As sugestões abaixo são destinadas a alfabetização, porém,
apliquei-as no Tempo Integral,com as devidas adaptações (alunos de 6º e 7ºanos.).
O termo "cantinho" pode ser considerado ultrapassado ou infantil,
então, reinvente títulos, com por exempo:
"oficina das gravuras", "oficina de arte"....
LETRAMENTO NOS CANTINHOS
Organizar cantinhos na sala de aula é garantir o processo de letramento dos alunos de forma criativa, lúdica e competente.
É urgente que o professor supere a condição de mero transmissor de conhecimentos prontos, acabados e permita que o aluno elabore suas hipóteses e estratégias de leitura/escrita.
A criança, ou sujeito que aprende,deve pensar, errar, refletir sobre o ato de ler e escrever.
Assim, a aprendizagem deixa de ser mecânica e descontextualizada como nos modelos apresentados pelas cartilhas.
Por sua vez, o professor age propondo desafios distintos a cada aluno, objetivando a superação de suas construções iniciais e o início do percurso na evolução da leitura e da escrita.
A este processo chamamos letramento.
Como exemplo de letramento pode-se citar: a capacidade de localização de um endereço no catálogo telefônico, a leitura e interpretação de gráficos encontrados em revistas e jornais, a habilidade de escrever recados contendo informações suficientes para o entendimento do destinatário e outras.
Letrar significa utilizar a leitura e a escrita de modo diferente da simples ação de ler e escrever com codificação e decodificação; é, pois, realmente utilizar-se da leitura e da escrita em suas diferentes funções, no contexto de práticas sociais, fazendo uso de diversos portadores de textos com competência e frequência.
Para tal, é importante que o professor conheça o contexto cultural de seus alunos e os modos de produção e de circulação da grande variedade de textos valorizados pela sociedade.
É tão importante saber ler e escrever uma carta quanto poder consultar umalista telefônica, tomar notas, fazer resumos, ler um editorial ou uma crônica.
As habilidades e os conhecimentos envolvidos em cada uma dessas atividades não são necessariamente os mesmos, e a alfabetização deve contemplar tudo isso.
Soares define letramento como “...o resultado da ação de letrar-se, se dermos ao verbo letrar-se o sentido de tornar-se letrado. ...
Letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita;
é o estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais”. (1998: 38/39)
Geralmente, as salas de aula já possuem inúmeros materiais adequados à realização de atividades lúdicas, previamente planejadas com o intuito de desenvolver as habilidades necessárias. Entretanto, venho sugerir alguns cantinhos interessantes, muito simples de serem criados e, principalmente, enriquecedores para estimular a descoberta, a leitura e a futura escrita.
Inicialmente, tenho que deixar claro: aqui não vão receitas e sim sugestões, ideias , que devem ser analisadas e refletidas, adequadas a cada professor, a cada classe, a cada escola e, até mesmo, a cada aluno.
Este projeto de letramento não tem nem o objetivo, nem a pretensão de responder todas as questões ou oferecer todas as soluções, mas sim, sugerir reflexões, de que tanto precisamos em nossa prática pedagógica diária.
Proponho ao professor que leia as sugestões e reflita sobre elas, procurando dar um toque pessoal de acordo com as necessidades de sua classe.
Algumas ideias parecerão muito óbvias e lógicas.
Contudo, nem sempreguns dos cantinhos que podem ser organizados em sala de aula.
Cantinho da pesquisa
Uma caixa grande de papelão, ornamentada de forma a atrair o interesse das crianças (sugerimos que seja bastante colorida), pode conter um acervo de jornais, revistas adultas e infantis, gibis e materiais de pesquisa como gravuras, fotos, cartões postais, desenhos, calendários, rótulos, panfletos publicitários.
Tem como objetivo manter as crianças em contato com diferentes tipos de textos e com o que está acontecendo no mundo a sua volta.
As crianças podem explorar a caixa livremente, inventando histórias, contando-as umas para outras, fazendo comparações entre as figuras e sua realidade.
São atividades simples e de suma importância para o desenvolvimento do vocabulário, do raciocínio lógico e da criatividade.
No processo de alfabetização é importante que a criança ouça atentamente a leitura (feita pelo professor) de diferentes textos, para divertir-se, informar-se, pensar, opinar.
Ao ler, folhear, olhar, apreciar, conhecer, examinar diferentes tipos de textos (cartas, jornais, rótulos, anúncios, revistas, convites, livros, gibis, charges), o aluno aprende a fazer diferentes leituras, divertindo-se ao mesmo tempo.
