Como fazer um vídeo
Para produzir vídeos na escola não há necessidade de ferramentas sofisticadas.
O professor pode utilizar equipamentos simples e acessíveis como câmeras fotográficas e telefones celulares.
O que deve ser feito, em primeiro lugar, é despertar o interesse dos alunos.
Mostrar-lhes as possibilidades de construírem algo que poderá ser visto na escola, participar de festivais escolares, ou ser publicado na internet, para o mundo inteiro assistir.
A opinião é do professor multiplicador do Núcleo de Tecnologia Educativa de Teresina (PI), Gonçalo Nunes Barbosa, que destaca a importância de o professor ouvir os alunos e saber quais suas dúvidas, além de mostrar-lhes como é simples criar um vídeo.
Além disso, salienta, a escolha dos temas deve atender o desejo dos estudantes.
“Este é um ponto fundamental: o aluno se envolve com mais entusiasmo quando ele próprio decide o que quer fazer.
Cabe ao professor dar as condições técnicas e pedagógicas para que o estudante desenvolva seu trabalho”, acredita.
Na opinião de Gonçalo, o que os educadores devem se preocupar em transmitir para os alunos é que um bom trabalho se desenvolve quando se trabalha em equipe.
Assim, para ele é importante que os alunos conheçam o processo de produção de um filme, como é a divisão do trabalho, e o papel de cada indivíduo na equipe: o diretor, o roteirista, o cinegrafista, os atores etc.
Para ele, uma das vantagens que a produção de vídeos na escola traz é o fato de que nesse processo os alunos devem se envolver com vários problemas e encontrar soluções, refletindo sobre o que deu errado, discutindo com os colegas, levantando hipóteses, fazendo experiências, até obter o resultado desejado.
“Vivemos em uma época de consumo tecnológico irreversível.
Muitos alunos já sabem operar um celular, uma câmera fotográfica digital, um computador.
Cabe a nós, professores, dar sentido pedagógico a este uso.
Neste caso, o vídeo entra como uma nova linguagem, uma nova forma de falar, de ouvir e ver o mundo em que vivemos”, justifica.
Em 2008, Gonçalo criou um projeto para a realização de uma oficina de treinamento de alunos e professores, em duas escolas: a Escola Municipal Murilo Braga e a Escola Municipal José Gomes Campos.
Os estudantes participaram de atividades de planejamento, fizeram entrevistas e edição de vídeo.
O trabalho, bem sucedido, deu origem a um DVD.
Acompanhe as sugestões de Gonçalo Barbosa sobre os equipamentos básicos para a produção de vídeos na escola:
1. Quais são os equipamentos mais necessários para produzir vídeos?
Para a produção de vídeos de 60 segundos, uma câmera fotográfica ou um celular resolve. Para projetos mais ambiciosos, com captação de áudio ambiente, é bom ter uma câmera de vídeo, com recursos de armazenamento, como fita VHS, disco ou memória flash e microfone externo. Para os trabalhos de edição, precisa-se de um computador com um processador com boa velocidade de processamento (2 GHZ ou superior), memória de 2 GB ou superior, HD de 80 GB ou superior e gravador de DVD. Os softwares mais completos, que oferecem todos os recursos necessários para a edição do vídeo (cortes, inserção de trilha sonora, legenda e autoria do DVD – criação do DVD com menus, e etc), são softwares profissionais e caros. Os softwares free encontrados na Internet oferecem apenas parte dos recursos. Neste caso chega-se a utilizar mais de um software.
2. O que é necessário para a edição de imagens?
Um computador – com no mínimo: HD de 80 GB, memória de 1 GB, processador 2 GHZ, gravador de DVD e software. O Windows XP já vem com o Windows Movie Maker, que dá para fazer uma boa edição do vídeo. Ele possui recursos de cortes, inserção de trilha sonora, legenda e alguns efeitos visuais. Para o sistema operacional Linux, conheço o Avidemux.
3. Que tipo de programas são usados para isso?
As gravações analógicas (VHS), precisam ser digitalizadas. Neste caso o computador precisa ter uma placa de captura. Ela já vem com o software de captura. O Windows Movie Maker, do Windows XP, também possui recurso de captura de vídeo. Nas gravações feitas por aparelhos digitais, os vídeos são armazenados no formato de arquivo digital. Neste caso, basta copiar o arquivo de vídeo no HD do computador. Para fazer a edição, existem softwares proprietários, com recursos profissionais para uma boa edição. Mas também existem softwares free ou demo. A dificuldade em relação a este tipo de software, é que não encontramos todos os recursos necessários para a edição em um único programa, obrigando a utilização de mais de um. Exemplo: para fazer cortes, excluir o áudio, inserir uma trilha sonora, inserir uma legenda, o software VirtualDub 1.6.11 atende estas necessidades; para criar as legendas, podemos usar o Sub station Alpha V04.08; para gravar o DVD, podemos utilizar o Nero 7 Premium (software proprietário).
