A padroeira da poesia paranaense
Depoimento de krika
Os paranaenses, em especial ,estarão comemorando neste ano de 2012 o centenário de Helena Kolody.
Fui pesquisar sua vida e obra a pedido de uma colega virtual, que certamente é do Paraná...
Confesso: não conhecia Helena Kolody.
Parei pra pensar: quanta coisa não sei ainda....E o tempo urge!
Fiquei encantada com sua biografia...Daí surgiramm as fotos, que com o passar da idade registraram esta expressão emocionada aí a cima.
Daí eu fico em ebulição, .....Igual uma chaleira dágua assobiando e fervendo no fogo....
Eu fico comovida em ser apresentada a alguém. Não importa se via Google, via olho no olho, o interessante é que divago em tantos pensamentos,querendo digitar rápido pra não perder a inspiração...Que acabo não dizendo coisas concretas.
Mas juro que tento!
Bem, importante aqui é que conheci esta poeta paranaense...
Meu haicai :
Seus olhos vividos
fizeram os meus
indagarem sobre
minh"alma...
Aqui postei uma notícia do início das comemorações,ano passado:
As comemorações do centenário de nascimento da poeta paranaense Helena Kolody (1912 – 2004), que acontece de fato em outubro do ano que vem, começam hoje a partir das 18 horas no piso L1 do Shopping Palladium.
É lá que será lançada a antologia Infinita Sinfonia, com todos os livros de poemas da escritora – à exceção, portanto, da obra em prosa Memórias de Nhá Mariquinha – reunida e organizada pela também poeta Adélia Maria Woellner.
O lançamento coincide com o grande momento que vive a obra da autora – Helena receberá, por meio de sua família, no próximo mês em Recife, a Ordem do Mérito Cultural, uma das maiores homenagens da literatura brasileira.
Adélia, que conviveu durante muito tempo com a autora, conta como reuniu a antologia:
“Eu sabia também que a obra dela já estava esgotada nas livrarias, e como sabia que as escolas não teriam muito recurso para fazer a comemoração do centenário, resolvi fazer esse livro.
Mas se me perguntar o porquê, não vou saber responder, foi por impulso!”, conta, rindo.
Organizado em ordem cronológica inversa, ou seja, começando pelo último livro de haicais Reika (1993) e terminando com Paisagem Interior (1941), além de outros poemas avulsos, Infinita Sinfonia acompanha também um CD, com músicas de diversos compositores dedicadas à poeta. Além de nomes como Isso Fischer, Sérgio Justen e Beto Capeletto, as duas primeiras faixas do álbum contam com nada menos que a voz da própria Helena Kolody: cantando a música “Ramona”, na abertura do curta-metragem A Babel da Luz, do diretor Sylvio Back, e recitando o poema “Saga”, numa gravação rara cedida pela TV Educativa do Paraná.
De acordo com Adélia, tudo foi arranjado entre seus amigos.
“Não busquei qualquer recurso público para produzir a antologia.
A impressão, o pagamento de direitos autorais, o projeto gráfico, tudo foi arranjado graças a outras pessoas, que também admiravam a obra da Helena.
Quanto aos músicos, nenhum exigiu qualquer retribuição pela divulgação das composições.
Um chamou o outro e conseguimos reunir um excelente material de homenagem e registro histórico dessa grande artista paranaense”.
”Não quero ser o grande rio caudaloso
Que figura nos mapas.
Quero ser o cristalino fio d’água
Que canta e murmura na mata silenciosa.”
(in Sinfonia da Vida, Pólo Ed. do PR, 1997, p.28 e 29)
Seus pais foram imigrantes ucranianos que se conheceram no Brasil. Helena passou parte da infância na cidade de Rio Negro, onde fez o curso primário.
Estudou piano, pintura e, aos doze anos, fez seus primeiros versos.
