Este livro de poesias é o resultado da união de dois artistas ''maluquinhos''; o poeta Manoel de Barros e o desenhista Ziraldo.
O autor conta como descobriu o amor e revela seus últimos inventos, entre eles ''uma manivela para pegar no sono'' e ''um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas''.
O fazedor de amanhecer - Manoel de Barros
Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas
prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Tenho desapetite para inventar coisas
prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Sugestão de atividades
AQUI
Poeminha em língua de brincar
Ele tinha no rosto um sonho de ave extraviada.
Falava em língua de ave e de criança.
Sentia mais prazer de brincar com as palavras do que de pensar com elas.
Dispensava pensar.
Quando ia em progresso para árvore queria florear.
Gostava mais de fazer floreios com as palavras do que de fazer ideias com elas.
Aprendera no Circo, há idos, que a palavra tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria de rir.
Contou para a turma da roda que certa rã saltara sobre uma frase dele
E que a frase nem arriou.
Decerto não arriou porque tinha nenhuma palavra podre nela.
Nisso que o menino contava a estória da rã na frase
Entrou uma Dona de nome Lógica da Razão.
A Dona usava bengala e salto alto.
De ouvir o conto da rã na frase a Dona falou:
Isso é Língua de brincar e é idiotice de criança
Pois frases são letras sonhadas, não têm peso, nem consistência de corda para aguentar uma rã em cima dela
Isso é língua de raiz – continuou
É língua de Faz-de-conta
É língua de brincar!
Mas o garoto que tinha no rosto um sonho de ave extraviada
Também tinha por sestro jogar pedrinhas no bom senso.
E jogava pedrinhas:
Disse que ainda hoje vira a nossa Tarde sentada sobre uma lata ao modo que um bentevi sentado na telha.
Logo entrou a Dona Lógica da Razão e bosteou:
Mas lata não aguenta uma Tarde em cima dela, e ademais a lata não tem espaço para caber uma Tarde nela!
Isso é língua de brincar
É coisa-nada.
O menino sentenciou:Se o Nada desaparecer a poesia acaba.E se internou na própria casca ao jeito que o jabuti se interna.
AQUI
Falava em língua de ave e de criança.
Sentia mais prazer de brincar com as palavras do que de pensar com elas.
Dispensava pensar.
Quando ia em progresso para árvore queria florear.
Gostava mais de fazer floreios com as palavras do que de fazer ideias com elas.
Aprendera no Circo, há idos, que a palavra tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria de rir.
Contou para a turma da roda que certa rã saltara sobre uma frase dele
E que a frase nem arriou.
Decerto não arriou porque tinha nenhuma palavra podre nela.
Nisso que o menino contava a estória da rã na frase
Entrou uma Dona de nome Lógica da Razão.
A Dona usava bengala e salto alto.
De ouvir o conto da rã na frase a Dona falou:
Isso é Língua de brincar e é idiotice de criança
Pois frases são letras sonhadas, não têm peso, nem consistência de corda para aguentar uma rã em cima dela
Isso é língua de raiz – continuou
É língua de Faz-de-conta
É língua de brincar!
Mas o garoto que tinha no rosto um sonho de ave extraviada
Também tinha por sestro jogar pedrinhas no bom senso.
E jogava pedrinhas:
Disse que ainda hoje vira a nossa Tarde sentada sobre uma lata ao modo que um bentevi sentado na telha.
Logo entrou a Dona Lógica da Razão e bosteou:
Mas lata não aguenta uma Tarde em cima dela, e ademais a lata não tem espaço para caber uma Tarde nela!
Isso é língua de brincar
É coisa-nada.
O menino sentenciou:Se o Nada desaparecer a poesia acaba.E se internou na própria casca ao jeito que o jabuti se interna.
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