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Nele pretendo postar comentários e apreciações de materiais didáticos de Língua Portuguesa, além de outros assuntos pertinentes, experiências em sala de aula, enfocando a interdisciplinaridade e tudo que for de bom para nossos alunos.
Se você leu, experimentou, constatou a praticidade de algum material e deseja compartilhar comigo,
esteja à vontade para entrar em contato.
Terei satisfação em divulgar juntamente com seu blog, ou se você não tiver um, este espaço estará disponível dentro de seu contexto.
Naturalmente, assim estaremos contribuindo com as(os) colegas que vêm em busca de sugestões práticas.
Estarei atenta quanto aos direitos autorais e se por ventura falhar em algo, por favor me avise para que eu repare os devidos créditos.
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Krika.
30/06/2009

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segunda-feira, julho 11, 2011

Filme na aula de história> 11/07/11


Filme na aula de História:
diversão ou hora de aprender?


O cinema aproxima os alunos de situações, pessoas, cenários e sons do passado e do presente.
Mas é preciso saber explorar esse importante recurso pedagógico para que a aula não seja simplesmente uma sessão pipoca e caia no vazio.
Roberta Bencini

Manhã de 12 de outubro de 1492.
Depois de dias navegando em alto-mar, as naus de Cristóvão Colombo chegam às terras americanas.
A expressão no rosto dos marinheiros é marcante: alegria, euforia e alívio se misturam com suor e cansaço.
Bandeiras amarelas e vermelhas - as cores da coroa espanhola - são asteadas e balançam ao vento, enquanto os homens se jogam na praia.
Colombo, exausto, pisa triunfante na areia até cair de joelhos, e olha para o céu. A trilha sonora arrepia e completa a cena épica.

Qual a diferença entre uma aula de História que utiliza o filme 1492 - A Conquista do Paraíso, do diretor inglês Ridley Scott, para tratar do descobrimento da América e outra que descreve o fato apenas de forma expositiva?

A primeira opção é muito mais interessante para os alunos, mas a garantia de que eles aprenderão o conteúdo depende da maneira como o professor aproveita o filme.
A exibição de filmes em classe pode ser um momento de crítica e aprofundamento do tema ou uma simples sessão da tarde, pura diversão para a turma.
"As imagens não podem ser utilizadas como ilustração de uma aula e muito menos substituir o discurso do professor.
Quando isso acontece, a informação cai no vazio, os alunos não aprendem nada e se perde uma oportunidade maravilhosa de ensinar", afirma Gerson Egas Severo, professor de História da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), de Erechim (RS).

Não se trata de pôr em segundo plano a leitura e a escrita, mas de incorporar um meio que facilita muito a aprendizagem e coloca o aluno em contato com uma nova maneira de pensar e entender a história.

Cinema só têm sentido no ensino com a intervenção do professor

A imagem é hoje um dos mais importantes meios de comunicação e é inegável que a tecnologia vem provocando alterações nas formas de pensamento e de expressão.
 Basta pensar na influência da TV na vida atual.
Nas décadas de 1950 e 1960, o pensador Célestin Freinet (1896-1966) já discutia a necessidade de o professor reconhecer e utilizar esses recursos:
"A desordem cultural persistirá enquanto a escola pretender educar as crianças com instrumentos e sistemas que tiveram validade há 50 anos. (...) Subsistirão as lições, os braços cruzados, as memorizações, enquanto fora da escola haverá uma avalanche de imagens e de cinema".

Para o professor Severo, que estudou o potencial educativo dos filmes, é primordial aproveitar os meios visuais — marca do século 20 — para dar sentido aos conteúdos de História.
 "Nenhuma imagem fala por si só. Para que ela seja realmente útil na aprendizagem, é essencial a intervenção do professor", explica.
Isso vale não só para o cinema mas também para a TV e os computadores.
O professor de História Alex Rufino tem consciência da importância de educar os alunos na linguagem audiovisual, enquanto explora os conteúdos de História.
Lecionando na periferia, na Escola Estadual Presidente Médice, em Cuiabá, percebeu que seus alunos tinham pouca oportunidade de ir ao cinema.
Há quatro anos, o professor teve a idéia de implantar o projeto Cinescola para resolver essa carência e melhorar o desempenho dos alunos de 8ª série e Ensino Médio em sua disciplina.
Mas não foi fácil, pois a escola só tinha uma TV e um videocassete antigos.
Alex conseguiu a parceria da secretaria de educação do Mato Grosso, que cedeu um telão, e o apoio de locadoras para não ter custo no aluguel das fitas.
A exibição dos filmes acontecia sempre aos finais de semana para toda a comunidade.
Um dos resultados do projeto foi a diminuição da violência na escola.
 "É um trabalho duro, mas muito compensador. Os alunos passaram a assistir aos filmes com outros olhos e a aprendizagem deu um salto. Eles gostam de História!", explica. Em 2003, o Cinescola ganhou prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como experiência inovadora em educação.

Se um filme fosse feito pelos índios, Colombo seria herói ou vilão?

