assistido “ Meu nome é Rádio” que será entregue ao professor e posteriormente expostas no mural da sala.
Importante: Professor, lembre a seus alunos que uma resenha é um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc. Tem por objetivo informar o leitor a respeito de uma determinada produção cultural. Pelo fato de uma resenha tratar-se de uma síntese, o resenhista deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrição com momentos de crítica direta para produzir uma boa resenha. Uma resenha deve mostrar ao leitor as principais características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins, mas sem esquecer de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”.
Avaliação
A avaliação dar-se-á de forma processual, isto é, em todos os momentos em que os alunos estiverem participando das discussões e atividades propostas e, individualmente, por meio da realização das atividades escritas e da produção de uma resenha de um filme , atendendo às especificidades formais desse gênero discursivo.
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Querida amiga
ResponderExcluirHá filmes
tão carregados
de lições,
que aprendemos
sobre eles
a vida inteira.
Desejo que a alegria
faça folia em sua vida.