“UMA DANÇA FEITA DE GENTE”
Lenira Rengel
Veja Projeto Corpo Saudável
ATIVIDADE 1. MEU CORPO TEM UM JARDIM EM VOLTA
Esta atividade vai dar subsídios para os alunos compreenderem que a dança e todas as suas modalidades partem das possibilidades do corpo de cada um e que este corpo não se limita em si mesmo.
Ele alcança o espaço em volta, o explora, o envolve, o atravessa, o percorre, o tateia.
O fator de movimento espaço auxilia a pessoa na comunicação com o mundo, com as outras pessoas.
O espaço trata de relacionamento, de contato com a vida, a sociedade, com a cultura.
Uma criança restrita a uso espacial, em geral é mais rígida, tímida e contida.
Vamos trabalhar com a noção de Rudolf Laban de cinesfera, a esfera de movimento que é extensão de nosso corpo, um espaço vital que faz parte de nós e que não acaba na pele, ou ainda, um espaço em volta do nosso corpo com o qual nos movemos.
Por isso a idéia do “jardim”, como uma casa que tem um jardim e que não pode existir sem ele.
E, o nosso jardim vai ser bem florido, com muito espaço em volta para ser “plantado” e “crescer”.
Comece pedindo para os alunos escolherem um lugar na sala.
A partir de um ponto, que não precisa ser extremamente rígido, ele não vai se deslocar, contudo vai tentar “plantar” sementes e flores desde bem perto do ser corpo (quase encostado no tronco, nos membros, na barriga) até o mais longe que ele alcançar (lembre-se, não há deslocamento).
Vá aos poucos, primeiro bem perto do corpo, incentive os movimentos com uma mão, as duas, com a ponta dos dedos.
Proponha outras partes do corpo como pés, por exemplo.
Uma parte do corpo sempre estará mais ou menos localizada no lugar que foi escolhido no início da atividade, isto é, você também pode ir sugerindo a mudança de partes que ficam no local.
Por exemplo, um pé fica, depois o quadril (o aluno sentado no chão), um cotovelo, uma mão.
Comece a desenvolver maior distância em relação ao corpo, sempre variando partes do corpo.
Explore níveis e direções espaciais: alto, médio e baixo, frente, trás, diagonais.
Agora proponha uma improvisação com o corpo traçando caminhos retos e sinuosos, sempre sem se deslocar.
Ainda estamos despertando a capacidade do aluno de perceber seu corpo expandido, a partir de uma localização.
Esta é, então, uma dança de expansão, um corpo que na verdade também é o jardim.
Procure agora que o aluno alcance o mais longe possível, sem deslocamento.
Incentive saltos para diferentes alturas e direções.
É possível propor a iamgem de um “sapo” saltando no jardim ou um coelho, ou canguru, mesmo para os alunos mais velhos, é só como entoar a voz, como falar.
Agora a cinesfera se desloca, o jardim se expande mais ainda e vai “plantar” em todo os espaços da sala de aula.
Pode haver uma retomada de tudo o que já foi feito, mas em deslocamento.
Há muitos tipos de deslocamento: ao nível do chão, andando, pulando, girando, rolando.
Como será se “enfiar” na terra?
Como uma minhoca?
Para os maiores talvez não usar a imagem da “minhoca” e dizer: “como se estivesse entrando na terra”, ou “escavando”, ou ações (movimentos-palavra que sugiram experimentação de dança semelhante).
O “jardim” precisa de água e uma dança flexivel, leve e suave pode “ser” um riacho atravessando o jardim, ou uma “forte tempestade” desaba sobre o jardim.
Atenção, neste momento da atividade ou de seu desdobramento em outro dia você pode variar o tamanho do jardim.
Ora ele é bem perto do corpo, um pouco mais distante, bem longe e assim por diante.
Nos momentos de análise e mesmo durante as propostas, converse sobre os significados das sensações de água, de jardim.
Deixe bem claro que ninguém é “jardim”.
Trata-se de uma idéia de jardim, de sensação de jardim (cores, formatos de flores), e, tanto idéia quanto sensação são corpóreas.
Como ideia de outras atividades a partir desta, pense que:
- como seria meu corpo e minha sem jardim;
- como seria meu corpo e minha dança em um jardim seco;
- como seria meu corpo e minha dança dentro de um apartamento;
- como seria meu corpo e minha dança rodeado de linha retas, apenas.
Vamos tentar ter mais idéias durante nossa capacitação.
Utilize-se de músicas as mais variadas, bem como de sons e instrumentos que você toque.
Insturmentos que você crie de percurssão também são ótimos.
ATIVIDADE 2. DANÇA COM OBJETOS
Esta atividade tem como proposta explorar diversos materiais em relação ao corpo que dança.
Objetos, na maioria das vezes ajudam a experiência da dança para os mais timidos e estimulam a todos (tíimidos ou não) a criação de novas possibilidades de movimento pela sua própria materialidade, desenho, cor, forma, maleabilidade.
Alguns são de fácil contato, outros “estranhos”, outros mais orgânicos.
Todos porém material de exploração e criação.
Usaremos bolas dos mais variados tamanhos e materiais.
O que menos se incentiva é “jogar bola”.
Todavia, faremos, sim, jogos com a bola, em círculo com o grupo todo ou divisões em grupos menores, saltando, em duplas.
Faremos estes jogos dançantes na capacitação.
Após os jogos dançantes, proponha um dança de cada aluno com uma bola, passando de uma mão para outra, por baixo da perna.
Segurando com as duas mãos atrás do corpo e perceber quais as possibilidades de moviemntação.