Será que a chegada de Cristóvão Colombo às terras americanas foi asssim tão triunfal, como conta o filme do diretor Ridley Scott?
Quantos homens, de fato, participaram dessa expedição marítima?
Será verdade que Colombo teve um relacionamento íntimo com a rainha Isabel da Espanha, como sugere essa história?
O lugar em que foram rodadas as cenas é o mesmo onde aportou o aventureiro?
O primeiro ponto a se levantar em uma aula de História é que tanto os filmes quanto os documentos são representações da realidade.
O filme é uma visão particular do roteirista e do diretor, que se baseiam em fatos históricos.
Para isso, selecionaram e interpretaram as informações que quiseram.
O mesmo se dá na escolha e edição das cenas.
Os sons e as imagens têm exatamente essa finalidade — criar a sensação de que estamos assistindo algo verdadeiro.
Basta imaginar como seria uma grande produção cinematográfica do ponto de vista dos índios.

Colombo seria retratado como herói ou vilão?
"Mesmo não tendo comprometimento com a realidade, um filme de ficção pode refletir de forma imediata a mentalidade de um povo, seus valores e comportamentos", explica Antônio Reis Júnior, professor de História e coordenador do projeto de cinema e educação da organização não-governamental (ONG) Ação Educativa, em São Paulo.
O mesmo acontece com os documentários, um gênero perfeito para as aulas de História de turmas de 5ª a 8ª série.
Apesar de parecerem mais fiéis à realidade, os documentários também merecem a mesma análise crítica dos filmes de ficção.

O professor dá uma dica: os curta-metragens são os mais indicados para utilizar em sala de aula devido ao tempo de exibição.
O problema é que eles nem sempre estão disponíveis nas lojas.
Vale uma pesquisa na locadora mais próxima!

Como aproveitar as fitas no ensino e melhorar o desempenho dos alunos

Há tempos a professora de História Maria Aparecida Pinho Cabral de Medeiros, do Colégio Augusto Laranja, em São Paulo, tem um olhar crítico e atento às possibilidades de uso dos filmes. No ano passado, durante um trimestre, o tema de suas aulas na 7ª série foi a Idade Média.
Para começar, Cida, como é conhecida na escola, utilizou o quadro-negro e seus conhecimentos teóricos sobre o assunto para explicar esse período.
Mas era preciso uma estratégia de ensino para aumentar o interesse da turma pelas aulas.
Os estudantes pesquisaram na internet, mas ao assistir ao filme de aventura Coração de Cavaleiro, de Brian Helgeland, conheceram mais a fundo como se davam as relações entre o clero, a nobreza e os camponeses.
"Os alunos ficaram impressionados com os trajes medievais e descobriram a dureza da vida naquela época. Essa impressão e esse conhecimento só são possíveis com o cinema", conta Cida. Para exibir o filme, que tem 132 minutos, foi preciso que outros professores cedessem suas aulas para a professora.
Mas o projeto não parou por aí. Leitura e produção de textos foram explorados em Língua Portuguesa quando os alunos tiveram que produzir contos de cavalaria.
Será que um nobre poderia se casar com uma camponesa?
Por quê?
O que aconteceria com um cavaleiro que discutisse com um padre?
Essas questões foram levantadas e pesquisadas em livros para a construção das histórias.

Um filme deve ser exibido na íntegra ou em algumas partes que interessem à aula?

Para Flávio Trovão, professor de História da Faculdades do Brasil (UniBrasil), em Curitiba, um filme não precisa ser passado na íntegra para a classe, apenas quando os alunos pedem.
"Há o risco de o professor gastar mais de uma aula com a exibição e o aluno não entender aonde ele queria chegar", conta o professor.
Trovão, que tem experiência no Ensino Fundamental, seleciona as cenas mais importantes para o conteúdo que está trabalhando e outras vezes parte do filme para iniciar uma discussão ou um tema novo.
Antes da exibição, distribui um roteiro de perguntas que serve para orientar os alunos.
Do que trata o filme?
Onde se desenvolve a maior parte das cenas?
Que cenas mostram conflitos?
Qual a mensagem?

Veja algumas dicas de Trovão para preparar a aula:

● Assista ao filme mais de uma vez e veja se é preciso passá-lo na íntegra ou apenas partes selecionadas.
● Observe se existem cenas desapropriadas para a faixa etária dos alunos.
● Deixe claro para a turma que o filme representa um episódio histórico, mas não é a realidade.
● Prepare um roteiro de perguntas e alerte os alunos para perceberem os conflitos, o tema e personagens.
● Deixe claro que o filme na escola é um recurso didático e uma forma de conhecimento, e não mero entretenimento ou uma maneira de "matar a aula".

O cinema no ensino pode ser usado para:

● Iniciar a discussão de um assunto ainda não abordado. Lance uma questão a ser investigada.
● Desenvolver o conteúdo. O aluno deverá perceber o contexto histórico a que o filme se refere, o que ele está mostrando, que fenômenos e fatos são retratados.
Nesse caso, o aluno já possui referências sobre o tema.
Em ambas situações, explore a estrutura narrativa e como ela foi desenvolvida no filme.