Sugerimos que o professor peça ajuda à família explicando a importância do cantinho da pesquisa e, certamente, terá sempre doações para enriquecer a caixa.
É aconselhável usá-la com frequência, estimulando o aluno a manipulá-la de forma adequada e mantendo a caixa ou baú de pesquisa sempre atraente e com novidades.
Cabe ao professor transformar esta simples proposta em algo realmente significativo e proveitoso para as crianças.
Cantinho da leitura
O cantinho da leitura em si não é o mesmo da pesquisa e é importante que os alunos compreendam a diferença, assim como seus familiares.
Deve conter livros de histórias infantis diversas, adequadas à faixa etária das crianças.
Recontar histórias ouvidas do professor, da mãe, dos colegas, de outros é uma atividade fundamental para o letramento.
Sugerimos que o cantinho de leitura seja feito com estantes da altura das crianças e almofadas coloridas ou tapete emborrachado para a hora do ouvir e contar histórias.
Se os livros ficam escondidos e longe das crianças é preciso modificar esta prática.
É muito importante que eles tenham contato com os livros e os identifiquem como algo a seu alcance, com que podem contar.
Isso será imprescindível para tornar o aluno um futuro leitor.
Cantinho das artes
Quanto maiores forem as oportunidades de descobertas, manipulações, construções oferecidas às crianças, maiores serão as chances de um desenvolvimento harmonioso e compatível com suas possibilidades.
Sendo assim, entre os cantinhos exploratórios não pode faltar um dedicado às artes.
Quando se desenha ou se desenvolve uma atividade artística criativa, podemos dizer que se vive um momento de introspecção, um tempo de reflexão e de expressão sobre si mesmo e sobre o mundo.
Dentro do processo de construção de conhecimentos e significados, é evidente que desenvolver a percepção é um objetivo importantíssimo.
E para concretizá-lo, é preciso que a escola,entre outras coisas, dedique mais tempo e abra mais espaço às artes.
Um cantinho artístico na sala de aula ou fora dela favorecerá as práticas interdisciplinares, dentro de uma proposta construtiva, na qual o educador poderá atuar de modo mais criativo, oferecendo às crianças oportunidades para que expressem seus sentimentos e anseios, por meio de atividades de pintura, modelagem, expressão corporal, música e brincadeiras diversificadas.
O uso constante do cantinho das artes desenvolverá nas crianças sua imaginação e sua sociabilidade, além de possibilitar o domínio das angústias e medos que aparecem mesclados de fantasia e realidade.
É importante oferecer os mais diversos materiais a fim de transformar a sala de aula e seu cantinho num ambiente realmente estimulante e significativo, propício às descobertas e à construção de conhecimentos.
No cantinho das artes, destaca-ase a produção de trabalhos artísticos, valorizando as linguagens do desenho, pintura, modelagem, colagem, construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação.
Assim, o cantinho das artes permitirá construir uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e conhecimento estético, respeitando a própria produção e a dos colegas, no percurso de criação que abriga uma multiplicidade de procedimentos e soluções.
Cantinho da sucata
Tudo que pode ser lixo serve para o professor como um recurso de grande valia. Construir brinquedos, bonecos, casinhas; usar tampas de refrigerantes, palitos, potinhos para contagem; manusear e distinguir cores e formas de olhos abertos ou vendados são exemplos do que pode ser feito com este rico material.
Atividades artísticas que sejam relacionadas com livros diversos acontecem neste ambiente.
Os pais podem e devem ajudar na formação do acervo das sucatas.
Quanto mais estiverem cientes e participativos do processo ensino/aprendizagem melhor para o professor.
Então, mãos à obra!
Importante: cada atividade realizada com sucata deve ser registrada juntamente com os alunos.
A partir do registro contínuo, aos poucos, eles percebem que o ato de escrever nada mais é que registrar no papel nossas ideias, pensamentos, falas, para outras pessoas verem ou lerem e para a posteridade.
Cantinho das dramatizações
Um baú repleto de chapéus, óculos, xales, bijuterias, maquiagens, fantasias, perucas, máscaras...
Em frente a ele, um espelho na altura das crianças. Pronto!
Acaba de surgir dentro da sala de aula um ambiente fascinante onde atividades corporais e de jogo simbólico podem ser realizadas e registradas pelo professor em um segundo momento, juntamente com os alunos, para que percebam sempre a importância de transformar nossa linguagem, ideias, falas, pensamentos em escrita.
