Como trabalhar com brinquedos
Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro.
Quando ela é incentivada, a turma adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia.
É possível brincar sem ter nada em mãos.
Como ocorre durante o pega-pega e a ciranda, por exemplo.
Mas os brinquedos têm papel fundamental no desenvolvimento infantil.
Para que eles cumpram bem essa função, não basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginando que, por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer.
É essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as experiências da meninada.
Tudo isso sempre equilibrando quantidade, qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros, resistentes e com um bom aspecto estético.
Acervo itinerante de brinquedos
Objetivos
- Integrar turmas de diferentes faixas etárias com brincadeiras simbólicas.
- Desenvolver competências relacionadas ao brincar.
Conteúdo
- Utilização do acervo de brinquedos.
Tempo estimado
Duas ou três vezes por semana, o ano todo.
Material necessário
Caixas de papelão, baús, caixas plásticas, peças de vestuário (como luvas, gravatas e roupas), bonecas de várias etnias, carrinhos de vários tamanhos, utensílios de cozinha, itens de escritório, hospital e cabeleireiros, blocos de construção, maletas e frasqueiras.
Outras indicações em
digite na busca "acervo de brinquedos".
Flexibilização
Mesmo que a criança ainda não seja alfabetizada, identificar as caixas em braile é um passo importante para que ela tome contato com o sistema de escrita. Outra sugestão é encapar as caixas de brinquedos com tecidos de texturas bem diferentes. Ao organizar o acervo, acompanhe a criança para que ela saiba onde estão guardados os brinquedos e as fantasias. Esta é uma atividade que deve ser feita periodicamente, cada vez que o acervo for reorganizado. A criança sempre deve saber quando as caixas forem mudadas de lugar. Uma boa atividade é fazer com que as crianças cegas ensinem as demais a localizar os brinquedos do acervo através das sensações, sem o uso da visão. Improvise vendas com pedaços de tecido. Isso vai fazer com que todos se integrem, desde cedo.
Desenvolvimento
1ª etapa
Convide seus colegas para preparar um acervo itinerante de brinquedos.
O objetivo é que ele seja aproveitado por diferentes turmas e em locais variados.
Organizem os materiais em caixas e identifiquem o conteúdo.
Se forem de papelão, encapem-nas com tecidos coloridos.
Planejem o local em que o acervo ficará, lembrando que as crianças precisam ter fácil acesso às caixas.
Cuide para que os materiais de cabeleireiro e as fantasias, por exemplo, fiquem próximos de um espelho para facilitar seu uso.
Uma planilha deve acompanhar esses brinquedos e ser preenchida por todos os educadores.
Nela devem constar questões como dias, horários de utilização e observações sobre a manutenção dos itens para garantir a segurança da turma em relação a determinados objetos desgastados e quebrados.
2ª etapa
Apresente às crianças o que há disponível e como o material deve ser conservado e guardado depois do uso.
Combine que é importante elas avisarem se algo quebrar para que seja consertado ou substituído. É importante mudar os materiais periodicamente para que os pequenos encontrem novos desafios. Tenha em mente que não basta deixá-los brincar, mas estar junto para fazer intervenções: se você percebe que a atividade poderia estar mais rica se tivesse algum novo material, entregue-o aos pequenos.
Para observar todos e suas atividades, organize com outros professores como será a divisão de tarefas de forma que haja supervisão.
3ª etapa
Reúna turmas de diferentes idades para brincar com o acervo, levando em conta o tempo, o espaço e a variedade das atividades.
Em dias quentes, por exemplo, ofereça a oportunidade de as crianças utilizarem a torneira para misturar água e areia e fazer comidinhas, por exemplo.
Atente para apenas fazer sugestões e não engessar as brincadeiras.
Preocupe-se também com a integração entre os pequenos.
Os maiores podem ajudar os menores a vestir fantasias, pensar em diferentes maneiras de brincar com os bonecos, formar um time de futebol etc.
