TRAVESSURAS DE MALASARTES
A SOPA DE PEDRA
Folclore em cordel
Autor: Olegário Alfredo
Autor: Olegário Alfredo
Editora Crisálida
Sugestão do conto tradicional deste personagem tradicional.
A literatura de cordel vem perpetuar a manutenção
da memória viva do povo,
Além de representar uma excelente ferramenta
paradidática na sala de aula,
pela sua importância cultural e rica estrutura
de ritmo, métrica e rima,também destaca e debate as
formas populares de falar e pensar, reatando os
laços do povo com a cultura popular brasileira.
Este livro reúne treze histórias de folclore ,
lançadas originalmente em folhetos de cordel separados.
Aqui constam trechos de uma delas:
O tempo do tempo antigo
Foi o tempo da palmatória
Se ouvia muita história das
Pode o homem apagar tudo
Só não apaga a memória.
Foi o tempo da palmatória
Se ouvia muita história das
Pode o homem apagar tudo
Só não apaga a memória.
Malasartes é lembrado
No folclore brasileiro
No tempo em que viveu
Foi moleque por inteiro
Já fez urubu falar
Pra ganhar muito dinheiro
Muita gente não conhece
Quem é Pedro Malasartes
Este pixote danado
Viveu para fazer arte
Seus causos de peraltice
São visto por toda parte.
Malasartes foi parando
Bem pertinho de uma venda
Lá estava a matutada
Falando feito parlenda
Malasartes abriu o ouvido
Pra escutar a lenga- lenga.
Os matutos lá falavam
Duma senhora avarenta
A idade dessa donzela
Já passava dos noventa
Era tão unha-de-fome
Nem aos cães dava polenta.
A fofoca lá na venda
Agitava a vizinhança
Malasartes só espiando
E ganhando segurança
Malasartes tinha fome
Precisava encher a pança.
Um caboclo foi dizendo
Eu conheço essa velhinha
Ela é mesmo pão-duro
Ela é mão-de-galinha
Nem bom dia ela dá
Para não perder a linha.
Malasartes só ouvindo
Só ouvindo e matutando
Dá o bote na hora certa
Quieto ficou esperando
Quando logo abriu a brecha
Malsartes foi falando:
- Esta velha de que dizem
Vai cair no meu gogó
Eu sou Pedro Malasartes
Não dou ponto sem dá nó
Ela vai ter de me dar
Farinha de mocotó.
Então se ouviu no armazém
Uma grande gargalhada:
-Quem és tu cabra mofino
Tu pra nós não ta com nada
Apostamos qualquer coisa
A nossa sorte é chegada.
Sabes tu que a velhinha
Não dá mesmo nem risada
Apostamos coisa grande
Ganharemos a parada
Daquela velha pão-duro
Só se ganha porretada.
Os matutos apostaram
N acerteza de ganhar
A turma temia um pouco
Se lá o Pedro,iria pagar
O Pedro muito matreiro
Um plano pôs-se a bolar.
O Pedro juntou suas tráias
Bem no fundo do bornal
Tinha uma panela grande
Mais uns gravetos de pau
Rumou pra a casa da velha
Acampou lá no quintal.
Pegou sua panela velha
Fez um fogo pelo chão
Botou água pra ferver
Cutucava com tição
A velhota vendo aquilo
Despertou sua atenção.
O dia inteiro Malasartes
Ficou sentado esperando
A velha viu da lonjura
A panela fumegando
Dentro daquela panela
Só tinha água cozinhando.
Ter paciência na vida
È coisa tão gloriosa
Malasartes sabendo disto
Abusava da jeitosa
Toda sua persistência
Deixou a velha curiosa.
Foi grande a curiosidade
Que a velha não agüentou
Chegou perto, deu olhadela
E ligeira retirou
Malasartes ficou firme
Até mais fogo atiçou.
Pela noite não dormiu
Para o fogo não apagar
A água sempre fervendo
E a fumaça a fumegar
O dia logo amanheceu
E a velha pôs-se a espiar.
Malasartes pressentiu
Que esse dia era fatal
Sentado e cantarolando
Como a mãe para o pardal
Até que venha o gatinho
E dar o bote final.
Malasartes sempre acerta
Com toda premunição
A velhoca chegou perto
Perguntou no sopetão:
- Que tanto estás a cozinhar
Nesta panela aí no chão?
-Cozinho sopa de pedra
Bem aqui no seu quintal
Disse Pedro Malasartes
Na maior cara de pau
È a sopa melhor do mundo
Quem come não passa mal.
-Se come sopra de pedra?
Disse a velha interessada.
-È claro minha senhora
Inda mais bem temperada.
Malasartes respondeu
Pensando na trapaçada.
- Estou muito curiosa
Pra provar desta sopinha
Vou em casa vou correndo
Pegar sala e cebolinha
Disse a velha a Malasartes
Bem ali naquela horinha.
-Agorinha fica pronta
Só resta mais um pouquinho
Ela vai ficar melhor
Com um naco de toucinho
- Vou buscar na minha casa
Ontem matei um porquinho.
Aproveita a caminhada
Traga tomate também
Vou pôr tudo na panela
Misturar como convém
È a sopa mais barata
Vamos todos passar bem.
Desta forma Malasartes
Foi a velha engabelando
Cada caldo que trazia
A sopa ia melhorando
A sopa ficar prontinha
A velha estava esperando.
Pedro Malasartes disse
Targa agora macarrão
Se tiver traga batata
Estou fazendo um caldão
A senhora vai comer
Até arrastar no chão.
Malasartes bem depois
Foi dizendo à mulher
A sopa está prontinha
Traga o prato e a colher
Vou servir para nós dois
E para quem mais vier.
Malasartes foi servindo
Logo, logo encheu o prato
Separou todas as pedras
Jogou todas no mato
A velhinha perguntando
A razão daquele fato.
-As pedras você não come?
Disse a velha dando um bote.
-Cê ta doida minha velha
Meu dente lá é serrote?
Disse Pedro Malasartes
Preparando pro pinote.
E tratou-se de mudar
Foi correndo bem ligeiro
Atrás da aposta grande
Foi dizendo ao companheiro
A velha me deu jantar
Vim buscar o meu dinheiro.
Desta feira Malasartes
Foi gastar o seu tutu
Caminhando pelo mundo
Achou no chão um urubu
Viu que com o bicho podia
Dá o golpe do baú.
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ótimo, vou usar no meu trabalho de escola
ResponderExcluirGrata pela visita
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