Faça então uma dança na qual a bola fica grudada entre partes do corpo.
Por exemplo, entre a cintura e o antebraço e os alunos dançam com a bola assim.
Escolha muitas outras variações de grudar/segurar: uma bola entre o queixo e o pescoço, entre as pernas na altura da coxa, embaixo das axilas.
Procure sugestões inusitadas.
Agora trabalhe em duplas, trios e quartetos.
Um aluno deixa-se ser “preenchido” com bolas e como ele vai se movimentar?
Ele fica um tempo, não há problema alguam se bolas caírem, não estamos fazendo concurso e sim ensinando o fazer, conhecer e apreciar Arte.
Retire a bola e sugira que ela permaneceu em lugares do corpo que você já improvisou antes, com a bola.
Fica muito interessante e, quem vê, e não sabe que antes usamos a bola, não tem idéia de como criamos estes movimentos.
Professor, nas suas aulas faça em dias diferntes a mesma proposta só que com bolas de tamanhos e texturas diferntes.
Empregue músicas diferntes em cada dia.
Contudo atenção: é possível repetir algo que deu certo, que os alunos se interessaram.
Eles próprios pedem.
E, repetir nunca é exatamente igual.
Vamos trabalhar também com elásticos, papéis e canetas, nos quais será possível desenhar objetos imaginários para fazerem parte da atividade.
Com o elástico forme duplas e trios.
Um só pedaço de elástico para os três.
Dois manipulam o elástico e o outro colega faz uma dança de se moldar às formas que os amigos vão sugerindo.
Com “esgaguetes” de espuma você poderá sugerir uma linda dança colorida.
Este objeto se presta a muitas e muitas possibildades: equilíbrio, tanto ao segurá-lo dançando com partes do corpo, bem com ficar sobre ele, em diversas posições.
Você pode cortá-lo e terá então outras ideias.
Ele também “é” muitas coisas quando se juntar a outros “espaguetes”:
- um jogo de varetas gigante,
- uma grande cama;
- um barco nas ondas;
- uma ponte para ser atravessada.
Forme trilhas, caminhos com eles e os alunos dançam ao longo dos traçados.
Mude os traçados, mude a dança, a música.
Desenvolva esta atividade por vários dias, não precisam ser seguidos.
Dê outra atividade, depois retome esta.
Faça a proposta de uma dança de o espaguete ser levado para bem longe do corpo, sem soltá-lo ou se o soltar não jogar com força.
O aluno deve dançar como se estivesse o seguindo em direções e ritmos diferntes.
É muito importante para deslocamento espacial.
“Tire” o espaguete e peça para que os alunos dancem como se estivessem com ele.
Faça também tipos de saltos sobre o espagueti.
Use mais de um e crie distâncias para serem saltadas.
ATIVIDADE 3. DANÇA FEITA DE DANÇAS
Agora vamos dançar danças.
Suas modalidades específicas e algumas de suas características.
Até aqui o aluno já deve ter desenvolvido suas possibilidades de repertorio de dança e movimento.
As atividades 1 e 2 foram (são) um guia norteador para as possibilidades dos movimentos que acontecem em dança.
Sem dúvida, o aluno terá elementos “corpóreobinterpretativos” para fazer e analisar uma introdução às danças com as quais dialogará nessa atividade:
- Breaking,
- Ciranda;
- Maracatu,
- Frevo.
A intenção com esta atividade é conhecer, fazer e analisar o que muito se comenta, mas pouco se sabe: danças poulares brasileiras e a dança de rua, que também é brasileira.
Afinal de contas, é feita por brasileiros e repleta de passos de capoeira e alguns muito parecidos com os do frevo.
Obviamente, professor, não abrageremos toda a riqueza dessas danças.
Longe de nós a pretensão de dar conta de tema tão vasto e rico.
Contudo você poderá fornecer elementos para despertar no aluno o interesse por esse assunto tão contemporãneo, tanto no sentido de ser do tempo atual, quanto como conceito de Arte contemporânea (abordaremos em capacitação).
Com você, professor, também na capacitação trataremos dos conceitos de tradição e resgate.
Claro que não é adequado fazê-la com os alunos, mas essa nossa reflexão vai sobremaneira dar-lhe recursos de compreensão ao ensinar a seus alunos alguns códigos dessas danças.
Comece com a Ciranda e com músicas que os alunos gostem e depois mostre a Ciranda mais tradicional.
Faça com mãos dadas e também separadas.
Faça caminhadas com ollhares se cumprimentando (você entenderá melhor ao fazer, não se preocupe).
Em todas as danças descreva os movimentos.
Por exemplo, como as pernas se cruzam, partes do corpo que são enfatizadas, uso do espaço (mais em linha reta, o movimento é rápido? Sinuoso?).
Lembre-se, como movimento-palavra!
Fale de um jeito dançado, cantado, atuado!
A dança de rua tem movimentos com algumas partes do corpo bem enfatizadas, como ombros e cabeça.
Vá indicando algumas partes e as direções que ela vai formando.
Conte-lhes um pouco sobre a contextualização histórica (inclusive a História atual) de cada dança.
Você pode escolher outras.
Peça também para seus alunos pesquisarem.
Sobre o Maracatu conte a história de reis e rainhas, os passos, os personagens.
Sobre o Frevo mostre seus movimentos de luta “disfaçados” em dança.
Incentive os alunos a perceberem as diferenças e as semelhanças entre as danças.
Mostre-lhes que não se trata de uma homogeinização e sim de um diálogo de coexistência de diversidades, de danças, de corpos, de “gentes”.
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