Conhecendo Jurandi Assis
Biografia
Jurandi Assis: nome de um homem que vive para a arte. Nascido em 1939, em Santa Maria da Vitória, no interior da Bahia, a arte se manifesta em sua vida, inicialmente sob a forma de desenhos originais que ele, ainda criança, cria com naturalidade.
Conviveu o menino Jurandi com a gente e os costumes baianos, o folclore colorindo sua infância. Ele participa das festas, integra-se no seu meio e sonha com uma arte que revele ao mundo a magia e a beleza de sua terra.
E é com esse sonho que, aos 17 anos, vai para São Paulo.
Nessa cidade, aprimora sua técnica e amplia seus conhecimentos.
Seu caminho na metrópole não é fácil, mas ele conquista aos poucos seu objetivo: a realização dos sonhos de criança.
O menino Jurandi Assis.
Cristóvão J.Z. Wieliczka
A história começa no município de Santa Maria da Vitória, à beira do rio Corrente, no agreste sertão baiano.
Era o ano de 1939, no finalzinho do mês de março, numa tardinha quente, na praça central, na porta do cartório, um imponente e velho sobrado.
Pela janela da sala de entrada via-se o vermelhão do poente, contrastando com o azul do céu que provocava um cenário maravilhoso e um reflexo encantador nas águas aparentemente mansas do rio.
Ao longe, no horizonte distante, os campos e os morros confundiam-se na mistura das cores do dia que ia morrendo.
O sino da igreja matriz em frente ao cartório bateu seis vezes.
Era a hora mágica, a hora da Ave Maria.
Dentro do cartório, um burburinho.
Registrava-se o nascimento de uma criança do sexo masculino.
Era Jurandi Queiros Assis. Filho de família razoavelmente abastada e numerosa. Registrava-se o nascimento de uma criança do sexo masculino.
Descendente de avós espanhóis e pais brasileiros.
O tempo passava e Jurandi saiu do colo da mãe e do berço, aprendeu a andar e aprendeu a falar.
O tempo passava e o menino crescia no meio das tradições, folclore e costumes locais. Era um Brasil rústico, um Brasil distante, um Brasil quase perdido no mundo.
O tempo avançava.
Aos seis anos Jurandi ganhou do seu pai um tinteiro de cristal. Não era um brinquedo, era um tinteiro. Naquela época molhava-se a pena da caneta na tinta para escrever.
Jurandi notou que o tinteiro de cristal produzia feixes de luzes coloridas ao ser exposto à luz do sol. Jurandi se encantou com as cores.
O tempo passava e, como toda criança, Jurandi foi à escola. Jurandi teve seus cadernos, livros, régua, borracha, lápis preto, caixa de lápis de cor e blocos de papel.
Jurandi começou a aprender as coisas, começou a ler, começou a escrever e começou a desenhar.
Jurandi era um menino muito esperto e curioso, e descobriu que aquela cidadezinha à beira do rio, apesar de quase perdida no mundo, era cheia de atrações, cheia de movimento.
Sua própria casa era grande e rodeada por um enorme quintal. Uma verdadeira chácara para os padrões atuais.
Ao seu redor brincavam as crianças da vizinhança soltando pipas. Também trabalhavam e circulavam os vaqueiros, os cavaleiros, os lenhadores, as pilandeiras, enfim, gente do campo.
Jurandi depois da escola ficava às vezes na varanda da cozinha da sua casa por horas vendo e desenhando as crianças a brincar. Com lápis e papel na mão, Jurandi traçava suas linhas. Linhas retas, linhas curvas, traços fortes, traços fracos. Sombras.
Pronto, mais um desenho estava pronto: Meninos soltando pipas.
Jurandi guardava seus desenhos numa grande pasta amarela, presente de sua avó.
O tempo passava.
Dia após dia, de segunda à sexta-feira, Jurandi ia à escola. Jurandi estudava.
Jurandi desenhava.
Jurandi brincava, mas também observava tudo o que acontecia.
Havia freqüentemente nas tardes um vai e vem de animais e carros de boi passando pela cidade.
No rio Corrente transitavam os pescadores com seus barcos ostentando imponentes carrancas do mestre Guarany.(*)
De manhãzinha viam-se as lavadeiras na beira do rio, e à noitinha homens com baldes iam buscar água.
Barco novo atracado no cais era curiosidade geral. Toda cidade ia ver.
