* CARNE DE LINGUA (CONTO AFRICANO)
Objetivos
•Estabelecer diferenças entre o texto verbal e o visual.
•Transformar um conto em outras manifestações de linguagem.
•Expressar-se com adequação em relação à linguagem verbal e não verbal.
Duração das atividades
3 aulas de 50 min.
•Conhecimento das linguagens dos quadrinhos, leitura de poesias e análises de charges…
Estratégias e recursos da aula
1º momento:
O professor propõe a turma que, sentada em roda contem a história do Patinho feio, por exemplo.
A história será iniciada por um aluno e, numa batida de palma muda-se o narrador.
Há no “estouro” algumas orientações.
Os alunos devem, ao começar a narrativa, colocar as mãos sob o corpo e não expressar sentimento algum.
Ao terminar a narrativa em colaboração, alunos falam das dificuldades encontradas tanto em narrar, quanto em escutar os amigos, indicando as possíveis causas.
Ex:
•a falta de expressão deixou a história pouco atrativa em seu ouvido.
•foi difícil narrar algo, sem usar as mãos.
A brincadeira tem como objetivo fazer o aluno perceber que ao comunicar-se, não faz uso de apenas uma linguagem, mas de várias como:
•linguagem gestual.
•linguagem verbal.
•linguagem visual.
2º momento:
Ler o conto: Carne de Língua – As narrativas preferidas de um contador de história- Ilas Bressman – Lardy Editora.
Carne de língua
(CONTO AFRICANO)
Há muito tempo, existiu um rei que se apaixonou perdidamente por uma rainha. Depois do casamento, a rainha foi morar no castelo do rei, mas assim que pisou lá, misteriosamente ficou doente.Ninguém sabia o que tinha, ia definhando a cada dia. O rei, que era muito rico e poderoso, mandou chamar os melhores médicos do mundo. Eles a examinaram, mas não encontraram a causa de sua doença.O rei, então, mandou chamar os curandeiros mais famosos do mundo. Fizeram preces, prepararam poções e magias. Também não adiantou nada. A rainha emagrecia diariamente, dali a pouco desaparecia por completo.
O rei, que amava sua esposa tão intensamente, decidiu: – Eu mesmo vou procurar a cura para a doença da minha rainha.
E lá foi ele procurando a cura para sua rainha. Andou por cidades e campos. Num desses campos, avistou uma cabana. Aproximou-se, colocou o rosto perto da janela e viu, lá dentro, um casal de camponeses. O camponês mexia os lábios e, na frente dele, a camponesa, gordinha e rosadinha, não parava de gargalhar. Os olhos daquela mulher transbordavam de felicidade.
O rei começou a pensar: – O que será que faz essa mulher ser tão feliz assim?
Com essa pergunta na cabeça, o rei respirou fundo e bateu na porta.
- Majestade! O que vossa alteza deseja? – perguntou o camponês um pouco assustado com a presença real na sua frente.
- Quero saber, camponês, o que você faz para sua mulher ser tão feliz e saudável? A minha rainha está morrendo no castelo, toda tristonha.
- Muito simples, majestade. Alimento a minha mulher todos os dias com carne de língua.
O rei pensou que tinha ouvido errado: CARNE DE LÍNGUA! O camponês voltou a repetir:
- Alimento minha esposa diariamente com carne de língua.
A situação era de vida ou morte. O rei, mesmo achando aquilo meio estranho, agradeceu ao camponês e foi correndo para seu castelo. Chegando lá, mandou chamar imediatamente à sua presença o cozinheiro real:
- Cozinheiro, prepare imediatamente um imenso sopão com carne de língua de tudo o que é animal vivente na terra.
- O quê?! Como assim vossa alteza?- perguntou o cozinheiro, com um ponto de interrogação no rosto.
- Você ouviu direito! Carne de língua de todos os animais do reino! Corra, porque a rainha não pode mais esperar.
O cozinheiro foi chamar os caçadores do reino. Depois de algumas horas, já tinha na sua frente língua de cachorro, gato, rato, jacaré, elefante, tigre, girafa, lagartixa, tartaruga, vaca, ovelha, zebra, hopopótamo …
O imenso sopão ficou pronto no meio da noite. O próprio rei foi alimentar a sua rainha com carne de língua. Entrou no quarto e ficou espantado com a aparência de sua amada esposa. Sentou- se ao seu lado, pegou uma colher de sopão e aproximou da boca da rainha. Com muito esforço, ela engoliu algumas colheradas do sopão.
O rei , esperou, esperou e esperou, mas a rainha não melhorava, muito pelo contrário, parecia que a morte a levaria a qualquer momento. Um desespero tomou conta do rei. Se não fizesse algo, a rainha iria embora para sempre.