Seu primeiro poema publicado foi A Lágrima, aos 16 anos de idade, e a divulgação de seus trabalhos, na época, era através da revista Marinha, de Paranaguá.
Aos 20 anos, Helena iniciou a carreira de professora do Ensino Médio e inspetora de escola pública.
Lecionou no Instituto de Educação de Curitiba por 23 anos.
Helena Kolody, segundo o que consta em seu livro Viagem no Espelho, foi professora da Escola de Professores da cidade de Jacarezinho, onde lecionou por vários anos.
Seu primeiro livro, publicado em 1941, foi Paisagem Interior, dedicado a seu pai, Miguel Kolody, que faleceu dois meses antes da publicação.
Helena se tornou uma das poetisas mais importantes do Paraná, e praticava principalmente o haicai, que é uma forma poética de origem japonesa, cuja característica é a concisão, ou seja, a arte de dizer o máximo com o mínimo.
Foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941.
Foi admirada por poetas como Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski, sendo que, com esse último, teve uma grande relação de amizade pessoal e literária.
Obras
Paisagem Interior (1941)
Música Submersa (1945)
A Sombra no Rio (1951)
Poesias Completas (1962)
Vida Breve (1965)
Era Espacial e Trilha Sonora (1966)
Antologia Poética (1967)
Tempo (1970)
Correnteza (1977, seleção de poemas publicados até esta data)
Infinito Presente (1980)
Poesias Escolhidas (1983, traduções de seus poemas para o ucraniano)
Sempre Palavra (1985)
Poesia Mínima (1986)
Viagem no Espelho (1988, reunião de vários livros já publicados)
Ontem, Agora (1991)
Reika (1993)
Sempre Poesia (1994, antologia poética)
Caixinha de Música (1996)
Luz Infinita (1997, edição bilíngüe).
Sinfonia da Vida (1997, antologia poética com depoimentos da poetisa)
Helena Kolody por Helena Kolody (1997, CD gravado para a coleção Poesia Falada)
Poemas do Amor Impossível (2002, antologia poética)
Memórias de Nhá Mariquinha (2002, obra em prosa)
Poemas retirados de Viagem no Espelho, de Helena Kolody.)
RESSONÂNCIA
Bate breve o gongo.
Na amplidão do templo ecoa
o som lento e longo.
FLECHA DE SOL
A flecha de sol
pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.
NOITE
Luar nos cabelos.
Constelações na memória.
Orvalho no olhar.
SAUDADES
Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades.
REPUXO ILUMINADO
Em líquidos caules,
irisadas flores d'água
cintilam ao sol.
DEPOIS
Será sempre agora.
Viajarei pelas galáxias
universo afora.
ALQUIMIA
Nas mãos inspiradas
nascem antigas palavras
com novo matiz.
JORNADA
Tão longa a jornada!
E a gente cai, de repente,
No abismo do nada.
SEMPRE MADRUGADA
Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada.
RETRATO ANTIGO (1988)
Quem é essa
que me olha
de tão longe,
com olhos que foram meus?
VOZ DA NOITE (1986)
O sol se apaga.
De mansinho,
a sombra cresce.
A voz da noite
diz, baixinho:
esquece... esquece...
A MIRAGEM NO CAMINHO (1978)
Perdeu-se em nada,
caminhou sozinho,
a perseguir um grande sonho louco.
(E a felicidade
era aquele pouco
que desprezou ao longo do caminho).
DOM
Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.
POESIA MÍNIMA
Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.
Curiosidades:
No que diz respeito à forma poética de composição, o haicai, Helena Kolody assimilou muito bem essa forma de poesia.
Segundo a Autora, foi através do Jornal de Letras e da correspondência com a escritora paulista Fanny Dupré, que teve conhecimento da poesia japonesa, em especial o haicai.
A poeta é capaz de síntese perfeita, baseando-se no jogo de palavras e no seu poder de revelação, pois seu texto convida à participação do leitor, com alto grau de comunicabilidade.