A cidadezinha estava sempre em movimento. Por todos os cantos havia gente, adultos e crianças.
Na pracinha as crianças costumavam jogar bola.
Na ladeira, ao lado de sua casa, um grupinho vivia a correr atrás de aros.
Na beira do rio uma turminha jogava bolinha de gude e brincava com as jandaias.
Nas ruas, as baianas com seus tabuleiros vendiam doces, flores e frutas.
Pelos bares da cidade, músicos tocavam e cantavam.
Nos armazéns homens e mulheres compravam e vendiam.
Um homem com um realejo e uma jandaia aparecia a cada dia numa outra esquina.
Aos domingos surgiam dos arredores os violeiros e o padre rezava a santa missa na igrejinha matriz.
Quando era festa de dia-santo ou alguém morria, lá se iam as infindáveis procissões, ora em torno da praça central, ora direto para o cemitério.
Vez ou outra passava pela cidade um grupo de retirantes dirigindo-se para o sul. Todo mundo ficava olhando e pensando qual seria o destino deles.
Pois é, movimento era que não faltava.
Jurandi desenhava todas essas figuras.
Às vezes, como já foi dito, Jurandi ficava na varanda da sua casa desenhando, outras vezes saia a desenhar pela cidade, ora na beira do rio Corrente, ora no campo, longe de casa, levando sempre consigo seu material de desenho.
Lápis, borracha, papel e prancheta.
O tempo passava.
E ano após ano que passava, Jurandi estudava e desenhava.
Todos na cidade gostavam e pediam seus desenhos.
Jurandi passou a ficar famoso numa cidadezinha muito pequena.
Num certo momento, despertou em Jurandi a vocação para ser artista.
Jurandi cresceu.
Jurandi estava moço quando descobriu que, para realizar o seu sonho de ser artista, não podia mais ficar em Santa Maria da Vitória, pois a cidadezinha era pequena demais.
Jurandi tomou uma decisão. Ir para São Paulo. Um novo mundo. Uma grande aventura de vida o esperava.
Jurandi aos dezessete anos saiu de sua cidade natal, deixando todos os parentes e amigos de infância.
Na viagem de muitas peripécias Jurandi levou pouca bagagem, muita saudade e imagens na memória.
Imagens dos vaqueiros, dos cavaleiros, dos lenhadores, das pilandeiras, da gente do campo, das lavadeiras, dos pescadores, dos barcos, das carrancas do rio Corrente, dos meninos soltando pipas, dos meninos correndo atrás dos aros, dos meninos jogando bola, das crianças jogando bolinha de gude e brincando com as jandaias, das floristas, das baianas com seus tabuleiros vendendo doces e frutas, do homem do realejo, das cenas de carnaval, dos retirantes, do bumba-meu-boi, dos violeiros, das tradições. Enfim, imagens de tudo o que vira e vivera até então.
Era o ano de 1956 quando Jurandi chegou em São Paulo.
Um susto. O tamanho da cidade.
Em São Paulo Jurandi se hospedou numa pensão perto do centro.
Saia a toda hora para conhecer a cidade e à procura do seu primeiro emprego. Finalmente achou, começou como office boy. Depois foi balconista e em seguida auxiliar de escritório.
Sempre desenhando nas horas de folga as imagens que lhe ficaram na memória.
Fez novos relacionamentos e através de um amigo engajou-se numa empresa para ser desenhista.
Nessa empresa progrediu e também foi se profissionalizando.
Uma novidade. Jurandi, agora, além de desenhar começou a pintar. Não mais somente lápis e papel faziam parte da sua vida, mas também as tintas, as telas, os cavaletes e os pincéis.
Como homem comum, nada lhe foi muito diferente na vida.
Jurandi trabalhava.
Jurandi namorou e casou. Jurandi teve filhos. Jurandi comprou sua casa.
E no meio de tudo isso, persistia sempre em desenhar e pintar suas floristas, suas baianas e demais personagens que guardava na memória, lembranças da sua distante Bahia.
O tempo avançava.
Jurandi trabalhava dia após dia.
Na década de 1970, Jurandi estreou como artista e iniciou a sua jornada de exposições. Suas obras passaram a ser expostas em importantes galerias e espaços culturais.
Na década de 1980, o leiloeiro Mauro Zuckerman adquiriu de Jurandi centenas de telas. Foi aí que Jurandi Assis ficou conhecido e suas obras foram parar nos quatro cantos do mundo.