4. Existe algum programa de software livre apropriado para esse fim?
Ainda não utilizo software livre, na edição de vídeo, embora tenha ouvido falar da existência de alguns. A dificuldade em utilizá-los, está na instalação dos softwares. Tenho utilizado softwares free – Avidemux, VirtualDub, Sub Station Alpha e software proprietário – Nero 7 Premium.
5. Quais os requisitos mínimos de capacidade necessários ao computador que será utilizado para editar imagens?
O vídeo possui vários componentes que o tornam bastante pesado na memória do computador. A configuração mínima do computador seria: processador de 2 Ghz; HD de 80 Gb; memória de 1 Gb, gravador de DVD e uma placa captura de vídeo.
(Fátima Schenini)
Vídeos no processo ensino aprendizagem
Jornal do Professor - De que maneira os vídeos podem facilitar o processo de ensino e aprendizagem?
José Manuel Moran - As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta.
São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão.
As crianças e os jovens lêem o que pode visualizar, precisam ver para compreender.
Toda a sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata.
Lêem nas diversas telas que utilizam: da TV, do DVD, do celular, do computador, dos games.
Os vídeos facilitam a motivação, o interesse por assuntos novos.
Os vídeos são dinâmicos, contam histórias, mostram e impactam.
Facilitam o caminho para níveis de compreensão mais complexos, mais abstratos, com menos apoio sensorial como os textos filosóficos, os textos reflexivos.
Os vídeos também são um grande instrumento de comunicação e de produção.
Os alunos podem criar facilmente vídeos a partir do celular, do computador, das câmaras digitais e divulgá-los imediatamente em blogs, páginas web, portais de vídeos como o YouTube.
Os computadores e celulares deixaram de ser apenas ferramentas de recepção.
Hoje, são também de produção.
Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com um celular e publicá-los na internet.
Professores e alunos podem ter acesso a inúmeros vídeos prontos e assisti-los no momento ou salvá-los para exibição posterior.
Ao mesmo tempo, todos podem editar, produzir e divulgar novos conteúdos a partir do computador ou do celular.
Entramos numa nova era da mobilidade e da integração das tecnologias, como nunca antes foi possível.
JP - Como os vídeos podem ser utilizados em sala de aula?
JMM - Os vídeos podem ser utilizados em todas as etapas do processo de ensino e aprendizagem. Os principais usos são:
Para motivar, sensibilizar os alunos – É, do meu ponto de vista, o uso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria.
Para ilustrar, contar, mostrar, tornar próximos temas complicados – O vídeo pode ajudar a tornar mais próximo um assunto difícil, a ilustrar um tema abstrato, a visibilizar cenários de lugares, eventos, distantes do cotidiano. Hoje, é muito mais fácil do que antes encontrar e visualizar vídeos sobre qualquer assunto importante na internet, em portais como o YouTube, por exemplo.
Como vídeo-aulas – Alguns vídeos trazem assuntos já preparados para os alunos, já estão organizados como conteúdos didáticos. Utilizam técnicas interessantes de manter o interesse, como dramatizações, depoimentos, cenas de filmes, jogos, tempo para atividades. Podem ser adequados para que o professor não tenha que explicar determinados assuntos. O professor age a partir do vídeo, com questionamentos, problematização, discussão, elaboração de síntese, formas de aplicação no dia-a-dia. Esses vídeos podem ser disponibilizados no portal da escola e os alunos podem acessá-los fora da sala de aula também.
Vídeo como produção individual ou coletiva – As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização das câmaras, que permite brincar com a realidade, levá-las junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los e também na página web da escola ou em blogs ou portais da internet.
O vídeo também é importante para documentação, registro de eventos, de aulas, de estudo do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e da comunidade. Esse material pode ser divulgado, quando conveniente, na internet.
O vídeo também pode ser útil para avaliação, principalmente as que mostram situações complexas, estudos de caso, projetos, sozinho ou com textos relacionados.
JP - Que tipo de atividade deve ser evitada quando se está trabalhando com vídeos nas escolas? Que tipo de atividade é mais adequada?
JMM - Algumas formas inadequadas de utilização do vídeo:
Vídeo-tapa buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor.
Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for feito com frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa - na cabeça do aluno - a não ter aula.
Vídeo-enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria.
O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas percebe o mau uso.
