E, a qualquer crítica, ele fecha a cauda, a qualquer elogio, se pavoneia todo.
Como se pode ser feliz em meio a tanto abre-e-fecha?
Você liga muito para o que os outros acham? Pois é....
Ana Maria Machado mostra neste livro como a gente fica mal se der muita bola para a opinião dos outros, como o pavão da história.
Precisa aparecer um casal de urubus feiosos e mal cheirosos para abrir os olhos dele.
As frases são rimadas e os desenhos, de Anna Göbel, são muito bonitos.
A última página imita as penas da cauda de pavão, bem de pertinho.
O pavão do abre-e-fecha
Ana Maria Machado
Um pavão se admirava na beira do lago, se olhava na água e se perguntava:
- Sou feio? Sou bonito?
Quando via a cauda aberta em leque, toda verde, roxa e azul-brilhante, se achava lindo e elegante.
Mas quando olhava para os pés e seu andar desajeitado, ficava até desanimado. E se escondia envergonhado.
Um dia, ele recebeu um convite para uma festa no céu, que devia ser ainda mais bonita que a tal do sapo. Abriu e perguntou:
- Será que isso é bom? Será que é ruim?
Sempre que precisava ter uma opinião, ficava assim.
- Claro que é bom – disse o pombo-correio.
- Festa é sempre bom.
E ele achou que era bom.
Abriu a cauda e ficou se admirando. Depois, ensaiou uns passos de dança. E ouviu as gargalhadas de um tangará dançarino que, bem ao seu lado, treinava para a festança:
- Que bicho mais desajeitado! Este baile vai ser engraçado....
Ficou todo sem graça e se fechou.
Aí chegou um pardal e assim falou:
- Que tristeza é essa ?
- É que eu danço esquisito...
- E quem vai reparar nisso num bicho tão bonito?
E o pavão, elogiado, abriu a cauda com pena pra todo lado.
Mas, de mau jeito, acabou perdendo uma, lá no canto direito.
Foi uma tristeza danada. E lá ficou de novo, todo encolhido, de cara amarrada.
- Por que todo esse aborrecimento? – Perguntou o periquito, que passava nesse momento.
- Perdi uma pena e isso é ruim.
- Ruim uma ova. É sinal de que vai ganhar outra bem nova.
Com isso, o pavão se animou e abriu seu leque.
Aí chegou o bem-te-vi e riu muito engraçado:
- Olha o pavão de rabo banguela!
Já se sabe: o pavão encolheu a cauda, tratou de sumir com ela.
E ficou assim a tarde toda, abrindo e fechando, abrindo e fechando, mudando de idéia com cada bicho que ia encontrando.
No fim do dia estava suado, cansado, de língua de fora, exausto de abrir e fechar a toda hora.
Resolveu: não ia mais. Mas também não ficava ali para todo mundo rir dele. Viu uma moita e se escondeu atrás.
Aí ouviu uma conversa do outro lado:
- Nem agüento mais esperar o baile. Que festança vai ser essa...
- É mesmo! Comida boa, água fresquinha, muitos amigos e música à beça....
O pavão foi até lá, ver quem tinha tanta animação.
Não era pássaro colorido, nem dançarino, nem de boa canção.
Era um casal de urubus.
Foi a vez do pavão rir deles, abrindo suas penas verdes e azuis.
- Vocês não se envergonham? Feios assim e cheirando ruim? Quando vocês dançarem, todo mundo vai sair.
Vai nada... - respondeu o urubu.- Todo mundo está mais ocupado, tratando de comer e beber, de cantar e dançar, de se ver e conversar.
E se alguém quiser, pode rir.
Não é por isso que vou deixar de me divertir.
E a urubua completou:
- E tem mais: não tem essa de feio e fedorento, não, ouviu?
Urubu é tão bonito, da cor do jamelão e do jaguar, da jabuticaba e da noite sem luar....
E quando o pavão abria o bico e se espantava, ela continuou:
- Você é que é feioso, com esse rabo escandaloso, abrindo e fechando que nem gaveta. E nem ao menos tem a cor preta.
Todo esse verde, vermelho e azul, cheio de bolinha.....
Mas a última coisa que disse foi com um sorriso manhoso e olhar dengoso:
- O que vale é que você tem uns pés que são mesmo uma gracinha...... E depois, isso de bonito ou feio é só questão de recheio.
Aí o pavão teve que rir.
E depois que os dois saíram voando, ele ficou pensando:
- Feiúra de lixo ou beleza de artista não depende do bicho, mas do ponto de vista. Cada um é diferente e o que importa é mesmo a gente.
E lá foi ele animadíssimo para uma festa bem divertida.
Ainda bem. Se não, ficava naquele abre-e-fecha toda vida.
1- Pinte e recorte o corpinho do pavão;
2- Pegue meia sulfite e dobre na horizontal em forma de sanfona;
3- dobre a sanfona em "V";
4- Pinte cada parte da sanfona de uma cor e cole o corpinho no meio.
A cauda do pavão faz com uma sanfona dobrada ao meio, parecido com um leque, mas antes as crianças pintam das cores que preferiram.
Dobraduras
Carimbando mãozinhas....
Tem mais sugestões legais aqui
Passo a passo aqui
Roteiro de leitura
O pavão é uma ave grande: se incluída a cauda, ele chega a ter mais de 2 metros de comprimento e 80 centímetros de altura. Original da Ásia, o pavão era considerado um animal sagrado na Índia. Principalmente pela beleza do macho, o pavão ornamenta jardins e parques. Alimenta-se de folhas, sementes, frutas, insetos.
O pavão é uma ave grande: se incluída a cauda, ele chega a ter mais de 2 metros de comprimento e 80 centímetros de altura. Original da Ásia, o pavão era considerado um animal sagrado na Índia. Principalmente pela beleza do macho, o pavão ornamenta jardins e parques. Alimenta-se de folhas, sementes, frutas, insetos.
Usa o alto das árvores para dormir ou se abrigar de ameaças.
Vejam uma sequência de atividades aqui: Inclusive dramatização
Plano de aula
Histórias entrelaçadas
A partir de histórias da literatura infantil refletir sobre a atitude de se influenciar com opiniões alheias, se desvalorizando.
· Associar a questão da influência negativa presente em outras histórias.
· Dramatizar histórias.
· Participar coletivamente de atividades propostas.
· Valorizar seu jeito de ser e conviver com as diferenças.
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