- Soldado! Soldado! – gritou.
Um imenso homem, com armadura e espada, entrou no quarto.
- Escute bem, soldado. A rainha a rainha tem que ser transferida imediatamente para a casa de um camponês. Lá você encontrará uma mulher gordinha e rosadinha, quero que você a traga até aqui.
O rei explicou ao soldado onde ficava a casa desse camponês. Essa era a única chance, ele imaginava, de a mulher sobreviver. Talvez ele não tivesse entendido direito o que o camponês lhe dissera.
- Corre, corre, soldado! A vida da rainha depende disso!
O soldado pegou a rainha no colo e com a ajuda de outros homens saiu em disparada até a casa do camponês. A troca foi feita e, assim que a camponesa entrou no castelo do rei, ficou doente misteriosamente. Depois de três semanas, a camponesa, que era gordinha e rosadinha, estava magra e triste. O rei, então, decidiu ver como estava a sua rainha.
Chegando na cabana, pôs o rosto na janela e … Não podia ser! A rainha estava gordinha, rosadinha e gargalhava como nunca tinha visto antes. Na frente dela, o camponês não parava de mexer os lábios. O rei bateu à porta:
- Majestade, você novamente aqui. O que vossa alteza deseja?
- Camponês, o que está acontecendo!? A sua esposa está morrendo no meu castelo e s minha está toda feliz saudável aqui na minha frente.
- Me diga você, alteza, o que você fez?
- Fiz exatamente o que você mandou. Dei carne de língua de cachorro, gato, coelho, girafa…, para minha rainha e para sua esposa também. Mas, camponês, nada adiantou.
- Majestade, você não compreendeu o que eu disse. Eu alimento a sua rainha e minha esposa com carne de língua, que são as histórias contadas pela minha língua.
O rei pensou um pouco sobre aquelas palavras. Lembrou-se também dos lábios do camponês mexendo. Parecia que agora havia entendido. Chamou a sua rainha de volta e devolveu a camponesa para sua casa. Assim que a rainha entrou no castelo, o rei prometeu que lhe daria todas as noites, antes de dormir, carne de língua.
A partir daquele dia, contam os quenianos, o rei contava uma história diferente todas as noites. E os quenianos nos revelaram que nunca mais essa rainha ficou doente. E esse povo africano ainda nos revela mais um segredo: as histórias fazem muito bem para as mulheres, crianças, jovens, homens e até mesmo para os reis.
Dividir a turma em trios, que iluminarão as partes do conto que acharam fundamentais:
Resumindo....
Sem atenção, não há gentileza, nem calor humano, nem proximidade, nem relacionamento.
Era uma vez um rei cuja esposa vivia triste, definhando. Um dia, ele notou que a mulher de um pobre pescador que morava próximo à corte era o próprio retrato da saúde e da felicidade. Então, ele dirigiu-se ao pescador:
- Como você consegue fazê-la tão feliz?
- É fácil - respondeu o pescador. - Dou-lhe carne de língua.
O rei imaginou que agora tinha a solução e ordenou que os melhores açougueiros do reino trouxessem língua para sua esposa, e passou a servir uma dieta reforçada. Mas suas esperanças foram frustradas. Ela piorou. O rei ficou furioso, e foi procurar o pescador:
- Vamos trocar de esposa. Quero uma mulher mais alegre.
O pescador foi obrigado a aceitar a proposta, apesar de fazê-lo com muito pesar.
O tempo passou e, pouco a pouco, para a aflição do rei, sua nova esposa caiu doente, definhando a olhos vistos, enquanto sua ex-esposa, vivendo com o pescador, transpirava saúde e alegria. Um dia, no mercado, ela passou ao lado do rei, que mal a reconheceu. Ele ficou impressionado:
- Venha comigo!!!
- Jamais! - respondeu ela. - Todos os dias, quando meu novo marido chega em casa, ele se senta comigo, me conta histórias, ouve as que tenho para contar, canta, me faz rir, me enche de vida. Essa é a carne de língua, alguém que conversa comigo e dedica a atenção a mim. O dia inteiro mal posso esperar que chegue a noite.
"Carnes de língua"...
Utilizada como expressão coloquial.
Tão lúdica e engraçada esta metáfora!
Que tal promover destas "carnes" em suas aulas?
Que tal promover destas "carnes" em suas aulas?
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AMEI O CONTO VOU UTILIZÁ-LO NO MEU PROJETO - vALORIZANDO A CULTURA-AFRO BRASIEIRA.e EM SALA DE AULA.
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