IDA E VOLTA
Ida e Volta, de Juarez Machado – Uma estrutura fixa representa o box de um banheiro (no livro, o personagem começa e termina a história no banho) de onde saem pegadas que percorrem todo o espaço Homenagem. Elementos vão sendo agregados para sinalizar o percurso do personagem.
Ida e Volta foi o primeiro livro de imagem brasileiro, publicado pelo joinvillense Juarez Machado. O mesmo foi publicado em 1968, no entanto não conseguiu espaço no mercado editorial. Somente após ter sido lançado e reconhecido no mercado editorial europeu na Itália, Holanda e Alemanha, o mesmo foi relançado e valorizado no Brasil em 1976, pela Editora Primor. O primeiro livro de imagens brasileiro, é catarinense.
Explorando o livro:
A capa dá início à narrativa, ao mostrar as pegadas e um chuveiro com a cortina aberta. Na capa estão indicadas as palavras que dão nome ao livro e as informações de editora e do prêmio de melhor livro de imagem escolhido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
A capa e a contracapa proporcionam o início, o fim e o reinício da narrativa, já que a contracapa mostra as pegadas verdes indo em direção ao chuveiro com a cortina fechada e água ligada, e a capa traz o chuveiro desligado com a cortina aberta e as pegadas na cor azul se movendo para outro lugar.
A folha de rosto pode-se observar que as pegadas ainda continuam o caminho, movendo-se para a direita, como se alguém estivesse se movimento, se locomovendo de um lugar a outro.
A próxima cena mostra as pegadas azuis, e o personagem escolhe dentre as roupas, sapatos e acessórios que estão dentro do guarda roupa. Pela mudança das pegadas, pode-se saber, que o pé que antes estava descalço, agora vestiu um sapato e continuou sua caminhada. Pela forma das pegadas que seguem, não se pode saber o traje escolhido pelo personagem, mas sabe-se da ação pelo cabide vazio que ficou pendurado no guarda roupa.
Na cena seguinte, as pegadas se dirigem a uma mesa mostrando que o personagem se alimentou, sentando na cadeira perto da mesa, a cadeira foi movimentada, percebe-se isso pela posição das pegadas embaixo da mesa, e as migalhas do pão que ficaram no prato, mostram que o personagem comeu.
Na xícara ficou um resto de café e o guardanapo está bagunçado em cima da mesa. As pegadas continuam a página.
Na sequência, a próxima cena apresenta um gramofone e pelo movimento das pegadas, pode-se perceber que o personagem dançou ao ligar o gramofone, ao som da música que o aparelho produziu. As pegadas estão cerdas de linhas pontilhadas, que indicam o movimento.
Para a próxima cena surge um cabide de chapéus, percebe-se as pegadas que continuam indicando um caminho à direita, sabe-se que o personagem escolheu um dos chapéus do cabide, pelo fato de haver um dos ganchos vazios.
A próxima cena mostra o lado externo da casa, ao sair de casa, o personagem desceu os degraus e pegou uma maçã da árvore perto da porta, isso pode ser percebido pelas folhas que caíram do galho, indicando movimento, as pegadas no chão também mostram que o personagem se colocou perto da macieira antes de continuar caminhando.
As pegadas pretas estão também na próxima cena, existe a confirmação de que o personagem pegou a maçã na árvore, pois há uma fruta mordida dentro da lixeira da rua, no caminho, o personagem encontra um animal, os detalhes das pequenas pegadas indicam isso, o animal segue o mesmo caminho do personagem, já que suas pegadas seguem a mesma direção das pegadas do personagem.
Na cena seguinte existe a comprovação de que as pegadas pequenas eram mesmo de um animal, pois existe a presença da poça amarela perto do poste, o que indica que esse animal é um cachorro.
Depois de contornar o poste, as pegadas ainda seguem juntas.
As pegadas pequenas somem dentro de uma casinha de animal colorida, com desenhos de nuvens, estrelas, arco íris e flores, e um pequeno pote de comida do lado da casinha. As pegadas grandes de cor preta ainda continuam aparecendo nesta cena.
Comprova-se a presença de um cachorro. As pegadas somem na entrada da casinha, indicando que o cachorro ficou por ali.
Agora a cena mostra uma prateleira de vasos de flores, as pegadas do personagem seguem sozinhas e ele encontra um vendedor de flores. Nesta banca de flores, o personagem compra um dos vasos, isto se percebe, porque na prateleira dos vasos, falta um. E as pegadas indicam que o personagem parou na frente das flores.
