Ser um patinho feio não é nada legal... Mas ser um dos irmãos bonitinhos dele também não é tão bom assim. Afinal, quem ia gostar de ver um familiar tão próximo sendo desprezado e andando por aí todo jururu? Na certa, você também se sentiria culpado.
É a partir desse ponto de vista que Silvana Tavano reconta "O patinho feio", uma história escrita por Hans Christian Andersen em 1843, mas que ainda nos diverte e emociona com seus “quacs” de sabedoria.
Ver o sofrimento do irmão e não fazer nada,também não é NADA legal! Com certeza você se sentiria culpado! E é com essa visão que a autora reconta a história clássica do pato excluído por ser diferente dos outros feita por Christian Andersen em 1843. Quem nunca viu um colega, um amigo, um irmão ser tratado mau por ser/pensar/agir diferente do grande grupo? Você conseguiu fazer alguma coisa? Ou só sentiu-se culpado? Às vezes é muito difícil, não?! Cecília ficou com muita pena do patinho feio e quis fazer um para cuidar.
Materiais necessários: Um vaso de cerâmica pequeno (usamos um rachadinho e velho/reciclando-o), pinceis, tinta acrílica, purpurina (lantejoulas, penas, pompons), papel colorido, tesoura, canetinha, olhos que mexem, tampinhas, cola quente e chenille armado (arame felpudo).
Depois de seco colar tudo com cola quente. O papel colorido virou bico. Usou 3 chenilles armado: 2 para as pernas e pés (basta enrolar a ponta numa bolinha) e 1, cortado ao meio e dobrado, para as asas. Para o chapéu uma tampinha e um pompom de enfeite em cima. A Cecília também usou um pompom vermelho para o rabo. Por fim, escolheu 2 olhos grandes e colou em cima do bico. Para que ele fique "feio" é importante fazer tudo colorido, com tons que não combinam muito entre si.:)
O patinho culpado -- um exercício
Tarefa do (ótimo) curso da professora Noemi Jaffe: recontar uma
história infantil conhecida a partir do ponto de vista de um personagem
que seja insignificante na trama, sem usar a palavra "não"
e com três palavras pouco usuais, garimpadas no dicionário.
Segue o texto:
Nascemos todos juntos, eu e meus irmãos. história infantil conhecida a partir do ponto de vista de um personagem
que seja insignificante na trama, sem usar a palavra "não"
e com três palavras pouco usuais, garimpadas no dicionário.
Segue o texto:
Acho que fui um dos primeiros a
quebrar a casca e colocar minha cabeça pelada pra fora.
Mamãe logo percebeu
a nossa movimentação, deu um pulo e ficou ali, toda orgulhosa,
soltando quacs
de alegria cada vez que um de nós aparecia.
Ele foi um dos últimos da ninhada, mas quando finalmente surgiu,
mamãe
abriu as asas, assustada, e deu um passo para trás – era um patinho
pequeno e escuro, completamente diferente da gente.
Preciso reconhecer: desde o primeiro momento, tive problemas para
aceitar aquele pato esquisito como irmão.
Era um disparate, uma verdadeira fósmea*!
Como boa mãe, a nossa tratou de disfarçar o choque e imediatamente
saiu chamando as amigas pra que viessem nos conhecer.
Todas, sem exceção, perdiam a fala ao ver aquele estranho no ninho,
confirmando a minha percepção de que havia alguma coisa muito
errada com ele.
Nossos primeiros dias de vida transcorreram sem incidentes,
as coisas foram acontecendo como deveriam: com mais ou menos
dificuldade, todos nós começamos a circular, ensaiando nossos
primeiros passos.
primeiros passos.
Ele bem que tentava se enturmar, mas, acho que era mais forte
que nós, ninguém o convidava
que nós, ninguém o convidava
para ciscar ou passear em volta do lago.
Isolou-se, ou nós o isolamos, desde sempre.
No primeiro dia na água, seguimos mamãe, orgulhosos, e fomos,
Em pouco tempo, formávamos um eito perfeito,
um a um, flutuando naturalmente.
mas nossa harmonia sempre ficava bastante comprometida com
aquela presença desengonçada. Invariavelmente, o patinho feio
ficava no final da fila, esquecido e ignorado.
ficava no final da fila, esquecido e ignorado.
Marroaz*, ele persistia, tentando a todo
custo seguir a família que o rejeitava.
De tanto sofrer, o pobrezinho um dia finalmente decidiu partir.
Nem se despediu -- sabia que nenhum de nós sentiria a sua falta.
De fato, acho que mamãe ficou aliviada.
Fazer o quê?
Assim é a natureza.
Nem se despediu -- sabia que nenhum de nós sentiria a sua falta.
De fato, acho que mamãe ficou aliviada.
Fazer o quê?
Assim é a natureza.
Mas partir foi a sua sorte.
Soubemos que depois de vagar sabe-se lá por quanto tempo,
um dia parou para beber água onde uma família de cisnes
brincava alegremente.
Viu seu reflexo na água e, surpreso, olhou para os pequenos cisnes
que vinham se aproximando dele.
Sem acreditar, olhou novamente,
e mais uma vez, até ter certeza
do que estava vendo.
Que grande ventura: descobriu-se cisne e foi adotado por aquela família no
mesmo dia.
Saber disso tudo aliviou a minha culpa.
Dizem que hoje em dia vive muito feliz, belo entre os cisnes.
E até onde sei, não guardou mágoa dos patos.
*fósmea: ideia confusa e disparatada; indefinível.
*eito: sequência ou série de coisas que estão na mesma direção ou linha
*marroaz: teimoso, obstinado
Silvana Tavano
Sequência didática
O patinho feio
Cordel
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