Avaliação
Observe as crianças e faça registros individuais sobre elas durante as brincadeiras.
Veja como reagem às suas intervenções, de que maneira se apropriaram dos materiais, como obedecem aos combinados e de que forma interagem com turmas de diferentes idades.
Planeje como poderá enriquecer a atividade, seja oferecendo novos materiais, seja ensinando brincadeiras diferentes.
Alguns brinquedos
PIÃO
Características
Também chamado de pinhão, esse objeto cônico, geralmente de madeira e com ponta metálica, gira com velocidade ao ser lançado com a ajuda de um cordão enrolado ao seu redor.
Ele possibilita diferentes movimentos, como o giro sobre o próprio eixo num mesmo ponto e a jogada de vida ou morte, em que é lançado sobre outro com o objetivo de derrubá-lo.
Origem
Os primeiros piões remontam à Antiguidade, sendo que na Grécia eram chamados de strombos e, em Roma, de turbos.
Por que propor
Para a turma ampliar o repertório de brinquedos conhecidos.
Como enriquecer o brincar
■ Pesquise com as crianças outros exemplos de brinquedos tradicionais e o lugar de origem deles.
O erro mais comum
■ Propor que a turma faça jogadas elaboradas com o pião. Manipulá-lo requer prática e no início o importante é que a turma entre em contato com ele.
IOIÔ
Características
Formado por dois discos unidos no centro por um eixo em que é presa uma corda. Segurando a ponta amarrada a um dedo, deixa-se cair o brinquedo com um impulso a fim de fazê-lo subir e descer diversas vezes.
Origem
Foi inventado na China há aproximadamente 3 mil anos.
Por que propor
Para estimular as crianças a observar movimentos.
Como enriquecer o brincar
■ Peça aos pais que mostrem aos pequenos como se brinca com o ioiô.
O erro mais comum
■ Esperar que as crianças manipulem o objeto com destreza. Elas só aprendem a impulsioná-lo corretamente com o passar do tempo. No início, manter o brinquedo preso ao dedo e soltá-lo, fazendo a corda desenrolar, já é um ganho.
PETECA
Características
Formado por uma base arredondada, sobre a qual se encaixam penas, o objeto é lançado de uma pessoa a outra com golpes dados com a palma da mão.
Origem
Índios de várias etnias que viviam em diversas regiões do Brasil quando os portugueses chegaram aqui brincavam com uma trouxinha feita com pedras enroladas em folhas chamada peteka, que significa "bater".
Por que propor
Para a turma conhecer brinquedos que podem ser jogados, além da bola.
Como enriquecer o brincar
■ Convide crianças maiores para ensinar ao grupo a jogar peteca, mostrando em cena a diversidade de regras.
O erro mais comum
■ Não levar para a escola esse tipo de brinquedo. Acreditar que eles são antiquados não faz sentido. Afunção da escola é ampliar a cultura da garotada.
Consultoria Alyson Carvalho, diretor do Instituto Presbiteriano Gammon, e Ilka Bichara, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Uma história para refletir....
Os Namorados
Hans Christian Andersen
Aulas prontas
Brincadeira: Pipa.
O Pião e a Bola achavam-se numa gaveta, junto com outros brinquedos, e o Pião disse a Bola:
- Não vamos ser namorados, já que estamos juntos na mesma gaveta?
A Bola, porém, feita de marroquim, e tão vaidosa como uma senhorita elegante, nem resposta quis dar a semelhante pergunta.
No dia seguinte, veio o menino, dono dos brinquedos. Pintou o Pião de vermelho e amarelo, e pregou-lhe bem no centro um prego de latão. Era muito bonito quando o Pião girava.
- Olhe para mim - disse o Pião à Bola - que diz você agora? Não vamos então ser namorados? Servimos muito bem um para o outro: você pula e eu danço. Ninguém poderá ser mais feliz que nós dois.
- É o que o senhor pensa - disse a Bola - certamente não sabe que meu pai e minha mãe foram chinelos de marroquim, e que tenho dentro de mim uma cortiça.