Na cena que se segue, novamente surge uma figura humana, as pegadas do personagem se colocam na frente de uma senhora, e esta segura um vaso semelhante àqueles da cena anterior, sinal que mostra que o personagem entregou o vaso à ela. As pegadas continuam seguindo à direita.
Na mesma parede de concreto, agora aparece uma porta aberta de madeira com detalhes em ferro e algumas pequenas pegadas de sapato acompanham as pegadas grandes existentes nas outras cenas. Esta cena mostra que um novo personagem de pegadas pequenas saiu da porta que está aberta e acompanhou o personagem do livro na mesma direção.
Na próxima cena, as pegadas, grandes e pequenas se cruzam, as pegadas pequenas mostram o personagem que está com pernas de pau, e a placa pendurada em seu pescoço mostra que é um artista de circo. As pegadas do personagem e do artista se cruzam durante o trajeto, o personagem continua sua caminhada.
Seguindo, a próxima cena mostra um gramado e várias pegadas que se misturam mostrando que o personagem passou pelo mesmo lugar muitas vezes, e chutou a bola contra a janela, que se quebrou, a bola e os cacos de vidro estão próximos.
Na sequência, as pegadas entram em uma porta, as pegadas do personagem indicam que ele entrou em uma loja de bicicletas e saiu de lá com uma bicicleta, pois a sequência do caminho mostra as linhas que indicam um pequeno pneu.
A próxima cena mostra uma rua de descida e a estrada está mostrando que o personagem está descendo uma ladeira com a bicicleta, e que no lugar onde está, existe praia, pois ao fundo da figura pode-se ver o mar e um barco. Na descida percebe-se um pequeno descontrole da bicicleta, pois as linhas que antes estavam retas, agora estão sinuosas.
Na última cena do livro, pode-se ver que o personagem acabou manchando um painel que estava sendo pintado, pois sua bicicleta está estragada e a escada quebrada. As tintas estão viradas e espalhadas pelo chão, especialmente a tinta verde. O personagem pisa na tinta com seu sapato, larga o sapato no chão e sai descalço, deixando no chão pegadas verdes. Esta cena leva á contracapa do livro, na qual as pegadas verdes direcionam o personagem ao chuveiro.
Durante toda a narrativa, o personagem se desloca de um lugar a outro, isso é demonstrado pelas pegadas sempre na mesma direção e pela virada de páginas, com as mudanças de ambientes. Em todas as cenas as pegadas se deslocam para a direita, indicando os lugares de parada do personagem pela mudança na posição das pegadas.
Todas as cenas mostram indícios de passagem e de movimento, como as migalhas no prato, a dança ou as folhas caindo da macieira.
Durante todo o tempo, existe a interação do personagem com outros elementos de narrativa, e com outros personagens: o cachorro, o vendedor de flores, a senhora, o artista do circo, e há indícios de que ainda existem ainda outros personagem que não aparecem nas ilustrações, mas sabe-se da existência deles, como o vendedor da loja de bicicletas, ou o pintor da placa do circo.
O fundo branco, presente em todas as cenas, destaca as cores vivas utilizadas nas ilustrações. E todas as imagens apresentam um mesmo enquadramento, as cenas vistas de frente em diferentes ambientes com paisagens de fundo que mostram lugares diferentes um do outro, em cada cena, o personagem está em outro ambiente, o que evidencia o movimento do personagem e da narrativa.
A narrativa traz muitas possibilidades de construção de ideia de personagem, já que pelas indicações nas cenas, não se pode saber com certeza, que tipo de roupa está vestindo, ou sapato está usando, se é homem ou mulher, sabe-se somente que gosta de esportes, pelos artigos presentes no guarda roupa.
Todas as cenas são seqüenciais, a história se conta pelo virar de páginas. Todas as imagens vão deixando sinais ao leitor, que já imagina o que virá a seguir. A expressão é quase unicamente visual, somente em duas cenas aparecem palavras indicando a presença de um circo.
O enredo da narrativa só acaba quando o começo é retomado. Na última cena, o leitor volta ao início, e novos significados podem ser inseridos a uma nova leitura.
Por ser uma história não linear, só se saberá do final da história no quando se chegar à última imagem do livro, assim a compreensão da narrativa se dará no decorrer da leitura.
Trilha sonora do livro
Livro aqui:
http://bibliomcmarioquintana.blogspot.com.br/p/historias-em-lamina.html
Vejam mais títulos aqui:
http://linguagemeafins.blogspot.com.br/2013/03/estimulos-literarios-atraves-de-imagens.html
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Querida amiga
ResponderExcluirPela resenha
e trilha que visitei,
penso que este livro
está naquele
grupo de livros
que encantam vidas.
Que haja em ti sempre
um sorriso,
para enfeitar de beleza a vida.