Na década de 1990 Jurandi resolveu escrever um livro contando um pouco sobre a sua vida.
Dia e noite, noite e dia, estava lá Jurandi, trabalhando, desenhando, pintando e escrevendo.
Finalmente o livro ficou pronto. Um bonito livro, com muitos desenhos e pinturas.
O livro teve o ensaio crítico de Jacob Klintowicz e levou o título de O inventário do cotidiano.
Foi lançado no ano de 2000, na Casa da Fazenda, no Morumbi, em São Paulo.
Em setembro de 2002 Jurandi conheceu por acaso e muito rapidamente, numa loja, na rua Padre José de Anchieta, quase esquina da rua Antônio Bento, em Santo Amaro, um moço chamado Cristóvão.
Por coincidência, Cristóvão, no Natal daquele ano, recebera de presente, das mãos de Adozinda Kuhlmann, sua conhecida de muitos anos e ilustre santamarense, o livro de Jurandi Assis, O inventário do cotidiano.
Cristóvão se encantou com o livro. Adozinda disse que era amiga de Jurandi, razão do presente de natal.
Quanta coincidência.
Cristóvão disse a ela que conhecera Jurandi havia pouco tempo, e como ela o conhecia, perguntou-lhe onde ele morava. Quando Adozinda respondeu, Cristóvão descobriu que Jurandi morava muito perto. Todos moravam em Santo Amaro.
Dias depois Cristóvão tomou uma decisão, foi visitá-lo.
Numa manhã de janeiro, na sala da casa de Jurandi, os dois passaram um bom tempo conversando.
Conversaram sobre muitas coisas como o encontro na loja, a infância de Jurandi em Santa Maria da Vitória, o mestre Guarany. Conversaram sobre São Paulo e sobre arte.
Conversaram também sobre o passado do bairro de Santo Amaro, Santo Amaro do poeta Paulo Eiró, Santo Amaro do artista Júlio Guerra, Santo Amaro do historiador Edmundo Zenha. Um Santo Amaro que já não existe mais. Hoje são somente lembranças.
Ao termino do encontro, Jurandi e Cristóvão começaram a ficar muito amigos e, na despedida, Cristóvão perguntou para Jurandi o que ele ia fazer.
Jurandi respondeu:
– Vou pintar um quadro, e você?
Cristóvão respondeu:
– Vou escrever um livro.
– Então, quando estiver pronto você me mostra, disse Jurandi.
Tempos depois...
– Taí Jurandi. Taí criançada. Vocês acabaram de ler.
Vejam mais aqui
O vapor
A aventura do saber
Atividades variadas
Neste link acima , tem referências à obras de artes deste artista entre outros.
È um livro nível 2º ano, com atividades sobre identidade, bairro, quem sou, minha escola,etc.
Meu corpo: mapeando-o, moradia, minha rua, entre outros assuntos interessantes de linguagem mais geografia. Maquete de escola ( interessante )
Aulas geográficas com leituras informativas, esta é a dica para sair da rotininha de aulas de "português ".
Atividade relacionada ao artista Jurandi Assis:
Vejam na página 24 , a unidade: Representando meu corpo e meu mundo :
" Podemos represetar os objetos e elementos que nos cercam de diversas maneiras. Podem ser pintados,desenhados, fotografados, descritos,cantados.
Muiats vezes este lugares represnetados são importantes, pois registram características que permanecem ou que mudaram com o decorrer do tempo.
Falando de arte:
Existem pessoas que representam pessoas diferentes e com características variadas, como é o caso da obra Tabuleiro da baiana de Jurandi Assis. "
Carros de boi
Mulheres com feixe de lenha
O potro
Vejam mais aqui
Florista
Quebra cabeças com obras do artista aqui:http://www.arteducacao.pro.br/artistabrasil/JurandiAssis/jurandiassis.htm
Link para essa postagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e retornarei assim que for possível.
Obrigada pela visita e volte mais vezes!
Linguagem não se responsabilliza por ANÔNIMOS que aqui deixam suas mensagens com links duvidosos. Verifiquem a procedência do comentário!
Nosso idioma oficial é a LINGUA PORTUGUESA, atenção aos truques de virus.
O blogger mudou sua interface em 08/2020. Peço desculpas se não conseguir ainda ler seu comentário.