Viagem no Espelho, de Helena Kolody, reúne livros publicados pela autora, de 1941 a 1986.
Nessa publicação, encontram-se vários poemas que têm como assunto a própria poesia (metapoesia).
O tempo constitui "a nota mais relevante da obra", no dizer do crítico Antonio Manoel.
É obra representativa da poesia breve, portanto, nela, predominam os poemas curtos.
Cultora do haikai, Helena Kolody tem o poder de transformar sua sabedoria de vida em poemas luminosos, ainda que seus temas possam ser densos e mesmo trágicos: o amor, a morte, o tempo, o envelhecimento, a banalização da vida, a tecnologia destrutiva e a falta de fraternidade entre os seres humanos
Muito briguei eu comigo,
tive raiva,
me insultei.
E, de incontido desgosto,
em meu próprio ombro chorei.
(Eu Comigo – Helena Kolody)
Helena Kolody é a poeta do cotidiano, das realidades simples e comuns, interpretadas por sua sensibilidade e lirismo contagiante e libertador.
Sua poesia, profundamente lírica, com acentos existenciais, transparentes, revela uma construção poética alicerçada a partir das coisas simples e cotidianas.
Nas primeiras obras de Helena percebe-se que a poeta vai se encaminhando cada vez mais para a poesia intimista, confessional e auto-indagadora em que predomina o subjetivismo, a introspecção e o mergulho no mundo interior, no qual o Eu vai se desdobrando em imagens, deixando transparecer uma consciência de mundo projetada na questão pessoal e social.
Todavia, em suas obras posteriores, nota-se que aos poucos seus poemas vão se tornando sintéticos, condensados.
Cumpre destacar que já em sua primeira obra, Paisagem interior, são publicados três haicais: Prisão, Arco-íris e Felicidade, e que segundo Reinoldo Atem, "são os primeiros publicados no Paraná e demonstram sua tendência permanente e contínua para a brevidade reflexiva" (ATEM, 1990: 159).
Em Música submersa (1945), obra seguinte, percebe-se alguns poemas sintéticos, entre eles o haicai Pereira em flor (Viagem no espelho), elogiado por Carlos Drummond de Andrade, que diz ter encontrado com alegria poemas como esse, "em que à expressão mais simples e discreta se alia uma fina intuição dos ‘imponderável' poéticos" (In: Rumo paranaense, 1970: 4). Leia-se o poema:
De grinalda branca,
Toda vestida de luar,
A pereira sonha (p.189).
Haicai
[...]
O haicai é uma forma de poesia japonesa, pequeno poema de três versos, com cinco, sete e cinco sílabas sucessivamente.
Ele evoca uma singela e delicada impressão do mundo, da natureza, do homem, das plantas ou dos animais; às vezes com um refinado toque de lirismo de caráter melancólico ou nostálgico, outras, com um rasgo de ligeiro humor (HUIZINGA, 1990: 138).
[...]
Os poemas de Reika exploram basicamente uma das vertentes temáticas preferidas da poesia de Helena: o poeta diante de si mesmo e da poesia.
Ela é poeta vigorosa que concilia perfeitamente a experiência da subjetividade com a objetividade, ou seja, emoção e razão, atualizando-se pelo nítido espírito de modernidade. Sua linguagem é densa de significação.
Seus versos são repletos de significados, sugestões e imaginação, que resultam numa poesia intelectual e emotiva, marcada pela síntese e pela moderna procura de uma semântica inventiva, instauradora de múltiplos sentidos, preocupada com a estética.
Por essas razões, a poesia kolodyana se legitima, à definição de Octavio Paz: "Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza" (1982:15).
Fontes:
Link para essa postagem
vc deveria escrever mais haicais dela
ResponderExcluirAnih....
ResponderExcluirNão escrevi haicais de Helena Kolody.
As postagens eu trouxe da internet,verifique as fontes no final da spostagens.