O caminho do rio
Elza Yasuko Passini
Era uma vez um córrego. Nasceu na será como um fiozinho de água,
surgindo no meio da mata e de algumas rochas. Foi descendo, descendo por entre
rochas grandes, mas, como percorria um terreno montanhoso, na descida podia
correr. No caminho encontrou outro córrego e o convidou a irem juntos até o
mar.
-Mas é tão longe... - falou o amigo.
-Vamos juntos que a gente chega lá!
Os dois córregos então formaram um riacho à procura do mar,
encontrando um caminho entre rochas.
Ao se verem diante de um morro, perguntaram:
-Senhor morro, como podemos passar, para chegar até o mar?
-Vocês devem dar a volta em mim – respondeu o morro.
-Por quê? – perguntou o riacho formado pelos dois córregos.
-Porque é mais fácil do que cavar. Cavar um morro pode levar
muito tempo. De qualquer forma, é sempre buscando as partes mais baixas que vocês
vão chegar até ao mar.
- Por quê?
- Porque o mar fica na parte mais baixa, lá na praia.
O riacho e o córrego, então, seguiram caminho.
(...) Às vezes se perdiam, faziam voltas. E muitas vezes se
espalhavam. O cavalo, boi e porco é que gostam desses alagados para beberem água...
(...) Chegaram num grande rio e acharam que era o mar.
_Esperem, sou grande mas não sou o mar -disse o rio.
- O mar tem sal e a minha água é chamada de doce, embora não
tenha açúcar nenhum.
Na verdade minha água não tem sabor algum.
- Você não é mar? Quem é então? – perguntou o riacho.
-Sou um rio como vocês. Tenho margens, não vêem? Sou maior
do que vocês em volume de água, largura. Vocês são meus afluentes.
Vocês juntam água com a minha e vamos juntos até o mar. Além
de vocês, tenho outros afluentes que encontramos pelo caminho, e vamos ficando
cada vez mais volumosos, largos e fortes.
- Olha o tubo sugando nossa água. Aquela máquina rega a plantação
e a água pode voltar para cá. È o ciclo da água desde que os plantadores não usem agrotóxicos.
Assim seguiram viagem...
Percorrem um vale apertado cercado de mata.
Caem assustados numa cachoeira...
- Calma, é um degrau de terra chamada cachoeira. – Disse o
rio.
Estamos descendo para chegar ao mar!
E assim houve o encontro entre o mar e as águas do
riachinho, córrego e rio que desceram lá da serra.
- Mas, e agora, Omar está empurrando de volta? Ele não quer que
juntemos nossas águas?
O mar explica:
- Calma, estou em maré cheia e, em vez de receber a água dos
rios, entro nos rios. Esperem a maré mudar e vocês serão bem-vindos.
Quando chegou a maré baixa,as águas entraram no mar,
misturando seu sabor doce ao salgado do mar. E ficaram juntos até que o calor
do sol os aqueça e reinicie o ciclo da água, mas aí é outra história.
NASCIMENTO DO RIO ATÉ CHEGAR AO MAR
Os córregos se tornam riacho, que se lança no rio, que desemboca no mar:
o caminho percorrido pelas águas de um rio da nascente à foz é o tema desta obra para crianças dos primeiros anos do ensino fundamental.
A suavidade no texto e nas ilustrações envolve o leitor e torna agradável absorver as informações e conceitos trabalhados no livro.
Sequência didática
Gênero Textual: Texto informativo
v Livro: O CAMINHO DO RIO - Elza Yasuko Passini
v Objetivos:
- Expor os conhecimentos prévios sobre o tema abordado.
- Conhecer a composição de um livro e um pouco do processo de escrita e edição do mesmo.
- Identificar o gênero textual (Informativo).
- Desenvolver o gosto pela leitura, aprimorando a habilidade de compreensão e interpretação.
- Reconhecer a importância dos rios, informando-se sobre as formas de conservação e as ações prejudiciais a essa fonte de vida.
- Ouvir, analisar e dramatizar música e poema, explorando o tema em foco, tendo contato e informações sobre outros gêneros textuais, podendo compará-los.
v Componentes curriculares: Língua Portuguesa / Ciências
v Conteúdos: Estratégias de leitura / O caminho do rio / Análise textual, estrutural e linguística
v Ano: 2º
v Tempo estimado: uma semana
v Material necessário: livro, cartolina, papel ofício, lápis de cor, giz de cera, tinta guache, papel madeira, texto impresso, livros, revistas, cola, cd, aparelho de som, gravuras, pincel atômico, etc.
v Desenvolvimento:
1º momento:
- Apresentação do tema, levantando os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do tema abordado.
- Exploração das partes que compõem um livro, bem como sua produção e edição.
- Trabalhar a questão do gênero textual presente nesta história.
- Leitura do livro, seguido de explicações, comentários espontâneos ou dirigidos.
- Compreensão oral através de questões, como:
Quais os personagens da história?
Qual assunto tratado nessa história? Qual o nome do autor?
- Falar sobre a referência do livro.
2º momento - Explanar sobre o tema, ressaltando a importância dos rios para a
sobrevivência dos seres vivos, bem como as partes que compõem um rio e
também os caminhos que esse percorre.
- Expor a questão da conservação dos rios e a degradação sofrida por essa fonte
de vida, enfim todos os aspectos e questões que envolvem a temática.
3º momento - Trazer letra da música:
RIACHO DO NAVIO (Luiz Gonzaga) e poema:
O MENINO QUE GANHOU UM RIO (Manoel de Barros), para serem explorados em sala.
- Realizar atividade contendo análise textual, estrutural e linguística.
v Leitura do texto acompanhado de comentários dirigidos ou espontâneos.
v Ilustração do texto de forma coletiva, em papel madeira com uso de desenhos à mão livre, recortes e colagens, etc.
Relato: Esta atividade contou com a participação ativa de todos os alunos, tanto na leitura e comentário do livro, quanto no momento de execução da música, demostrando conhecer não só a música, como também o cantor e lembraram também outras canções interpretadas pelo artista. A proposta de trabalho com o poema foi igualmente proveitosa e interessante, principalmente no momento de escrita e ilustração do texto, em que todos participaram ativamente.
Partes de um rio: AQUI
Desdobramento
O MENINO QUE GANHOU UM RIO
Minha mãe me deu um rio.
Era dia de meu aniversário e ela não sabia o que me presentear.
Fazia tempo que os mascates não passavam naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse minha mãe compraria rapadura ou bolachinhas para me dar.
Mas como não passara o mascate, minha mãe me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás de casa.
Eu estimei o presente mais do que fosse uma rapadura do mascate.
Meu irmão ficou magoado porque ele gostava do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário de meu irmão ela iria dar uma árvore para ele.
Uma que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera ao meu irmão e achei legal.
Os pássaros ficavam durante o dia nas margens do meu rio e de noite eles iriam dormir na árvore do meu irmão.
Meu irmão me provocava assim: a minha árvore deu lindas flores em setembro.
E o seu rio não dá flores!
Eu respondia que a árvore dele não dava piraputanga.
Era verdade, mas o que nos unia demais eram os banhos nus no rio entre os pássaros.
Nesse ponto nossa vida era um afago!
Texto extraído do livro Memórias Inventadas, de Manoel de Barros.
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