É interessante convidar outros membros da escola e os pais para ler os registros que podem ser acompanhados de fotos.
Muitas coisas o professor pode fazer com esses materiais de dramatizações e depois transformar o que foi brincadeira em texto coletivo. Acho que nem é preciso dizer mais nada...
Cantinho dos jogos
Confeccionados em EVA, cortiça, cartolina ou até mesmo de madeira e borracha, também devem estar ao alcance dos pequenos em um cantinho especial. Quebra-cabeças, jogos de encaixe e muitos outros...
Sugerimos que, caso a escola não tenha como oferecer nem tão pouco pedir ajuda aos familiares, a professora vá confeccionando-os aos poucos, por exemplo, de acordo com as datas comemorativas, e colecionando-os numa caixa separada.
Entre diferentes jogos é sempre necessário ter aqueles ligados às letras, às histórias infantis. Atividades como manusear o alfabeto móvel para fazer montagens, leituras, sequenciações, escrita do nome próprio e dos colegas, montar quebra-cabeças de textos escritos e com imagens são de muita importância.
Os alunos que terminam suas tarefas mais rapidamente podem usufruir desse cantinho, sentindo assim prazer em permanecer dentro da sala.
Brinquedoteca
Um canto na sala com os brinquedos não pode faltar, especialmente os fantoches e marionetes para dramatização de diferentes histórias.
E a sugestão é que os momentos de brincadeira sejam, por vezes, supervisionados pelo professor, que pode fazer interferências criando situações- problemas, comparando-as a atitudes da realidade diária, provocando novas descobertas no meio das brincadeiras.
Um bom observador pode descobrir muito dos alunos por meio delas e tirar proveito sempre.
Cada atividade realizada com os brinquedos, de maneira orientada pelo professor, pode e deve ser registrada juntamente com os alunos, em um segundo momento.
De tanto realizarem este tipo de atividade, verão a escrita e a leitura como algo natural, que faz parte do cotidiano, assim como as brincadeiras.
Pasta de gravuras
Ler e interpretar é de fundamental importância para todos. Sabendo que as crianças leem e interpretam através de figuras, foto e desenhos, a proposta é criar uma pasta com gravuras variadas.
Os alunos devem descrever o que veem nas gravuras e o que entendem quando olham para elas. Tal atividade requer do professor paciência para escolher gravuras adequadas às necessidades da turma e dinamismo para enriquecer sempre os depoimentos dos alunos, de forma útil para o processo.
Os depoimentos de cada um podem ser registrados em cartaz ao lado da gravura do dia ou da semana
– de acordo com o tempo disponíveldo professor.
Chamadinha
Na chamadinha básica, além dos nomes e das fotos das crianças, da janelinha do tempo e dos dias da semana, pode-se incluir algo importante do dia: uma notícia, uma data especial, um acontecimento na escola, ou simplesmente a conclusão dos trabalhos registrada por escrito juntamente com os alunos.
Este momento diário deve tornar-se sempre atraente e divertido com estes recursos.
O professor criativo pode organizar com seus alunos muitos outros cantinhos: das descobertas, das novidades, da TV, da psicomotricidade... todos ficarão felizes!
Soltando a imaginação
É essencial avaliar o desempenho global das crianças continuamente, com base nas observações das atividades nas aulas, da participação na construção de novos conceitos, no levantamento de hipóteses e na manipulação dos materiais, com foco nas atitudes de responsabilidade, cooperação e organização dos alunos.
Usamos sempre recursos diferentes para alcançar os mesmos fins.
Assim conseguimos da turma mais prazer, mais interesse por novos conhecimentos e descobertas.
A criança ama novidades e necessita delas para, depois, repeti-las diversas vezes e formar seus conceitos.
O professor deve refletir sobre seus objetivos e criar em sua sala um ambiente facilitador da aprendizagem, rico em conhecimentos, verdadeiramente estimulante e atraente.
Assim, desenvolverá mais que habilidades, desenvolverá o prazer de frequentar a escola e, consequentemente, estará criando futuros leitores.
Considerando a aprendizagem um processo construtivo impregnado de aspectos sociais, históricos e pessoais, é preciso que educando e educador cumpram reciprocamente o papel de investigador, na busca do conhecimento contínuo.
“É na relação com o outro que o homem constrói e reconstrói seu conhecimento”.
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