E eu sou feito de mogno - disse o Pião - o próprio prefeito me torneou em seu torno, o que lhe deu um grande prazer.
- Se eu pudesse acreditar nisso! - disse a Bola.
- Quero nunca mais ver uma fieira em toda a minha vida se for mentira o que eu disse - respondeu o Pião.
O senhor advoga bem a própria causa - disse a Bola - mas não posso namorar. Estou quase comprometida com um sr. Andorinha. Cada vez que subo ao espaço, ele põe a cabeça fora do ninho e pergunta: "Quer? Quer?" Ora, eu intimamente já disse que sim, o que equivale a um meio compromisso. Mas lhe prometo que nunca o esquecerei!
- E isso vai adiantar muito! - disse o Pião.
E nada mais disseram.
No dia seguinte vieram buscar a Bola. O Pião viu como ela subia a grande altura, como um pássaro, desaparecendo de vista. Voltava todas as vezes, mas dava um grande salto cada vez que tocava o chão. Devia ser por causa das saudades, ou por causa da cortiça que ela tinha dentro dela. A nona vez a Bola subiu ao alto, e não mais voltou. O menino procurou muito, e nada: a Bola sumira.
- Bem sei onde ela está - suspirou o Pião - está no ninho do sr. Andorinha e com ele se casou.
Quanto mais o Pião pensava naquilo, tanto mais se apaixonava pela Bola. Por não poder tê-la, seu amor por ela aumentava. O fato de ter ela ficado com outro, tornava o caso mais apaixonante. O Pião dançava ao redor e zunia, mas sempre pensava na Bola, que em seus pensamentos se foi tornando cada vez mais bonita. Passaram-se assim muitos anos e o amor do Pião transformou-se num velho sonho.
O Pião não era mais moço. Um dia, porém, foi inteiramente pintado de dourado. Nunca fora antes tão bonito. Era agora um Pião de Ouro, e pulava, deixando um zunido pairando no ar. Aquilo sim, era formidável! Mas de repente ele saltou alto demais - e sumiu.
Procuraram por toda a parte, até na adega, mas nada de aparecer o Pião.
- Onde estaria ele?
Pulara para dentro da barrica de lixo, onde jaziam amontoados talos de couve, cisco e entulho caído da calha.
"Estou bem arrumado" - pensou o Pião - "aqui a douração não tardará a sair de mim. E que gentalha é essa em cujo meio vim parar!"
Olhou de esguelha para um longo talo de couve e para um estranho objeto redondo, que parecia uma maçã velha. Mas não era uma maçã. Era uma velha Bola que durante muitos anos estivera caída na calha, embebida de água.
- Graças a Deus, aí vem alguém com quem se pode falar - disse a Bola ao ver o Pião Dourado - eu, para falar a verdade, sou de marroquim, costurada pelas mãos de uma gentil senhorita, e tenho uma cortiça dentro de mim. Mas duvido que se veja isso agora. Eu estava prestes a casar-me com uma andorinha quando caí na calha, e ali estive por cinco anos, encharcada de água. É um longo tempo, pode crer, para uma jovem.
O Pião não respondeu. Pensava em sua antiga namorada, e quanto mais a ouvia, tanto mais certo estava de que era ela.
Nisto chegou a criada e quis virar a lata de lixo.
- Oh! Aqui está o Pião Dourado! - disse ela.
E o Pião retornou à sala, à antiga posição de respeito, mas da Bola nada mais se ouviu. O Pião nunca mais falou em seu antigo amor. O amor se extingue quando a amada passa cinco anos numa calha, embebendo-se de água. Nem a conhecem mais quando a encontram na lata de lixo.
Aulas prontas
Brincadeira: Pipa.
Pipas no ar
Conhecendo, construindo e brincando com a Pipa
Construindo e brincando com a peteca
Peteca : Os sentidos do Jogo popular e do Esporte
A peteca e suas histórias
Fui lá na horta e peteca [Tempo de brincar]
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muito bom adorei o site!
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