Vídeo-deslumbramento: O professor que acaba de descobrir a facilidades de baixar vídeos da Internet costuma empolgar-se e exibi-los em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis porque possuem erros de informação ou estéticos (qualidade). Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para uma análise mais aprofundada a partir da sua descoberta, problematizando-os.
Só exibição: não é satisfatório, didaticamente, exibir os vídeos sem discuti-los, sem integrá-lo com os assuntos das aulas, sem rever alguns momentos mais importantes.
Algumas atividades mais adequadas são: introduzir um assunto, complementar informações; provocar discussões, trabalhos de grupo para discussão, debates; levantamento de sugestões do grupo, estudo dirigido para verificação da compreensão e da habilidade de transferir conhecimentos recebidos para novas situações (projetos); alunos protagonistas, fazendo trabalhos em vídeo, apresentando-os para a classe e divulgando-os na página web da escola.
JP - Quais os benefícios que a produção de vídeos pode trazer para os alunos?
JMM – Maior interesse dos alunos (linguagem familiar); aulas mais atraentes, pois os vídeos estimulam a participação e as discussões; alunos desenvolvem mais a criatividade, sua comunicação audiovisual e a interação com outros colegas e outras escolas; melhor fixação dos assuntos principais pelos alunos (visão mais concreta sobre eles), já que os vídeos trazem a realidade para a sala de aula e para a aprendizagem significativa; complementação das discussões do material impresso.
Mas nem tudo são benefícios. Os professores, apesar de reconhecer muitas vantagens no uso do vídeo, utilizam-no realmente pouco. A maior parte só trabalha com o vídeo na sala de aula esporadicamente, não habitualmente. Há dificuldades materiais, e principalmente, dificuldades em ter o material adequado para o programa da matéria. A maior parte dos professores não conhece os vídeos que existem na sua área, quais são bons e, os poucos que eles conhecem, nem sempre estão disponíveis, por razões econômicas. Percebe-se, ainda, uma grande desinformação no uso do vídeo, não só tecnicamente, mas principalmente didaticamente.
JP - Quais dicas o senhor daria para professores que nunca trabalharam com produção de vídeos antes? O que deve ser observado mais atentamente pelos professores?
JMM - Que observem e aprendam com seus alunos. Os mais novos têm uma facilidade no manuseio de muitas telas (da TV, do celular, do computador, dos videojogos, das câmaras digitais). É importante aprender com eles e, ao mesmo tempo, fazer algum curso que inclua aspectos técnicos e pedagógicos. Um dos esquemas básicos de organização da produção de um vídeo um pouco mais complexo, costuma ter os seguintes passos:
Ideia: a ideia ou o tema principal que move a produção de um vídeo; Elaboração do roteiro: momento em que a idéia toma forma propriamente dita. Nesta etapa definem-se os personagens, os estilos de filmagem, e o que se pretende, de fato, passar para o público com a obra;
Plano de filmagem: nesta parte acontece a elaboração de uma planilha, onde são especificados todos os locais de filmagem, bem como suas datas, horários, diálogos, personagens, figurino, cenário, tempo de cada cena, etc.
Captura das imagens: filmagem propriamente dita;
Decupagem das imagens: nesta etapa, os alunos assistem ao material gravado, selecionando o que é útil para a finalização da obra;
Pré-edição: as imagens são transferidas para o computador e ordenadas em pastas e sub-pastas;
Edição: montagem das imagens no computador, aplicação de efeitos, inserção de trilha sonora, de legendas ou frases de texto etc;
Finalização: gravação em mídia DVD, disponibilização em um portal da escola ou em um portal de vídeos.
JP - É necessário ter uma ilha de edição de imagens? Quais os equipamentos necessários para produzir um vídeo simples?
JMM - Para começar não é necessário um equipamento sofisticado. Há programas de edição de imagens, alguns mais simples e baratos e outros mais sofisticados e caros. O mais simples vem com o Windows XP ou Vista: é o movie maker. Permite alterar o filme da forma que cada um quiser, com um clique na opção linha do tempo. Hoje, algumas câmaras digitais já permitem fazer edição de fotos ou vídeos nelas mesmas.
Tendo idéias e motivação facilmente se encontram as soluções técnicas mais adequadas para cada situação. O professor pode pedir aos alunos que encontrem as melhores soluções técnicas de edição.
Com as tecnologias digitais móveis, o avanço na conexão em redes, a WEB 2.0 com tantos recursos gratuitos colaborativos, há inúmeras soluções simples de acessar vídeos, de produzir vídeos, de editar vídeos e de publicar vídeos.
(Renata Chamarelli e Fátima Schenini)
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