Professores fazem seu próprio filme para contar a história do bairro

Quando o assunto é história do Brasil, o cinema produzido no país pode representar melhor que qualquer outro a sociedade e a cultura.
 É isso o que defende a Ação Educativa, que há quatro anos desenvolve acervos de videoteca em escolas da zona leste de São Paulo e cursos de leitura do audiovisual.
"O professor precisa valorizar seu papel para utilizar corretamente o cinema. Ele não pode ser um coadjuvante", afirma Alexandre Kishimoto, um dos coordenadores do trabalho.
Inês Silva dos Santos e Josafá Pereira da Silva, professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonio Carlos de Andrada e Silva, aproveitaram a oportunidade e viraram cineastas.
 Com câmeras, luzes e microfone em punho (a ONG disponibiliza o material), saíram pelas ruas de São Miguel Paulista em busca de ex-funcionários de uma antiga fábrica do bairro.
Hoje, metade dela está desativada e sob escombros, mas na memória dos moradores as imagens do movimento dos trabalhadores no entra-e-sai da fábrica ainda existe.
Zita Carlos da Silva, ex-funcionária da empresa, hoje vive do comércio informal, mas não esquece dos benefícios quando tinha carteira assinada.
Ela nunca mais conseguiu um emprego.
"A idéia é contar uma história que não passa nas telas do cinema, mas que faz parte da vida dos alunos. Muitos pais têm a mesma trajetória de Zita", explica o professor e idealizador do filme.
Mais que recurso para a aprendizagem, o filme Quimo-Memória denuncia a destruição da arquitetura e da memória fabril de São Paulo.
O trabalho ainda não está finalizado, mas em breve será material didático para explorar temas como industrialização, urbanização, movimentos migratórios e Segunda Guerra Mundial.
 Isso mesmo, Segunda Guerra Mundial!
Um dos entrevistados pelos professores revelou que a antiga indústria produzia pólvora nas décadas de 1930 e 1940, contribuindo para o conflito mundial.
Logo, os alunos terão acesso aos movimentos históricos de sua comunidade, poderão entender mais facilmente as tramas e os fatos que compõem o passado e o presente e, principalmente, se enxergar como agentes da história pelas lentes de seus professores.

OS 10 melhores filmes para explorar os conteúdos de História de 5ª a 8ª série

1492 — A CONQUISTA DO PARAÍSO (1492 — Conquest of Paradise), Estados Unidos, 1992, 154 min., direção de Ridley Scott, Paramount Pictures.

Conteúdos: grandes navegações; Inquisição; descobrimento da América.

DESMUNDO, Brasil, 2003, 101 min., direção de Alain Fresnot, Columbia Filmes.

Conteúdos: Brasil-Colônia; escravidão indígena, sociedade colonial.

CARLOTA JOAQUINA — PRINCESA DO BRAZIL, Brasil, 1995, 100 min., direção de Carla Camuratti, Europa Vídeo.

Conteúdos: a vinda da família real portuguesa para o Brasil; guerras napoleônicas; o período que antecede a independência.

FORREST GUMP, EUA, 1994, 142 min., direção de Robert Zemeckis, Paramount Filmes.

Conteúdos: história dos Estados Unidos dos anos 1960 e 1970; movimento hippie; guerra do Vietnã; caso Watergate; racismo; aids.

GUERRA DO FOGO (La Guerre du Feu), França, 1981, direção de Jean-Jacques Annaud, Fox Home Vídeo.

Conteúdos: pré-história, descobrimento da tecnologia do fogo; origem da linguagem humana.

O DESCOBRIMENTO DO BRASIL, Brasil, 1937, direção de Humberto Mauro, 90 min., D.F.B. (Distribuidora de Filmes Brasileiros).

Conteúdos: descoberta do Brasil; o processo de expansão marítima e comercial portuguesa nos séculos 15 e 16.

TEMPOS MODERNOS (Modern Times), Estados Unidos, 1936, 87 min., direção de Charles Chaplin, United Artists.

Conteúdos: fordismo; revolução industrial; movimento proletário; industrialização e urbanização.

O NOME DA ROSA (Der Name der Rose), Itália, França, Alemanha, 1986, 130 min., direção de Jean-Jacques Annaud, Flashstar Filmes.

Conteúdos: Igreja medieval; Inquisição; indulgências; filosofia medieval agostiniana e tomista.

ILHA DAS FLORES, Brasil, 1989, 13 min., direção de Jorge Furtado, documentário (o filme está disponível para download no site www.portacurtas.com.br).

Conteúdos: globalização; capitalismo; injustiça social, consumismo.

O VELHO — A HISTÓRIA DE LUIS CARLOS PRESTES, Brasil, 1997, 105 min., direção de Toni Venturi, documentário, Versátil Home Vídeo.

Conteúdos: movimento comunista brasileiro; Coluna Prestes; trajetória dos partidos de esquerda.

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